PROLONGAMENTO ATÉ VITÓRIA DA CONQUISTA

No contrato de arrendamento da Estrada Nazaré, assinado em 28 de março de 1921, fazia parte o prolongamento até a cidade de Vitória da Conquista, passando por Boa Nova e Poções. Em outubro de 1925 foi nomeada comissão de locação da estrada, chefiada pelo engenheiro Ciro Moreira Spínola. A orientação era que a comissão deveria aproveitar o projeto da Central de Estudos e Construções de Estrada de Ferro Sul da Bahia para a seção de Jequié – Conquista.

Est. de Contendas - Cópia

O projeto chegou a realizar traçados e montar estaqueamentos numa distância de até 38 quilômetros (Garganta do Segredo) rumo a Boa Nova, aproveitando-se os vales dos riachos Pau Brasil, Seco, São João e parte do rio Urubá.

Depois do enfrentamento de chuvas dentro das matas, os estudos dos técnicos ficaram paralisados na margem do Urubá, distante três quilômetros de Boa Nova.

Em setembro de 1926 foram aprovados os estudos dos 20 primeiros quilômetros de Jequié até Volta do Rio das Contas. A Comissão chegou a entregar à Viação Sudoeste os documentos dos quatro trechos. Em agosto de 1927 deu-se a primeira medição dos trabalhos, constando de roçagem, destocamento, escavação de alguns cortes e construção de bueiros.

Em abril de 1928, o Governo mandou construir uma ponte de cimento armado sobre o rio Jequiezinho, sendo a sexta desse tipo. Pelo decreto de maio foi aprovado o perfil definitivo da locação do prolongamento de Jequié – Conquista.

É bom lembra que existiu também um projeto de construção de uma linha férrea saindo de Ilhéus até Vitória da Conquista, mas a estrada não saiu do papel. O jornal A SEMANA (Conquista), edição de 3 de junho de 1928 chegou a noticiar a intenção do Governo da época em unir esses dois pontos do Estado.

Já no ano de 1929 foi aprovado projeto de construção da sétima ponte sobre o rio Provisão de 25 metros de vão. Foram as maiores pontes de cimento armado para estradas de ferro até então construídas no Estado.

Em outubro de 1930, em face da Revolução e instituição de um Governo Provisório, as construções ferroviárias não tiveram mais desenvolvimento. Os trabalhos foram paralisados por completo, terminando o serviço do prolongamento.

No mês de julho de 1933 foi rescindido o contrato e todos os termos a ele referentes celebrados entre Governo e Viação Sudoeste. Toda estrada passou a ser administrada pelo Governo. Em dezembro de 1936 foi criado o Conselho Técnico dos Serviços Industrializados.

O Departamento Nacional de Estradas de Ferro retomou em 1950 os trabalhos de construção do prolongamento até Conquista, remodelando o traçado, visando futura ligação de Ubaitaba. Também foi planejada uma ligação Santo Antônio de Jesus – Cruz das Almas.

De acordo com o autor do estudo, Alberto de Sá Oliveira, são necessárias ligações com a Viação Férrea Federal da Leste Brasileira, para maior intercâmbio entre as estradas, possibilitando a exportação de minérios pelo Porto de São Roque. Ele recomenda que o prolongamento de Jequié deve seguir adiante pelas condições técnicas que oferece em mais de 20 quilômetros de leito pronto.

Novas variantes foram estudadas no decorrer dos anos 1956/57, a fim de melhorar as linhas do Barro Vermelho (Km 68 e 75), São Miguel, Laje, Santa Inês e Jaguaquara. No entanto, nenhuma chegou a ser construída em razão dos altos custos. A Estrada de Nazaré é cheia de curvas e rampas e os engenheiros recomendavam remodelações das linhas.

Toda Estrada tinha uma extensão de 324 quilômetros, sendo a linha principal de 289 quilômetros. O Ramal de Amargosa possuia 26 quilômetros. A contar de 1875 a Estrada está completando 134 anos de existência.

Recebiam a influência da estrada num raio de 30 mil quilômetros quadrados, 12 municípios numa zona de fértil economia mista, como Nazaré, Santo Antônio, Amargosa, Jaguaquara e Jequié, beneficiando mais de um milhão de habitantes até o norte de Minas Gerais. A linha cortava importantes rios como o Jaguaripe, Contas e o Jequiriçá, oferecendo um oásis de bonança para gente pobre. O solo dessa região também é rico em minérios, como o manganês, ferro, granitos, cristais de feldspato, entre outros.

O Ramal de Amargosa parte do quilômetro 102 à direita da linha principal e desce acompanhando o vale do riacho São Miguel, passando pelo vale do rio Corta-Mão.

Por convênio assinado em 7 de março de 1963, a Estrada de Ferro Nazaré foi transferida para a Rede ferroviária Federal S.A.. Consequentemente, suas ações passaram para o domínio da Estrada de Ferro Leste Brasileira.

Pensou-se que a linha seria revigorada com a injeção de recursos, o que não aconteceu. Na época, o governador Lomanto Júnior chegou a reinaugurar o tráfego entre São Roque e Santa Inês, com o comparecimento em massa das autoridades. Falou-se até em fazer o mesmo em Jequié.