NOTAS OLÍMPICAS
Jornalista Carlos Gonzalez
Constrangimento – O presidente interino Michel Temer causou um mal estar junto à comitiva japonesa, que foi ao Rio para o encerramento das Olimpíadas, ausentando-se do Maracanã na noite de domingo último, com receio de que, como ocorreu na cerimônia de abertura, houvesse uma segunda sessão de vaias. A gafe adquiriu maiores proporções porque esteve presente o primeiro-ministro do país sede dos próximos Jogos, Shinzo Abe, que recusou o convite do Planalto para ir a Brasília, alegando estar com a agenda cheia.
Futebol – Nosso esporte mais popular está recuperado com a conquista do ouro, pelo menos até os próximos jogos pelas eliminatórias da Copa de 2018. Os “pacheco”, torcedores-símbolos da seleção, criado antes da Copa de 1982, na Espanha, voltaram a endeusar Neymar, esquecendo que o goleiro Weverton foi o maior responsável pela vitória, defendendo um pênalti, e os jogadores que converteram as outras quatro cobranças. “Vocês vão ter que me engolir”, ameaçou o “capitão” do time, repetindo Zagalo, em 1994.
100% desnecessário – Neymar aproveitou a vitória para, mais uma vez, fazer proselitismo religioso, exibindo uma faixa em volta da cabeça com a frase “100% Jesus”, o que poderá lhe causar uma punição por parte do Comitê Olímpico Internacional (COI), que proíbe as manifestações religiosas, comerciais, políticas, culturais e sociais durante os Jogos. A CBF também pune a militância religiosa em campo. O jogador, que tem uma vida social não condizente com os padrões evangélicos, ao que parece não incomoda o pastor Newton Lobato, da Igreja Batista Peniel, de São Vicente (São Paulo), mantida com as contribuições (dízimos) ofertadas pela família Silva Santos. O jornalista e escritor Marcelo Rubens Paiva escreveu no “Estadão”: “Sou fã de Neymar, e mais ainda de Jesus. Mas, sei que cada um deve estar no seu tempo e no seu lugar. 100% desnecessário”.
Silêncio – O COI não atendeu ao pedido feito por mais de 12 mil pessoas, para que se realizasse na abertura dos Jogos um ato pela paz no mundo. Seria feito um minuto de silêncio em homenagem aos mais de 300 mil japoneses, vítimas das bombas atômicas lançadas pelos Estados Unidos, em agosto de 1945, em Hiroshima e Nagasaki. Por outro lado, a prefeitura do Rio lembrou os 11 atletas israelenses mortos por um grupo terrorista durante os Jogos de Munique 72. Presente ao ato religioso, o ministro do Exterior, José Serra, condenou o antissemitismo que, na sua visão, enodou o evento no Rio.
Ecumenismo – O COI atendeu à solicitação do Ministério Público Federal do Rio de Janeiro, destinando um espaço no Centro Ecumênico da Vila dos Atletas às religiões de raízes africanas. O local, inicialmente, foi aberto aos cristãos, hindus, muçulmanos, judeus e budistas.
Despedida – Três dos maiores nomes do esporte no mundo anunciaram suas aposentadorias: o jamaicano Usain Bolt, tricampeão olímpico nos 100, 200 e 4×100 metros nas pistas; o nadador norte-americano Mark Phelps, que possui 28 medalhas (23 de ouro, três de prata e duas de bronze) ganhas em três Olimpíadas; a russa Yelena Isinbayeva, impedida de competir no Rio pela federação de atletismo de seu país, tem dois ouros olímpicos e sete mundiais.
Ameaçado – O etíope Feyisa Lilesa, segundo lugar na maratona, receia voltar ao seu país, onde, segundo ele, poderá ser encarcerado ou mesmo morto, pelo fato de pertencer à tribo Oromo, cujas terras vêm sendo ocupadas pelo governo. Lilesa, que pensa em pedir asilo ao Brasil ou a outro país, aproveitou a oportunidade no Rio para denunciar o clima de terror na Etiópia.
Salários – Alguns dos atletas mais bem pagos do mundo estiveram disputando os Jogos do Rio. Seus ganhos anuais estão entre R$ 89 milhões e R$ 195 milhões. Nas quadras e pistas desfilaram os americanos do basquete Kevin Durant, Carmelo Anthony e Kyrie Irving; os tenistas Rafael Nadal (Espanha), Novak Djokovic (Sérvia), Kei Mishikori (Japão) e Serena Williams (EUA); o futebolista Neymar; e o jamaicano Usain Bolt.
Hermafrodita – A sul-africana Caster Semenya, medalha de ouro nos 800 metros, chamou a atenção do público no Engenhão ao disputar as três etapas da prova. A atleta, com aparência física masculina, submetida a exames médicos em 2009, foi diagnosticada como hermafrodita, possuindo testículos internos, o que resulta numa enorme quantidade de testosterona. A medalhista, casada desde dezembro com uma mulher, gera polêmica entre suas adversárias. Para continuar competindo, ela terá que passar por tratamento específico, por exigência da Associação Internacional de Federações de Atletismo, para reduzir os níveis de testosterona.











