BONITINHOS, MAS ORDINÁRIOS
Com raras exceções, cá pra nós, as emissoras abertas de televisão estão se especializando em fazer programas bonitinhos, mas ordinários. Para completar, ainda aparecem os “doutores em comunicação” recomendando trocar de canal. “Para isto existe o controle remoto” – aconselham.
Acontece que o formato nos outros canais não tem quase nada de diferente. A grande maioria dos programas é repetitiva e está mais preocupada com o espetáculo do show sensacionalista da audiência a qualquer custo. É uma “guerra” diária para ver quem tem mais poder de contratar milionários artistas. É como time de futebol.
Se o telespectador não tem o poder aquisitivo de contratar uma tv por assinatura, a única opção é desligar total. Fala-se muito em mudar de cenário e visual, mas quase nada se ouve em relação a conteúdo. O negócio está mais centrado na tecnologia que numa nova política editorial ou em quadros mais instrutivos. Final de semana é pior ainda.
Nas novelas, além da mesmice de sempre, os enredos são meras imitações, sem criatividade e lógica. As crianças fazem o papel de adultos precoces e logo cedo se apaixonam. Percebe-se que a linguagem está fora de foco para a idade. Os filmes “arrasam quarteirões” são repetidos várias vezes. A embalagem é o que mais importa. Continuam prevalecendo os enlatados.
No jornalismo, a prioridade maior está em transmitir uma boa imagem digital dentro dos mais modernos avanços tecnológicos de câmaras abertas e fechadas. As notícias deixam a desejar em termos de apuração, inclusive na mídia impressa, e o essencial não é dessecado como deveria ser. Muita coisa fica sem ser explicado.
Dia desses li uma crítica numa coluna sobre o assunto onde se dizia que programa se faz com conteúdo e não com botox. Não basta ter resolução perfeita. Quando se fala em regulação ou coisa parecida logo se é chamado de defensor da censura, só que a qualidade está caindo pelas tabelas.
Sobre o jornalismo atual, veja algumas considerações do professor Carlos Alberto Di Franco. Para ele, existe uma grande demanda de reportagem. “O que temos é um jornalismo sem alma, sem cheiro de asfalto”.
Ainda de acordo com Di Franco, os veículos precisam repensar seus modelos, com conteúdos bem editados. “É preciso aprender a contar uma boa história. O bom jornalista ilumina a cena”.
A maioria das matérias de hoje é preparada dentro das redações através de e-mails, sem o olho a olho entre o entrevistador e o entrevistado. Por outro lado, as redações deixaram de ser barulhentas como antigamente quando tinham mais calor humano e mais discussões. Hoje elas mais parecem escritórios burocráticos frios e silenciosos.











