O PONTO DA QUESTÃO
A VELHA POLÍTICA CORONELISTA
Mudaram-se os métodos truculentos dos coronéis onde quem mais tinha terras, jagunços e capangas mandava mais na política, mas o jeito caduco de governar continua o mesmo, apenas com nuances mais modernas e sofisticadas, sem escancarar aquela força bruta dos fuzis de papo amarelo e do corta cabeças.
A começar pelo processo eleitoral dos favores e do assistencialismo, todo sistema continua arcaico e decadente. Enquanto perdurar o fisiologismo na política das horrorosas coligações de aluguel, do QI-Quem Indica, sem levar em conta o mérito e a capacidade das pessoas em cargos estratégicos, o poder público vai continuar um fracasso em suas ações sociais.
No fisiologismo, depois de eleito, o governante não passa de uma figura acorrentada às alianças e termina não realizando uma gestão mais técnica que política voltada para os anseios da população porque ele está cercado de incompetentes bajuladores, os chamados puxas-sacos.
Seus secretários também porque são obrigados a engolir auxiliares indicados pelos partidos da coalizão. É a chamada cota política dos que apoiaram a campanha. Entram ai os interesses particulares de cada um e não a coletividade. Este formato coronelista está ainda mais arraigado no interior.
CAMPEÃO DE PROJETOS
Bem que a Câmara de Vereadores de Vitória da Conquista deveria se espelhar no exemplo do vereador Everaldo Lopes dos Santos, o Beca, do PPS, em Salvador. Foi considerado o campeão de projetos. Lá, o parlamentar apresentou durante sua legislatura que se findou, 29 projetos contra 26 do atual presidente da Casa, Leo Prates, do DEM, e outros 19 do executivo.
Um dos projetos dá folga ao servidor no dia do seu aniversário e outro cassa o alvará do posto que adulterar o combustível. Vereador é para fiscalizar e legislar e não para dizer amém para o prefeito. Basta de tantas indicações e moções de aplausos, sem contar as discussões fúteis, superficiais e monótonas do tipo feijão com arroz de todo dia. Na Câmara também manda o fisiologismo onde praticamente inexiste o mérito dos assessores escolhidos. Resultado: não temos projetos, nem temos conteúdo. As sessões são vazias e sem importância. O povo vota por obrigação e a maioria pelo favor recebido, mas não acredita mais neles.
AUDIÊNCIA ANTES DA LICITAÇÃO
Não entendi essa de se fazer uma audiência pública para construção da Barragem do Catolé antes da licitação da obra. Só pode ser mais um esquema da política para enganar o povo que há anos sofre com a escassez de água em Conquista. Não vamos repetir os governos passados que fizeram inúmeras reuniões e assinaram papéis fajutos sem nada de concreto, só palavreado.
Como perguntar quando será iniciada a obra se ainda nem lançaram a licitação? Basta de enrolação! Outra questão é que estas audiências públicas servem para formalizar o projeto que já vem pronto lá de cima. Depois falam em democracia participativa. É por estas e outras que as nossas instituições caíram no descrédito.
AOS TRANCOS E BARRANCOS NAS MORDOMIAS DOS PODERES EM DESORDEM
Com as férias da força tarefa da Operação Lava Jato, do legislativo e do judiciário, os pequenos sinais de melhora da economia passaram a ocupar os espaços da mídia nacional, principalmente a televisiva (somente interrompidos com as matanças nas penitenciárias), como se tudo isso fosse curar as feridas lacerantes da crise política, moral e ética que historicamente levou nosso país a viver aos trancos, barrancos e reboques.
A impressão que se tem é que basta a economia crescer um pouco com a queda da inflação, dos juros e do desemprego para que se esqueça de vez a praga letal da corrupção praticada pelos membros da organização criminosa instalada nos três poderes da República. É justamente isso que os inimigos da Lava Jato do governo Temer estão pretendendo fazer. Este desejo está escrito na testa deles, incluído aí também os quadrilheiros dos governos petistas.
Se for para zerar as sujeiras e livrá-los da cadeia, todos eles, progressistas e retrógrados, coxinhas e mortadelas se unem contra a população, e ai o Brasil continuará na base do tranco e do reboque como vem sendo assim desde os tempos coloniais. Agora mesmo saímos do ruim e entramos no pior incerto e perturbador cheio de injustiças e atos medievais como as masmorras e as decapitações nas penitenciárias. Esta esquerda e esta direita tupiniquim acabam nos levando para os piores dos infernos.
O presidente mordomo reconheceu que os poderes estão em desordem e resolveu chamar as forças armadas para controlar as penitenciárias, um prenúncio de que elas também podem tomar as ruas. Conforme preceitua um artigo da Constituição (este artigo foi colocado pelos militares em fim da ditadura), em caso de desordem social e política as forças armadas podem entrar em ação para colocar ordem na Casa. No caso das prisões não vai também resolver o problema. Como não existem mais lideranças, vamos ter que importar um presidente.
Um leitor de um jornal da capital escreveu que existe muita similaridade entre facções criminosas dos presídios e o Congresso Nacional com seus partidos. Eles implicam prejuízos para o erário contra o povo “que paga com impostos essas pocilgas”. Nos presídios acontecem os motins e rebeliões sangrentas com centenas de assassinatos violentos. No Congresso também ocorrem motins e rebeliões, mas por cargos, dinheiro e poder.
O ideário neoliberal é seguido por países de economias fortes que se tornaram mais empoderados (palavra mais usada em 2016) com a globalização. De forma paradoxal, um país pobre como o Brasil adota o neoliberalismo, com a retórica de modernização nas relações entre capital e trabalho onde o mercado é o protagonista e o social o figurante.
O Estado do Bem-Estar Social se derrete com as medidas draconianas da Previdência Social (afastamento das aposentadorias), redução dos direitos trabalhistas (parcelamento de férias), negociação livre entre patrão e empregado, contratos temporários e a terceirização das atividades-fim que nada mais é que uma escravidão onde o operário se submete a ganhar o mínimo em condições degradantes nos serviços.
Agora vejamos bem como eles (os políticos e governantes em geral) nem estão aí para o resto dos injustiçados que recebem as migalhas de seus banquetes, para os mais de 12 milhões de desempregados (podem chegar a 13 milhões em 2017) que estão passando fome, para as profundas desigualdades sociais advindas, principalmente, da falta de uma educação de qualidade e para as penitenciárias que se transformaram em casas de horror onde facções degolam e esquartejam facções.
CAETITÉ REALIZARÁ ENCONTRO DE TERNOS DE REIS E VIOLEIROS
Um momento de fé e cultura que traz muita alegria para o povo caetiteense.
Por uma iniciativa da Prefeitura de Caetité, através das Secretarias Municipais de Cultura e Desenvolvimento Social, o município será palco, no dia 08 de janeiro de 2017, da 31ª edição do Encontro de Ternos de Reis e Violeiros.
O tradicional evento terá seu início com um desfile, às 08h na Praça da Catedral e contará com uma programação especial ao longo de todo o domingo.
Confira a programação completa:
- 08h – Chegada na Praça da Catedral
- 08h30 – Desfile
- 09h30 – Benção dos Reseiros
- 10h – Abertura
- 15h – Festival de Viola
- 18h30 – Encerramento
Participe desse emocionante momento cultural do nosso município, que será apresentado por Luiz Benevides e Zé Vieira. (Diretoria de Comunicação Social)
COMO COMEÇOU O SARAU DO VINHO VINIL
Era para ser uma simples reunião de uns poucos amigos, mas se tornou uma festa. Foi a reunião de sexta feira (23/07/2010) na casa do jornalista Jeremias Macário regada a vinhos finos e vinis. A ideia partiu do fotógrafo D’Almeida para ouvirmos os maravilhosos vinis da coleção de Jeremias que ele guarda com muito carinho. E aí começou a sessão. Velhas canções italianas (Tornero), francesas, (Aline) espanholas e tangos argentinos dos saudosos anos 60/70 do século passado. Os tira-gostos rolavam a todo instante. Castanha do Pará, amendoins, frango desfiado, mortadela, salsichas e queijo de várias qualidades e sabores. Daí começou a chegar os convidados e cada um trazendo uma garrafa de vinho. Os vinis foram mudando de país e de ritmo. E aí alguém disse: “toca Raul”, e o discotecário não se fez de rogado, meteu na radiola a chamada. “Viva a sociedade alternativa”. Foi o início do rock roll que estava para acontecer naquela noite.

Este texto foi postado pelo companheiro MannodiSousa em 27 de julho de 2010. De lá para cá se passaram seis anos e o Encontro do Vinho Vinil se transformou num grande sarau entre amigos artistas da música, da poesia, do cordel e da literatura. Durante esses anos vários temas rolaram, sempre nas noites de sábado. Na roda entraram Vinicius de Morais, Milton Nascimento, Geraldo Vandré, Bob Dyllan, os tropicalistas, Patativa, Luiz Gonzaga, Humberto Teixeira, Afrânio Peixoto, Neruda e outras discussões no campo da política, da economia e da cultura em geral.
A sintonia sempre foi forte em nossos encontros que não ficaram somente nos vinhos e nos vinis. A música popular brasileira tomou conta do espaço cultural, hoje denominado de Cascalho, com o suporte do Blog Aestrada. Como não poderia deixar de ser, outros ingredientes, como a cerveja e uma cachacinha entraram no cardápio diversificado trazido pelos participantes mais assíduos, como o professor Itamar Aguiar, Moacir Morcego, Marta Moreno, Mano Di Sousa, Walter Lages, Dorinho, Cleide, Jésus, Baducha e muito mais gente que vai se juntando ao grupo que vara as noites nas cantorias. A anfitriã da casa, Vandilza Gonçalves, sempre recebeu todos muito bem com sua graça, alegria e sorriso.
O último sarau aconteceu no dia 17 de dezembro de 2016 e contou com mais de 30 pessoas embaladas por canções e recitais de poemas, sem contar o bom papo de causos e piadas, pois nunca faltaram o improviso e o talento, principalmente depois de uma taça de vinho e um tira-gosto. Outros irão acontecer neste ano de 2017, com mais inovações, como exposição de fotografias e artes plásticas, tudo por conta dos frequentadores. São noites memoráveis na maior harmonia, por mais que os ânimos se exaltem nos debates. Já temos no espaço cultural um painel de fotos históricas, desde o início do Vinho Vinil de 2010, registrado por Mano Di Sousa.
O PONTO DA QUESTÃO
MAIS POLÍTICO QUE TÉCNICO
Esperava-se uma equipe mais técnica que política do novo prefeito eleito de Vitória da Conquista, Hérzem Gusmão. Diante da crise econômica que se prolonga, 2017 não vai ser nada fácil, o que requer gente mais preparada e experiente para fazer os devidos ajustes que serão necessários. Diante das dificuldades de recursos, os novos secretários vão ter que trabalhar com mais criatividade, numa interação constante com os principais segmentos da sociedade e setores privados.
As finanças da Prefeitura Municipal não andam nada boas, tanto que o ex-prefeito Guilherme Menezes teve dificuldades para pagar o funcionalismo, deixando de fazer o Natal da Cidade, um evento que fez muita falta no final do ano de 2016, já que Conquista tem poucas opções de lazer e cultura. Para fechar as contas, ele teve que demitir, com antecedência, cargos de confiança. O décimo terceiro, por exemplo, saiu bastante apertado.
Vamos esperar para ver no que acontece, mas a impressão que deixa é que não vai demorar muito e o novo prefeito vai ser obrigado a fazer uma reforma administrativa mais consistente à altura dos problemas da cidade. Sempre digo que Vitória da Conquista, a terceira maior cidade da Bahia, cresceu muito e não comporta mais projetos paliativos e de resoluções imediatistas.
A questão hoje não é apenas manter as ruas limpas e pagamentos em dia. Hoje são enormes as demandas nas áreas da saúde, da educação e dos transportes, principalmente, sem falar do suporte na cultura (precisamos de uma política cultural). Governar o município hoje não é a mesma coisa de há 30 anos. Não é somente atender as carências mais urgentes. Tem que haver um planejamento a médio e longo prazo.
ENTREGOU A DEUS
Deu a louca no prefeito de Guanambi, Jairo Magalhães! Numa canetada só o evangélico derrubou o Estado Laico e colocou Deus como executivo e tesoureiro da prefeitura. O Onipotente deve ter dito lá do alto: Mas, meu filho, você foi o eleito e tem por obrigação descascar seu abacaxi. Se vire, cabra! Talvez se sentindo incapaz de gerir o caos, o novo prefeito achou melhor entregar as chaves do município a Deus. Mesmo assim, se achou rei ungido por Deus ao decretar sua palavra irrevogável. Numa tacada só, seu decreto ofendeu todas as religiões e credos. Deu um branco, ou ele foi sabido? Qualquer coisa errada é só dizer que foi Deus que quis, ou mandar que rogue a Ele. Os políticos estão mais cercados de bajuladores do que assessores competentes que corrijam seus chefes nas horas certas, para que não façam besteiras demais.
NORTE TEM MAIORES SALÁRIOS
Este nosso Brasil é mesmo um paradoxo cheio de contradições. Por incrível que pareça, os salários públicos na região Norte são maiores 31% que os pagos no sudoeste do país, bem mais rica. Por outro lado, a remuneração na iniciativa privada é mais baixa em 4% do que a pública. Excluindo Brasília, onde estão alojados os marajás, o Norte lidera o ranking das maiores diferenças do Brasil entre salários públicos e privados, segundo estudos do Forum de Economia da Fundação Getúlio Vargas. Mesmo no Nordeste, um funcionário com ensino médio ganha 108% mais que o da iniciativa privada. No ensino superior, a diferença é de 76% a mais. Um empregado público do fundamental ganha 62,5% a mais que o do setor privado.
TEMPO DE EMBEBEDAR JUMENTOS
Num filme iraniano, comerciantes dão bebida aos cavalos para que eles possam romper a longa travessia de neve na fronteira com o Iraque. Faz lembrar o Brasil onde os dirigentes políticos passam o tempo embebedando os súditos com festas, muita cachaça, cerveja, orgias e consumismo para que o povo consiga vencer as crises econômica, política e moral, sem muito reclamar, e ainda com esperança de dias melhores. Somos jumentos de carga que embebedados suportam as intempéries para dar mais lucros, mordomias e boa vida às castas privilegiadas. Até quando vamos ser jumentos? Vem ai o carnaval que faz esquecer as corrupções, os desmandos e a fronteira violenta das PECs.
AS MENINAS DE CONQUISTA ENTRAM EM CAMPO
Carlos Albán González
O futebol conquistense venceu a última competição oficial de 2016 promovida pela FBF. Pela quinta vez o Vitória da Conquista ficou com a Taça Governador do Estado. Agora, será a vez das garotas. A partir do próximo domingo, às 16 horas, no Estádio Edvaldo Flores, o Juventude inicia a disputa – o segundo jogo está marcado para o dia 15, em Salvador – contra o Vitória, pelo título de campeão baiano do ano passado. As jovens conquistenses, que estão pedindo o apoio dos desportistas locais, principalmente do público feminino, cumpriram a seguinte campanha no decorrer do campeonato: seis vitórias, um empate e duas derrotas.
Quem não conhece o Juventude, que adotou o verde e o preto no seu uniforme, aqui vão algumas informações: fundado em 6 de agosto de 2012 pelo ex-zagueiro Claudir de Oliveira Prado, campeão brasileiro de 1988 pelo Bahia, o clube veio atender às reivindicações de centenas de adolescentes que, nos finais de semana, se misturam aos meninos nos babas disputados em quadras e campos da cidade. Essa iniciativa contou com a ajuda do ex-prefeito Guilherme Menezes, homenageado pelo clube com uma placa de agradecimento, dias antes de deixar o cargo.
Uma espécie de faz-de-tudo (de presidente a técnico), Claudir atendeu aos apelos das jovens futebolistas. Na primeira “peneira” realizada no Estádio Lomanto Júnior compareceram 360 candidatas com idade acima dos 16 anos. Depois de horas de observação, foram selecionadas, inicialmente, 160, elenco reduzido hoje para 54 moradoras das zonas rural e urbana, que têm como fonte de inspiração a conterrânea Formiga e a alagoana Marta..
Em menos de quatro anos de fundado o Juventude foi inscrito na FBF, estreando em 2015 em competições oficiais. O objetivo de Claudir é representar a Bahia no Brasileiro (sub 20 e adulto) de 2018, vaga ocupada hoje pelo São Francisco do Conde, campeão baiano por 14 anos consecutivos.
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MAIS CHUMBO PARA OS MAIS FRACOS
O governo do mordomo Temer se juntou aos mais fortes para mandar chumbo nos mais fracos. O projeto de reforma da Previdência Social deixou as forças armadas de fora, justamente esta categoria que tem aposentadorias polpudas e hereditárias.
Ele teme a reação dos militares generais truculentos que têm a força de mandar gás, bombas e balas em quem protestar. Mais uma vez passa absoluto o desfile dos tanques, dos fuzis e das metralhadoras em meio ao silêncio sepulcral dos mais fracos de buldogues. É uma covardia!
O ano 2016 não vai terminar no sábado do dia 31 de dezembro, mas pode ficar na saudade durante a passagem do 2017, se for decretado de vez o mandamento do não se aposentarás. Neste último massacre aterrorizante das castas lá de cima do legislativo, do judiciário e do executivo Frankenstein, esta pinguela não vai chegar ao outro lado.
As almas penadas não têm mais moeda para atravessar para a outra margem do rio no barco de Corante. Vão ficar vagando no limbo do purgatório da educação e da saúde. A tendência é de mais lamento, gemidos e revoltas na busca pelo acesso ao vil metal, para fazer a travessia para outra vida. Infelizmente, sem o capital não há salvação terrena.
Com a maldita PEC do teto de gastos de 20 anos, o maior tiro na Constituição, está decretado o regime de opressão aos mais necessitados que já estão passando fome e morrendo nas portas dos hospitais. É o caminho para mais violência e repressão dos militares. Estamos em pleno golpe onde ainda se exerce uma democracia relativa, somente para tapear a cabeça e a barriga dos bestas.
Com o argumento de que a CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas) está velha e caduca, vem aí mais outra reforma, a trabalhista da flexibilização da livre negociação entre patrões e empregados, justamente num país de profundas desigualdades sociais, inclusive entre as classes de trabalhadores onde uns têm mais privilégios que outros.
NUNCA ACREDITEI EM PAPAI NOEL
Leio crônicas nos jornais referentes às festas natalinas que pouco falam do nascimento de Jesus Cristo, e mais do Papai Noel, uma tradição dos gelados países nórdicos. Os textos costumam ser mais suaves, leves e humanísticos que criticam, em parte, o consumismo exagerado nesta época do ano. O Papai Noel está sempre em destaque e alguns autores relembram seus tempos de criança, como o comentário de um amigo e colega que li nesta semana.
De um modo geral, os escritos me remetem a refletir sobre o eu individual e as profundas desigualdades sociais em nosso país, cuja pobreza se torna mais visível e escancarada neste período. Além do mais, somos desprovidos de cultura própria e meros copiadores de tradições alheias. O quadro nos leva à depressão em ver um mundo xenófobo glamoroso de luxo e outro miserável do lixo, sem contar o sofrimento dos refugiados das guerras.
Da minha parte confesso que nunca acreditei neste Papai Noel do Natal. Diferente de muitas crianças privilegiadas das crônicas literárias, minha véspera de Natal na roça pobre com meus pais era de muito trabalho. A noite chegava como outra qualquer à luz de candeeiro movido a pavio ensopado de querosene ou óleo de mamona. Cansados, logo cedo todos iam dormir e a paisagem era engolida pela escuridão.
Não havia Natal. Em todo meu tempo de menino nunca existiram presentes, quanto mais dentro de sapatos trazidos por Papai Noel que, na madrugada, entrava pela janela ou descia pela chaminé, coisa raríssima em nossas habitações. Se para mim ele nunca existiu, não tenho histórias para contar sobre sua figura com um saco, ou viajando de trenó com renas pelos países gelados. Como poderia acreditar numa coisa que nunca existiu para mim, nem mesmo em forma de lenda?
Como não tive noite de Natal de Papai Noel, nunca contei estes causos nevados para meus filhos, mas dava-lhes presentes comprados como parte de um rito capitalista consumista dos norte-americanos e dos europeus que enfeitam suas casas de árvores artificiais e se esbaldam nas comidas e nas bebidas de mesas fartas.
“A REPÚBLICA DOS MIGUELENSES”
Com mais o recente lançamento de “A República dos Miguelenses”, o professor Durval Lemos Menezes já pode ser considerado um especialista, conhecedor e estudioso da biografia e da formação genealógica das inúmeras famílias que com o passar do tempo formaram o povo conquistense de hoje. Pode-se dizer que é um arquivo vivo da história desta terra fundada pelo capitão João Gonçalves da Costa quando aqui chegou ao final do século XVIII.
Em pouco tempo, Durval organizou o livro “O Poeta do Mulungu”, de Erathósthenes Menezes, e escreveu “O Pedralismo – um fenômeno social” e “A Conquista dos Coronéis”, obras que se entrelaçam e dão uma ampla visão sobre importantes personalidades que contribuíram para o desenvolvimento da terceira maior cidade da Bahia. Com seu trabalho, passamos a entender melhor as origens do município e da sua gente.
Na introdução de “A República dos Miguelenses”, o professor nos leva ao passado de 170 anos quando aqui chegou o primeiro filho de São Miguel das Matas, o tenente da Guarda Imperial, Manoel José dos Santos Silva, o “seu” Santos, em 1845. Este senhor casou um ano depois com Sinhazinha Santos, filha do padre Andrade, também vindo da região. Vale salientar que o primeiro intendente (1840), Luiz Fernandes de Oliveira, veio do Vale do Jaguaripe.
O livro também me remeteu ao passado quando na década de 60 estudei no Seminário de Amargosa e tive como diretor espiritual o padre Gilberto Vaz Sampaio. Nesta época, lembro ter visitado sua cidade paroquial onde apresentei meus dotes futebolísticos jogando pela seleção do Seminário, time temido e imbatível naquelas redondezas.
Como disse o escritor, realmente a obra tem cunho geográfico, histórico e sociológico. Os Miguelenses, que todos os anos realizam seu encontro, são povos oriundos dos vales do Jaguaripe, Jequiriçá e Paraguaçu constituídos pelos municípios de São Miguel das Matas, Nazaré das Farinhas, Santo Antônio de Jesus, Amargosa, Lage, Mutuípe e outros.
O SARAU DO ENCONTRO DE BOBY DILLAN COM GERALDO VANDRÉ
Com cerca de 30 pessoas entre artistas da música, professores, fotógrafos e amigos, o Sarau do Espaço Cultural Cascalho, realizado no último sábado (dia 17/12), com o tema “O Encontro de Boby Dillan com Geraldo Vandré” encerrou o ano de 2016 com chave de ouro, prometendo voltar em 2017 com mais força, inclusive com exposições de artes plásticas e fotografias.
Participaram do encontro de encerramento do ano os cantores e compositores Walter Lages, Dorinho, Baducha, Moacyr Mocego, Marta Moreno, Mano di Sousa e outros artistas que abrilhantaram o evento com suas violas em disparada até altas horas da madrugada, ao som de grandes canções e cancioneiros brasileiros.
Como sempre, o professor Itamar Aguiar se fez presente quando falou sobre Boby Dillan, o ganhador do premio Nobel de Literatura de 2016, suas origens e importância na música e nas letras. Geraldo Vandré foi também nosso homenageado da noite. Jésus arrasou com suas belas declamações de poetas populares, com interpretações primorosas.
O encontro também teve a participação de Helen, Kika, Adilson, o irmão de Jésus, os fotógrafos José Silva e José Carlos D´Almeida, Cléo, Céu, Jailton, Zélia, Maria Luíza, Cleide, Jonas, Inês, Vitorino, com quem estudei em Amargosa, Gildásio Amorim, a dona da casa Vandilza Gonçalves, que recebeu a todos com seu sorriso de sempre, entre outros convidados.
Sobre Geraldo Vandré, o rei dos festivais, o jornalista Jeremias Macário fez um relato sobre sua vida e suas canções até o seu auge com a composição “Pra Não Dizer que não Falei das Flores” (Caminhando), que também serviu de motivo para sua ruína com a perseguição militar. Vandré foi obrigado a se exilar, no início de 1969, passando pelo Chile, Alemanha, França, Bélgica, Bulgária e outros países, retornando em meado de 1973 ainda em plena ditadura. Nunca mais quis se apresentar em público dizendo-se decepcionado com a invasão da cultura de massa.
Além da violada de artistas locais que sempre frequentaram nosso encontro, com muita honra, a noite foi recheada de belas declamações de poesias e um bate papo saboroso de causos, histórias, estórias e piadas, acompanhados de um vinho, uma cerveja e uma caipirinha feita por Walter Lages, que mais parecia um gaúcho nordestino. Claro que não faltou uma comida que ninguém é de ferro.
Nosso Sarau é colaborativo e socialista onde todos trazem uma bebida e uma comida para forrar o estômago. Assim todos curtem a noite num ar de cultura e aprendizagem na troca de ideias as mais diversas, num clima totalmente democrático por mais que as discussões fiquem acaloradas.
Para 2017 estamos com a proposta de abrir espaço para exposições de artes plásticas e fotografia, convidando artistas da nossa terra. Foi mais uma noite memorável e o Espaço Cultural Cascalho agradece a presença de todos, desejando boas festas e um próximo ano de mais saraus.




















