agosto 2014
D S T Q Q S S
 12
3456789
10111213141516
17181920212223
24252627282930
31  


“A SINA DE UM BOIADEIRO”

O conquistense e amigo Edivaldo Fagundes do Nascimento, um grande incentivador da cultura popular nordestina, que mora em Brasília lá no planalto do poder, mas sempre está visitando a terra natal, nos conta esta história real que ocorreu entre os anos de 1960 a 1962. Ele é o próprio autor destes versos, feitos em homenagem à memória de Enestino e seu pai Manuel:

Seu moço, vou te contar

Um fato que aconteceu

Há muitos anos atrás

No sertão da Bahia

E também Minas Gerais.

 

Um caboclo muito forte

E metido a valetão

Nasceu em Vitória da Conquista

E logo se tornou peão

Pois sabia lidar com gado

No cavalo ele era bom.

 

Seu nome era Enestino

Homem de fibra e coragem

Duma briga não corria

No muque ninguém ganhava

Derrubar peão ou patrão

Para ele não importava.

 

Quando pegava uma boiada

Atravessava o sertão

Entregava todo gado

Sem faltar um para o patrão

Voltava feliz da vida

Com o dinheiro na mão.

 

Ele era filho de Manuel Pepe

Homem honesto e honrado

Tropeiro de profissão

Também trabalhava no roçado

Plantando melancia, milho,

Arroz e feijão.

 

Manuel Pepe, era um homem

Simples, calado, não gostava

De briga não

Festa era sua emoção

Mas sabia respeitar

A sexta-feira da paixão.

 

Manuel Pepe pai de Enestino

Tinha um burrinho de estimação

Quando ia pro roçado ou tropear

Carregava seu binga com pacotinho de fumo

No seu borná de mão.

 

Manuel Pepe, não teve sorte não

Casou com duas mulheres

Delmira e Carolina

Que deixaram ele na mão

A segunda fugiu com outro

A primeira não quis

Ele mais não.

 

Bom seu moço, vamos voltar

Para Enestino

Boiadeiro afamado

Casou com uma linda moça

Na caatinga do sertão

Teve três filhos

Mas um ele não viu não.

 

Quando sua mulher

Estava grávida do último rebento

Quase na hora do parto

Sem esperar o momento

Enestino foi contratado

Pelo rico fazendeiro

Para levar uma boiada

Com destino certeiro

Entregar em Minas Gerais

Com seus peões e boiadeiros.

 

Ah, seu moço!

Que tristeza de cortar o coração

Enestino entregou toda boiada

Para o patrão

Mas ele não voltou não.

 

Ao comemorar a entrega da boiada

Nessa cidadezinha mineira

Todos entraram no bar

Ali beberam e comeram.

 

Enestino, muito alegre

Desafiava os peões

Derrubava todos no muque

Sem lhes dar satisfação.

 

Foi ai que surgiu um peão

Desafiador

Desafiou Enestino

Para um duelo na mesa

Quem ganhasse levava um boi

O outro ficava no chão.

 

Enestino topou

Com grande ovação

Derrubou o peão

Mas o boi não levou não.

 

Pois o maldito desgraçado

Pegando com traição

Acertou uma punhalada

Direto no seu pulmão.

 

Seus amigos que estavam

Na hora da confusão

Pegou sua maleta

Com os pertences na mão

Seguiu para a Bahia

Mas o corpo não veio não.

 

Ao voltar para a Bahia

Sem saber o que falar

Para a mulher do Enestino

A história foi contar

Entregou sua maleta

Sem nada acrescentar.

 

Ah seu moço!

Como me corta o coração

Essa história

É do meu verdadeiro irmão.

 

 

 

2 respostas para ““A SINA DE UM BOIADEIRO””

Deixe uma resposta para Edivaldo bsb





WebtivaHOSTING // webtiva.com . Webdesign da Bahia