“SAMBA DO CRIOLO DOIDO”
Tive um professor antigo que quando os alunos confundiam os assuntos, ou no popular “trocavam as bolas” respondia: “Durma com um barulho desse”. Às vezes advertia: “Não misture alho com bugalho”.
O caso mais recente da nossa Petrobrás onde um diz que a compra da refinaria Pasadena, no Texas (Estados Unidos), foi um bom negócio e outro contesta de que foi mau, sem contar os números que nunca batem, lembra o cronista Stanislaw Ponte Preta que comparava isso ao “samba do criolo doido”
O deputado André Vargas, que era filiado ao PT, renuncia alegando preservar a imagem da Câmara, mas no outro dia volta atrás. Que imagem deputado, se o Congresso já perdeu por muito tempo! Com cara de choro, diz que não consegue dormir e que sua família foi maculada. Quase sempre ela também está envolvida, para não perder as mordomias.
Os paradoxos e as contradições estão a olhos vistos. O país segue em frente com os piores índices na educação, na produtividade, na saúde e no retorno dos tributos (último entre os trinta) abaixo da Argentina e Uruguai, mas vai sediar uma Copa Mundial de Futebol com gastos superiores a 30 bilhões de reais.
O pior de tudo é que nos pedem para apoiar o evento como se fossemos burros e idiotas. O mais lamentável é que somos o país das chuteiras como dizia o escritor e cronista Nelson Rodrigues e todos incorporam a bola, mesmo com nossas escolas despedaçadas e hospitais que se transformaram em corredores da morte.
Numa entrevista, o presidente da Infraero (temos até ministros dos portos aeroportos), Gustavo do Vale, afirmou que “podemos tapear as obras do mundial de forma que melhorem em operacionalidade, mas sem termina-las”. Depois, ele mesmo corrige que quis dize etapear, só que esta palavra não existe. Só se fosse estapear.
Na minha modesta concepção, adotar cotas para cargos públicos é o mesmo que admitir a desqualificação das ações afirmativas, ou seja, que o ensino das nossas universidades é deficitário e incompatível com as exigências do mercado.
Quem defende as cotas raciais universitárias deveria, por lógica, ser contra as cotas em concursos públicos. É o mesmo que premiar a incompetência e a mediocridade.
Nos conflitos internacionais, como o mais recente da Ucrânia, dificilmente o governo toma uma posição contra ou a favor na ONU. Fica sempre na linha intermediária com aquela conversa de uma solução pacífica. Chegou ao ponto de um embaixador deixar a compostura diplomática de lado para dizer que o Brasil prefere ficar em cima do muro.
Não se pode falar essas coisas, como do “samba do criolo doido” em público, sob pena de o indivíduo ser execrado ou linchado. Com as matanças e as tragédias do dia-a-dia vivemos em plena guerra civil não declarada em campo de batalha.
Mesmo sem guerra como na Síria, mais de 40 mil homicídios são registrados por ano no Brasil. Nos “feriadões das mortes”, o trânsito mata quase 140 pessoas. Quando existe uma baixa, lá vem um policial federal e nos diz que o resultado do trabalho foi positivo. Que horror!











