O PONTO DA QUESTÃO
ENCERRAMENTO E COMPETIÇÃO
Gostei mais do encerramento das Olimpíadas Rio 2016 do que da abertura que ficou a dever em termos da nossa história. As apresentações musicais, danças e as expressões artísticas do Nordeste foram o ponto alto do evento, principalmente quando foi cantada Asa Branca, lembrando nosso grande Gonzagão. Muito bom o vídeo de Tokyio, (Japão), que sediará as próximas Olimpíadas de 2020. Mais uma vez, o Carlos Nuzman, presidente do COB há mais de 20 anos, fez um discurso ufanista sob os aplausos de uma arena que mais lembrou a Roma antiga dos tempos dos Césares.
Quanto ao resultado geral do Brasil nas competições, a mídia de sempre ficou na mesmice, cheia de elogios e maravilhas, sem ao menos tecer críticas positivas, quando, na verdade, temos muito ainda que evoluir e bem mais que os outros países da comissão de frente. Saímos de 17 medalhas em Londres (2012) para 19 no Rio. É muito pouco. A natação, por exemplo, foi um desastre. Não tivemos nenhuma medalha nesta modalidade.
TODOS SÃO PARDOS
Conhece aquele ditado popular que diz que “Na noite todos os gatos são pardos”? Pois é, assim fizeram os candidatos a prefeito de Salvador (com exceção de Da Luz) que registraram sua “etnia” no Tribunal Regional Eleitoral como pardos, isto é, afrodescendentes para fazer a média política. Segundo cientistas políticos, esta é uma forma de fraudar o sistema e consideram este tipo de distorção própria de sociedades incivilizadas. É muita cara de pau, mesmo!
Com as cotas universitárias e em concurso públicos, agora todo mundo é pardo ou negro. A fraude vem ocorrendo em outras áreas. No concurso do Itamaraty passou um candidato que se declarou afrodescendente, sendo judeu, branco e neto de alemães de classe média alta. Aqui em Vitória da Conquista passou uma menina no vestibular de medicina com um falso documento de quilombola. A malandragem fala mais alto.
FALSA IMAGEM
No caso do falso assalto contra os atletas norte-americanos, que se acham superiores a todos, a mídia, a polícia e a organização das Olimpíadas fazem estardalhaços e aproveitam para passar uma falsa imagem de que não existe violência no Rio de Janeiro e se apoiam no desejo expresso dos estrangeiros com promessas de voltar ao país. Faltaram avisar a eles que a segurança não será mais a mesma com a ausência das forças armadas que vão dar espaço para o retorno dos bandidos. Portanto, não dá para condenar uma mentira e tentar apagar a realidade da insegurança nas principais capitais do Brasil. Na ação processual, a justiça obrigou o atleta a pedir desculpas para fechar o acordo. Desculpa tem que ser espontânea e não forçada. Para mim não foi desculpa. Nesta hora todo mundo quer aparecer na tela!
FORÇA MILITAR
Informações dão conta que de toda delegação brasileira nas Olimpíadas, 33% foram representados por militares (sargentos temporários arranjados), responsáveis por 81% das medalhas, graças à formação acadêmica e a disciplina. Certo que numa competição, disciplina é essencial, mas isso não quer dizer que seja o caminho ideal a percorrer. Seria o mesmo que afirmar que nossos jovens só conseguem disciplina e força de vontade se for através do regime militar. A questão é outra de ordem moral, ética e competência de organização que faltam aos dirigentes que há anos estão no poder e usam dele para fazer politicagem e até desviar recursos. A saída não é militarizar as Olimpíadas. Muitos são eleitos e poucos os escolhidos. Dos mais de 400 atletas nem 20 subiram o pódio. É preciso avançar muito mais e em passos largos porque a fila anda.
NEM TÃO COITADINHOS ASSIM!
Os atletas que se beneficiaram do programa militar, 145 dos 465 da delegação brasileira na Rio 2016 não são tão coitadinhos assim como alardeiam por aí. Os chamados terceiros sargentos recebem um salário de 3,2 mil reais mensais, mais décimo terceiro, férias remuneradas, plano de saúde, nutricionistas, fisioterapeutas e outros benefícios. Vale lembrar que o programa só atende a atletas prontos, não contando com a formação de futuros jovens atletas. Também os paraolímpicos não estão incluídos no programa de alto rendimento, deixando de fora todos os 275 que compõem a delegação do país.
LÁ SE VAI A FICHA LIMPA
Um desastre a decisão do Supremo Tribunal Federal sobre inelegibilidade dos prefeitos, passando para as câmaras de vereadores a responsabilidade última de desaprovar as contas, tornando-os fichas sujas. Isso fez cair por terra a lei da ficha limpa que tanto exigiu esforço da população. Nela os políticos poderiam ficar inelegíveis em razão das contas rejeitadas pelos tribunais de contas dos estados. Agora tem que ter o aval das câmaras e sabemos muito bem da conivência política da grande maioria dos vereadores, sem falar que muitos se vendem em troca de dinheiro, favores e cargos no poder público. Com essa medida do STF, mais de seis mil prefeitos fichas sujas serão imunizados e podem ser eleitos, sem contar que quatro bilhões de reais deixarão de retornar aos cofres públicos.
SÓ BARULHO E BAGUNÇA
Os torcedores brasileiros que foram às Olimpíadas não tinham nada a ver com as modalidades esportivas. Foram só fazer barulho e bagunça nas arquibancadas como num circo qualquer ou numa arena de luta de gladiadores, esperando tão somente o imperador fazer o sinal de negativo com o polegar para sacrificar o perdedor. Foram lá para extravasar as raivas reprimidas, não importando se essa ou aquela competição exigia concentração e silêncio. Imagine isso numa peça teatral ou num concerto musical?
PERSONAGENS
No início das Olimpíadas, turistas estrangeiros foram recepcionados no Aeroporto Internacional de Salvador (me recuso citar Eduardo Magalhães) por baianas e baianos trajados de personagens culturais representando nossos grandes escritores. À primeira vista, a ideia é boa, mas explicaram para os estrangeiros o sentido das figurações de cada um? Muita gente deve ter ficado atônita sem saber do que se tratava.
MAGISTRADO
No Dia do Magistrado, o Tribunal Regional Eleitoral e os cartórios de Salvador fecharam as portas para comemorar a data. Como já disse alguém por aí, na Bahia tudo vira festa. Com tantos feriados, já imaginou se a moda pega, tendo em vista que quase todo dia é dia de alguma coisa ou profissão?
VIOLÊNCIA MILITAR
Ninguém fala mais no caso do menino Maicon, vítima de uma desastrada ação policial num bairro pobre de Vitória da Conquista há três ou quatro anos. Não se trata de um caso isolado, mesmo porque a corporação militar no Brasil é despreparada e poucos aceitam quando se diz que ela deve ser repensada e até mesmo extinta para dar lugar a outra instituição voltada para proteger o cidadão e não para praticar agressões, principalmente contra as classes mais pobres. Quando um agente é morto fazem aquele estardalhaço e no geral colegas da vítima partem para as chamadas chacinas. Um dado mostra que no Rio de Janeiro, por exemplo, para cada agente morto, policiais mataram 24 civis em 2015. A nossa justiça é injusta e a lei é desigual, tão distante como o pobre está do rico.











