“A SINA DE UM BOIADEIRO”
O conquistense e amigo Edivaldo Fagundes do Nascimento, um grande incentivador da cultura popular nordestina, que mora em Brasília lá no planalto do poder, mas sempre está visitando a terra natal, nos conta esta história real que ocorreu entre os anos de 1960 a 1962. Ele é o próprio autor destes versos, feitos em homenagem à memória de Enestino e seu pai Manuel:
Seu moço, vou te contar
Um fato que aconteceu
Há muitos anos atrás
No sertão da Bahia
E também Minas Gerais.
Um caboclo muito forte
E metido a valetão
Nasceu em Vitória da Conquista
E logo se tornou peão
Pois sabia lidar com gado
No cavalo ele era bom.
Seu nome era Enestino
Homem de fibra e coragem
Duma briga não corria
No muque ninguém ganhava
Derrubar peão ou patrão
Para ele não importava.
Quando pegava uma boiada
Atravessava o sertão
Entregava todo gado
Sem faltar um para o patrão
Voltava feliz da vida
Com o dinheiro na mão.
Ele era filho de Manuel Pepe
Homem honesto e honrado
Tropeiro de profissão
Também trabalhava no roçado
Plantando melancia, milho,
Arroz e feijão.
Manuel Pepe, era um homem
Simples, calado, não gostava
De briga não
Festa era sua emoção
Mas sabia respeitar
A sexta-feira da paixão.
Manuel Pepe pai de Enestino
Tinha um burrinho de estimação
Quando ia pro roçado ou tropear
Carregava seu binga com pacotinho de fumo
No seu borná de mão.
Manuel Pepe, não teve sorte não
Casou com duas mulheres
Delmira e Carolina
Que deixaram ele na mão
A segunda fugiu com outro
A primeira não quis
Ele mais não.
Bom seu moço, vamos voltar
Para Enestino
Boiadeiro afamado
Casou com uma linda moça
Na caatinga do sertão
Teve três filhos
Mas um ele não viu não.
Quando sua mulher
Estava grávida do último rebento
Quase na hora do parto
Sem esperar o momento
Enestino foi contratado
Pelo rico fazendeiro
Para levar uma boiada
Com destino certeiro
Entregar em Minas Gerais
Com seus peões e boiadeiros.
Ah, seu moço!
Que tristeza de cortar o coração
Enestino entregou toda boiada
Para o patrão
Mas ele não voltou não.
Ao comemorar a entrega da boiada
Nessa cidadezinha mineira
Todos entraram no bar
Ali beberam e comeram.
Enestino, muito alegre
Desafiava os peões
Derrubava todos no muque
Sem lhes dar satisfação.
Foi ai que surgiu um peão
Desafiador
Desafiou Enestino
Para um duelo na mesa
Quem ganhasse levava um boi
O outro ficava no chão.
Enestino topou
Com grande ovação
Derrubou o peão
Mas o boi não levou não.
Pois o maldito desgraçado
Pegando com traição
Acertou uma punhalada
Direto no seu pulmão.
Seus amigos que estavam
Na hora da confusão
Pegou sua maleta
Com os pertences na mão
Seguiu para a Bahia
Mas o corpo não veio não.
Ao voltar para a Bahia
Sem saber o que falar
Para a mulher do Enestino
A história foi contar
Entregou sua maleta
Sem nada acrescentar.
Ah seu moço!
Como me corta o coração
Essa história
É do meu verdadeiro irmão.
Jeremias,gostei da publicação da minha historia.
o titulo que não ficou completo,correto é A triste sina de um boiadeiro.
Abraço de seu amigo Edivaldo
BSB 21/09/2014
Meu face é edivaldo fagundes fagundes