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BARBÁRIE!

A lacuna social, econômica e política deixada há anos pelo Estado (legislativo, executivo e judiciário) deu lugar á barbárie e à brutalidade desenfreada. Não é querer ser catastrófico. A realidade cruel dessa sociedade que perdeu as estribeiras está aí, mas, como já estamos em plena banalização do crime, a resposta mais corrente que se ouve é que “a coisa é assim mesmo”. Temos mais que nos conformar com a deformação mental do país.

Por causa de um boato numa rede da internet, pessoas cheias de ódio arrastam uma mulher, espancam e torturam até a morte. Quem colocou o boato de um retrato falado de uma suposta senhora que sacrificava crianças em rituais de magia negra tem sua carga de culpa, mas, mesmo que fosse verdade, não justificaria o ato tão bárbaro.

Veja só o que disse um dos linchadores ao delegado: “Doutor, achei que fosse verdade”. Então, se fosse ele podia matar com as próprias mãos? São mentes destruídas pelo mal.

Neste fato, se pararmos para refletir (hoje as pessoas pouco pensam) vamos observar um monte de mazelas juntas. A internet é como uma arma perigosa e mortal em mãos de aventureiros que, sem nenhuma formação ética, se acham jornalistas, não importando se cometem difamação, injúria ou calúnia. Depois da digitalização fotográfica, todos se dizem fotógrafos.

Junto ao ato selvagem está a falha da Justiça que, por se tornar morosa ao longo dos últimos anos, passou a ser desacreditada pela maioria. Aí muitos entendem que podem atuar por conta própria. As famílias se desagregaram ao ponto de filho agredir pai e vice versa. A educação foi mutilada e esquartejada pelos governantes, sem contar que a falta de segurança e punição gera mais violência.

O grupo que arrastou e condenou a mulher se achou cheio de moral, decente e sem pecado. No caminho, cada um foi deixando sua marca macabra e diabólica, sem dor e compaixão. As tragédias, assassinatos e crimes hediondos não chocam mais a sociedade como há 30 ou 50 anos. O Brasil é como um doente grave que precisa de tratamento especial. O viciado nunca reconhece que é viciado. Para ele, sua droga é normal.

Nas grandes cidades, como no Rio de Janeiro, vive-se uma guerra civil. O crime mata mais de 50 mil por ano no país. Um torcedor enfurecido joga do alto um vaso sanitário contra pessoas numa arquibancada. Um assaltante mata uma senhora que no início da manhã foi comprar pão na padaria para alimentar sua família.

A polícia militar, que deveria proteger o cidadão, está contaminada com maus elementos piores que os bandidos. No Congresso pipocam escândalos de corrupção todos os dias. Diante de tudo isso, a mídia internacional trata o Brasil como se fosse um faroeste onde impera a lei do bang-bang e do terror. Somos vistos lá fora como bichos exóticos. Aqui é uma selva como dizem muitos estrangeiros.

Para sediar uma Copa do Mundo, nossos governantes ouvem desaforos e gozações dos donos da Fifa. A organização das Olimpíadas sofre intervenção do Comitê Internacional. Mesmo assim, nos pedem confiança e rogam para que tenhamos esperança de dias melhores.

Não era minha intenção fazer um trágico comentário sobre toda essa situação negativa que nos deixa envergonhados e tristes. Desculpem, mas não dá para jogar creolina no mau cheiro e fazer de conta que a sujeira foi limpa. Mesmo assim, respeito quem ainda bate no peito e se diz orgulhoso de ser brasileiro. No entanto, não está na minha natureza repetir o mesmo.

 

1 resposta para “BARBÁRIE!”

  • Caio Macario says:

    Isso é só mais um exemplo de como a internet transforma as pessoas em zumbis, antigamente esse era trabalho exclusivo da TV. Por isso as pessoas não vão mais aos shows pela musica ou para dançar, nem mesmo pela bebida ou pela “pegação”, mas sim para tirar fotos de si mesmo e postar em alguma mídia social. Seguindo esse mesmo caminho que as pessoas iniciaram uma cruzada ao modo Don Quixote contra supostos simpatizantes do estupro de mulheres que usam roupas curtas, baseados em uma pesquisa errada do Ipea. Acreditando que tirar foto nua e escrever “não quero ser estuprada” iria baixar os índices de estupro no Brasil. Ainda nesse caminho, mais recentemente todo mundo resolveu tirar foto comendo banana, impulsionados por uma agência publicitaria até que Luciano Hulk resolveu vender as bananas. As fabricas de boatos na internet dizem até em quem os brasileiros não devem votar. Antigamente as pessoas faziam uma oração antes de comer, hoje em dia antes de comer se tira uma foto do prato e posta no facebook. A necessidade de reproduzir tudo o que a internet diz que é bom é maior que a capacidade de raciocínio. A primeira informação é a que fica. Milhões de Narcisos estão se afogando perseguindo a própria imagem na tela do computador, esta é a nossa versão da tragédia grega.

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