Carlos González – jornalista 

Petrobras ajuda – A Petrobras cedeu aos insistentes apelos dos organizadores das Paraolimpíadas, liberando R$ 10,5 milhões para viabilizar, pelos menos, a alimentação dos atletas. Em troca, a estatal exige que o canoísta Izaquias Queiroz, a judoca Rafaela Silva, o pugilista Robson Caetano e o jogador de vôlei Serginho, medalhistas dourados, sirvam de garotos-propaganda da campanha que será inserida nos veículos de comunicação, com a finalidade de melhorar junto à opinião pública o conceito da empresa, abalado após sucessivos escândalos, envolvendo ex-diretores e empreiteiras.  

Desvio de verbas – A Operação Nemeus, deflagrada pela Polícia Federal e  Ministério Público Federal, tem como alvos as confederações brasileiras de Tae-kwon-do e de Tiro Esportivo e empresas privadas, suspeitas de terem desviado recursos públicos, num total de R$ 26 milhões, destinados à preparação de atletas para os Jogos do Rio. O Ministério do Esporte foi acusado de omissão, por não ter acompanhado a aplicação das verbas liberadas.

O lutador de tae-kwon-do Diogo Silva, campeão pan-americano em 2007, comemorou o afastamento do presidente da confederação, Carlos Fernandes. “Ele prejudicou muitos atletas. Como gastava todos os recursos e fechava sempre a conta no vermelho, os patrocinadores deixavam de investir no tae-kwon-do. As prestações de conta também nunca batiam”, afirmou o lutador.

O delegado Tácio Muzzi, da Delegacia de Repressão aos Crimes Financeiros, afirmou que há indícios de que outras três confederações estejam envolvidas no esquema fraudulento.

Preço da manutenção – Manter funcionando as instalações do Parque Olímpico da Barra e do Parque de Deodoro, usadas nos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos, custará R$ 59 milhões por ano aos cofres públicos. Essa é a previsão calculada pela prefeitura do Rio e pelos ministérios do Esporte e da Defesa, responsáveis pela administração dos locais.

A maior parte desses gastos – R$ 46 milhões por ano – será bancada pelo Ministério do Esporte e pelas Forças Armadas, que cuidarão da manutenção dos equipamentos esportivos de Deodoro. Já a prefeitura do Rio terá de arcar com R$ 13 milhões por ano para fazer a gestão e operação do Parque Olímpico da Barra, em parceria com a iniciativa privada.

Para construir os equipamentos, o governo federal e a prefeitura gastaram juntos R$ 2,8 bilhões. A União bancou R$ 2,09 bilhões e a prefeitura R$ 732 milhões. A iniciativa privada gastou R$ 4,2 bilhões para levantar as Arenas Carioca 1, 2 e 3, o Centro de Imprensa, o hotel de mídia, a Vila Olímpica e o campo de golfe.

 Neymar – Os jogadores sul-americanos que estão atuando fora dos seus países se apresentaram no dia 29 às suas seleções, visando as disputas das eliminatórias do Mundial de 2018, na Rússia. O único ausente foi Neymar, que há três meses e meio não põe os pés em Barcelona.

Liberado para participar do torneio olímpico, o jogador foi visto em vários lugares, participando de baladas e paquerando a atriz Bruna Marquezini, que já foi sua namorada.

A diretoria do clube espanhol não esconde sua insatisfação, levando em conta que Messi, seu principal craque, não se dispôs a vestir a camisa da seleção argentina, eliminada prematuramente da Rio 2016. O outro brasileiro do Barça, também campeão olímpico, Rafinha Alcântara, não gozou do mesmo privilégio concedido ao seu colega.

Leilão  –  Ter em casa a tocha com que Vanderlei Cordeiro de Lima acendeu a pira olímpica, talvez o bastão com que Usain Bolt correu no Engenhão, ou, por sorte, a Bandeira do Brasil carregada por Yane Marques na cerimônia de abertura. Esses itens e outras cerca de 20 mil peças usadas na Rio 2016 estão sendo leiloados num site oficial da organização dos Jogos. Nele, é possível encontrar tudo das competições, até as bicicletas coloridas do desfile das delegações na festa que deu as boas-vindas ao evento.

Mas há também quem esteja usando a internet  para vender, por até R$ 120 mil, uma das tochas usadas no percurso do símbolo olímpico por centenas de cidades brasileiras. O custo de cada tocha para o seu condutor, cobrado pelo Comitê Rio 2016, é de R$ 1,9 mil, o que tem causado muitos protestos.

As prefeituras das cidades mineiras de Betim, Gouveia e Ipatinga cancelaram a passagem da tocha por suas ruas, alegando que não teriam como gastar R$ 180 mil, valor exigido pelos organizadores da festa.

Balanço final – A prefeitura do Rio mostrou que durante os Jogos a cidade recebeu 1,170 milhão de turistas, sendo 410 mil estrangeiros. A taxa de ocupação hoteleira foi de 94%. Em 17 dias, a Olimpíada reuniu 11.303 atletas de 206 países (além da delegação de refugiados), que disputaram 42 modalidades olímpicas em 32 arenas esportivas. As competições foram transmitidas para cerca de 5 milhões de espectadores no mundo. Ao todo, 26 mil jornalistas credenciados fizeram a cobertura das competições.

Deputada de ouro – Medalha de ouro no Rio, na competição de salto em altura, a espanhola Ruth Beitia, 37 anos, é deputada, ocupando a primeira secretaria do parlamento da região autônoma da Cantabria. Filiada ao Partido Popular e diplomada em fisioterapia, a atleta de 1,93 de altura tem vários títulos ganhos em campeonatos europeus. Recebida com festa em Santander, sua cidade, Beitia vai receber do governo espanhol um prêmio de 94 mil euros (cerca de R$ 340 mil).

Cubanos presos – Os seis jogadores da seleção de vôlei de Cuba, presos em Tampere, na Finlândia, sob a acusação de abuso sexual, poderão ser condenados por um tribunal regional a oito anos de prisão. Rolando Cepeda Abreu (capitão do time), Abrahan Alfonso Gavilán, Ricardo Norberto Calvo Manzano, Osmany Santiago Uriarte Mestre, Luis Tomás Sosa Sierra e Dariel Albo Miranda aguardam a sentença.

A detenção, ocorrida durante a passagem dos cubanos pela Finlândia, onde jogaram amistosos, influiu no rendimento da seleção caribenha na Rio 2016. Cuba perdeu cinco jogos, sem ganhar um set.

Durante a preparação para a Olimpíada, o vôlei cubano se ressentiu da ausência dos seus melhores valores, hoje atuando no Brasil e na Europa. O melhor deles, o centro de rede León, com 2,10m, joga na Rússia.

Bênção papal – O esgrimista paraolímpico do Brasil, Jovane Guissone, juntamente com Sérgio Oliva, do hipismo, recebeu na última quarta-feira a bênção do papa Francisco, presenteado com um agasalho da equipe brasileira. “Sua Santidade abençoou meus pertences, desejando-me sorte e muita energia positiva nos Jogos. Ele também pediu orações pelas vítimas do terremoto na Itália. Gaúcho, Jovane tem uma medalha de ouro conquistada nas Paraolimpíadas de Londres 2012

Despedidas – Num comentário anterior mencionei três grandes expressões do esporte, que se despediram das competições olímpicas no Rio de Janeiro – Usain Bolt, Helena Isinbayeva e Michael Phelps. Por um dever de justiça, cito outros dois: Formiga, jogadora de futebol, e Manu Ginóbili, argentino, jogador de basquete.

Miraildes Maciel Mota, baiana de Salvador, 38 anos, disputou seis olimpíadas, um recorde, que divide com um espanhol e uma russa, e seis campeonatos mundiais. Possui outro recorde no seu currículo: vestiu 151 vezes a camisa da seleção brasileira. Formiga atuou em diversos clubes brasileiros, além dos Estados unidos e Suécia. Ao se despedir, ela pediu mais incentivo para o futebol feminino no Brasil.

Manu Ginóbile, 39 anos, fez parte da geração de ouro do basquete argentino, campeã olímpica em Atenas 2004, derrotando os Estados Unidos na semifinal. Foi o maior cestinha do torneio de basquete da Rio 2016. Atualmente joga pelo San Antonio Spurs, onde ganhou quatro títulos na NBA.