Membros do movimento “Bom Senso”, que foram recebidos em palácio, revelaram que a presidente Dilma Rousseff ficou “estarrecida” com os contrastes exibidos pelo futebol brasileiro, onde uma imensa maioria de jogadores passa oito meses do ano desempregada ou com os salários atrasados, aparentemente sustentada por clubes permanentemente em crise financeira, muitos deles dependentes de verbas da Caixa Econômica e de cotas da televisão. Entre os jogadores que foram a Brasília estavam o goleiro baiano Dida, campeão mundial em 2002, e o atacante Alex, do Coritiba.

A imagem que a presidente tinha sobre o nosso futebol está alojada nas luxuosas dependências da Granja Comary, mantida pela riquíssima CBF. Alguém precisava lhe informar que, dos 23 jogadores convocados para a Seleção Brasileira, 20 jogam em clubes europeus e recebem seus altos salários em euros. Se a metade deles decidisse adotar a cidadania dos países onde jogam, como fizeram Diego Costa, Pepe, Thiago Mota, Thiago Alcântara, Marcos Senna, Deco, Cacau, e dezenas de outros, o Brasil disputaria um Mundial no mesmo nível técnico das seleções africanas.

Donos de um patrimônio fantástico, os pupilos de Felipão, liderados pelo “capitão” Tiago Silva, logo após a chegada a Teresópolis começaram a discutir o prêmio pela conquista do hexa, recebendo da CBF a garantia de que não será inferior a um milhão de reais para cada um. Dinheiro não vai faltar, pois segundo declarou Joana Havelange, filha de Ricardo Teixeira e neta de João Havelange, dois ex-presidentes da entidade, “o que tinha que ser roubado já foi”.

Enquanto isso, enquanto a imprensa nacional e estrangeira se dirigia para a região serrana do Rio para recepcionar a Seleção, morria em Curitiba, aos 54 anos, Washington César Santos, um dos miseráveis do futebol brasileiro, a que me referi no primeiro parágrafo. Ele sofria de esclerose lateral amiotrópica, uma doença neurodegenerativa. Em 2009, já com o mal avançado, foi ajudado por jogadores do Fluminense e Atlético Paranaense, que lhe destinaram a renda de uma partida amistosa.

Poucos sabem que Washington era natural de Valença, na Bahia, onde nasceu em 3 de janeiro de 1960, e que iniciou sua carreira no Galícia, de Salvador, em 1980. Formando dupla com Assis – casal 20, como eram chamados – brilhou no Atlético do Paraná (campeão em 82) e no Fluminense (tricampeão carioca e campeão brasileiro, entre 83 e 85). Disputou 303 jogos pelo tricolor carioca, marcando 120 gols. Washington vestiu a camisa da   Seleção Brasileira em nove partidas.