O PONTO DA QUESTÃO
ESPAÇOS VAZIOS
Em termos da grandiosidade da nossa história, a abertura das Olimpíadas do Rio 2016 foi muito econômica e deixou espaços vazios importantes que marcaram nossa trajetória nestes 516 anos na economia, na política e na cultura do nosso povo. Muito bonito o início, mas o avanço nas apresentações deixou uma enorme lacuna na história que, infelizmente, deixou de ser registrada.
Dos indígenas até a chegada dos portugueses e depois dos escravos africanos fomos diretos para a vinda dos comerciantes árabes e a imigração japonesa. Do campo às selvas de pedras (construção de edifícios), a aviação com Santo Dumont e algumas expressões da musicalidade com o samba, o maracatu o bumba meu boi e o funk. Esquecemos de Villa Lobos e Carlos Gomes (O Guarany).
Nada foi apresentado sobre os ciclos econômicos do Pau Brasil, dos Engenhos da Cana de Açúcar, da Mineração, do Café, da Borracha e da industrialização siderúrgica. Nem mesmo a implantação da Petrobrás. Na política nada sobre os períodos colonial, do Império e da República, registrando aí os principais governos dos diversos regimes, inclusive da ditadura militar, para nunca mais ser repetida. Mais uma vez, ficamos sem figurar a memória.
Na cultura, ato falho nas manifestações populares regionais como o forró com Luiz Gonzaga (Nordeste praticamente esquecido), os gaúchos do sul, o centro oeste e o norte. Foi uma abertura pobre e econômica. Fatos fundamentais deixaram de ser narrados. Nem precisava entrar em minucias.
PRAÇAS FANTASMAS
Com mais de 350 mil habitantes, Vitória da Conquista só tem uma praça urbanizada e conservada que é a Praça Tancredo Neves, antiga das Borboletas e da República (não sei o porquê de tirar o nome original). As outras não têm vida e mais parecem fantasmas de tão pouca frequência dos seus moradores. Para fazer um lazer e relaxar, as crianças, os jovens e os idosos são obrigados a se deslocarem de pontos diferentes e distantes.
A Praça do Gil, que já foi ponto de encontro movimentado de Conquista está conservada, mas precisa de uma requalificação e melhor aproveitamento. A Gerson Sales, no Alto Maron, é a mesma coisa e ainda é mais necessitada de obras de requalificação, tanto quanto a Sá Nunes, em frente do Clube Social. As da zona oeste, no Bairro Brasil (Carvão, Cajado) e outras estão abandonadas. Precisamos ter mais áreas de lazer e de convivência.
Praça Sá Nunes
OLÍVIA FLORES
Conquista , além de ser uma cidade ingrata com as pessoas que prestaram e ainda prestam relevantes serviços, é uma cidade excludente onde existe um individualismo arraigado. Por que todos os eventos da cidade, principalmente nas áreas de lazer e entretenimento, têm que ser realizados na Olívia Flores, em Candeias, um bairro de elite? Por que também não formar locais de lazer na zona oeste com fechamento de ruas para a prática de esportes e outras atividades? É por que o rio só corre para o mar? O que quero dizer é que outros bairros da cidade precisam ser urbanizados e requalificados para que seus moradores sejam beneficiados. Não é fácil uma pessoa sair da Vila Serrana para participar de um evento na Olívia Flores.
UMA POLÍTICA CULTURAL PRÓPRIA
O novo prefeito de Vitória da Conquista, em comunhão com a Câmara de Vereadores (pouca coisa vai mudar), precisa tratar a cultura com mais carinho e zelo que merece (não só Natal e São João) e apressar a criação de uma política própria para este setor, para não ficar dependendo o tempo todo dos escassos recursos do estado e do governo federal. Por que não ter seu próprio fundo cultural com abertura de concursos, feiras de livros, salões de artes plásticas, abertura de editais e lançamentos de prêmios para obras e expressões artísticas? A prefeitura, em parceria com a iniciativa privada local (renúncia fiscal), poderia abrir prêmios para literatura, fotografia, teatro, dança e outras linguagens culturais. Não podemos mais ficar dependentes dos outros poderes. Temos que fazer nossa própria política.
“CAMINHOS DO SUDOESTE”
Vou falar aqui de uma reivindicação que já dura mais de 20 anos e lembro muito bem quando ainda era gerente da Sucursal do jornal A Tarde. O pedido dos moradores é o recapeamento de 52 quilômetros da BA 262 (Poções, Nova Canaã- Iguaí- Ibicuí) e construção de uma estrada de 42 quilômetros ligando Iguaí a Dário Meira. Somente em Iguaí existem duas mil nascentes e 180 cachoeiras e cascatas, um rico patrimônio natural turístico. Estas estradas chamadas de “Caminhos do Sudoeste” dão acesso a Vitória da Conquista e como estão abandonadas têm provocado incalculáveis prejuízos para a economia de toda região.
FOTOGRAFIA
O mês de agosto não é só de desgosto como falam por aí por causa de fatos históricos nada agradáveis, como o suicídio de Getúlio Vargas, a renúncia de Jânio Quadros e a morte duvidosa de Juscelino Kubitschek. Comemora-se no mês o Dia Mundial da Fotografia, em 19 de agosto, data da apresentação, na França, em 1839 da Daguerreotipo, aparelho que antecedeu a câmara fotográfica. Será que nossos profissionais têm alguma coisa para comemorar com o avanço virtual dos celulares?
ETNOCENTRISMO
Muito etnocentrismo e pouca alteridade não são novidades no povo norte-americano. O candidato a presidente pelo Partido Republicano, Donald Trump, é uma cria deste sistema e representa o ultraconservadorismo em que o mundo está mergulhado. Infelizmente, esses povos reconhecem a si mesmos como corretos e superiores a todos os outros. Alteridade vem do latim “alter”, o outro. Os Estados Unidos só enxergam seu umbigo.
SUPERAVIT
De janeiro a julho deste ano, a balança comercial brasileira (exportações versus importações) registrou um superávit de 28,230 bilhões de dólares, só que essas transações comerciais apresentam queda desde o ano passado. As estimativas para este ano são de 50 bilhões de dólares, mas isso não quer dizer que a economia vai bem. Com queda nos níveis econômicos (menos investimentos), as importações caíram.
FRACASSO URBANÍSTICO
Para o arquiteto Paulo Ormindo de Azevedo, o programa Minha Casa, Minha Vida é um fracasso urbanístico, e só tenho mais que concordar, pois são equipamentos localizados nas periferias, sem integração com as cidades. O construtor sempre busca terrenos mais baratos e o poder público não interfere no projeto. O programa aumenta a segregação com a formação de guetos, onerando as prefeituras que são obrigadas a bancar a infraestrutura. Enquanto isso, a Caixa Federal financia apartamentos de luxo de até três milhões de reais.
PRIVATIZAÇÃO DOS ATIVOS
E a Petrobrás, hem! Está pelas beiradas vendendo seus ativos num ato claro de privatização como agora com o Campo de Carcará por 2,5 bilhões de reais. Todos na área do pré-sal, a intenção é privatizar também os campos de Gato do Mato, Tartaruga, Mestiça e Sapinhoá, na Bacia de Santos. Lembram quando Lula/Dilma fizeram um estardalhaço e anunciaram que o pré-sal renderia mais de um trilhão de reais para a educação e à saúde. Esperem sentados, Mais uma vez nos enganaram como no caso de tantos outros projetos do Proálcool e do Biocombustível, só para ficar neste.
NADANDO EM DINHEIRO
Para os banqueiros do sistema financeiro e operadoras dos sites e aplicativos da internet não existe crise econômica e política. Estes setores sempre estão nadando em dinheiro. Os bancos privados e públicos exibem cerca de quatro bilhões de reais de lucros no último trimestre em relação ao anterior e ainda acham que é pouco. As operadoras vão além disso, sem contar outras multinacionais como a Vale. O pobre é quem se lasca com a inflação e salários arrochados.
80 MIL FECHADAS
Por sua vez, de janeiro a julho deste ano quase 80 mil lojas do comércio varejista fecharam suas portas, segundo levantamento da Confederação Nacional do Comércio, contra 28 mil no mesmo período do ano passado. A queda nas vendas foi de 10,6%. Foram dispensados 268 mil postos de trabalho, contra 278 mil em 2015. Fico aqui a conversar como meus botões por que em Vitória da Conquista os números sempre são positivos, segundo a mídia local e os lojistas? Será que aqui é um Eldorado mesmo?
ATUALIZADAS
Até quando as letras das músicas de protesto no Brasil são continuar atualizadas como se tivessem sido feitas ontem? Vejam as letras das bandas Plebe Rude, Paralamas do Sucesso, Renato Russo e Cazuza, sem falar de Raul Seixas, Geraldo Vandré, Chico Buarque, Zé Ramalho, Gilberto Gil, Caetano e tantos outros. O Brasil não muda mesmo. É sempre o país do futuro que aprendemos nas escolas. Este é um assunto que rende muito e deveria ser focado por críticos literários e da sociologia.
CRAVANDO APELIDOS
A esquerda em Salvador (PT e o PCdoB) começa a campanha política cravando apelidos pejorativos e depreciativos no “baixinho” ACM Neto, chamando-o de “Golpínho”, “Menino Perfumaria” e “Menino Brilhantina”. Isso é ponto pra ele porque o povo não aprecia este tipo de provocação raivosa, principalmente no cenário atual de ódio e intolerância entre “Coxinhas” e “Mortadelas.” Uns estão cunhando a chapa de Neto de “Bolinha” e a outra parte de “Luluzinha” ou de “Chapa Ibérica” (Alice Portugal e Maria Del Carmen)
A política nossa de cada dia é suja mesmo e sem princípios. Esta esquerda que tanto excomungou o sargento Isidoro por suas posições retrógradas, racistas e homofóbicas, agora está bajulando o homem que se lançou a candidato da capital de olho na sua aliança. O cara passou a ser avançado e progressista de uma hora para outra. Ninguém fala nada contra. Já vi este filme onde muitos Isidórios ganharam eleições. O Congresso Nacional está aí como prova. Quem deu espaço ao avanço do conservadorismo no Brasil? É só observar o quadro de hoje.
COLÉGIOS MILITARES
Do outro lado, aparece um maluco (Donald Trump dos Estados Unidos todo) como o candidato a prefeito de Salvador, Rogério da Luz, ou das trevas (PRTB), e propõe que se for eleito vai transformar todas as escolas públicas municipais em Colégios Militares, com sargentos, tenentes e coronéis para ditar a ordem e a disciplina. O cara deve ser de outro planeta porque quer impor disciplina e obediência aos alunos na base da força e da ditadura, com policiais fardados e armados de revólveres nas cinturas. Por que não metralhadoras e fuzis? E o povo entra na onda de tipos desse quilate.
MERRECA DE FUNDO
No governo Lula/Dilma, o Fundo Partidário passou de 250 milhões para 860 milhões. Muitos estão dizendo que este dinheiro é pouco depois da divisão entre os partidos. Quem fala isso esquece que o problema maior é que temos partidos demais (35 ao todo) no Brasil para gastar nosso suado dinheiro dos impostos. Este valor é muito mais que isso se for levado em consideração as renúncias fiscais dadas às emissoras de rádio e televisão em pagamento ao espaço da maldita propaganda eleitoral. Pobre da nossa educação!
Somente no Brasil uma legenda, só por ter o registro, sem nunca concorrer a uma eleição, tem direito ao Fundo Partidário. O PCO (Partido da Causa Operária) que em 21 anos só elegeu um vereador recebeu 1,3 milhão do Fundo. Não existe melhor negócio no Brasil do que abrir um sindicato, uma igreja e um partido. Para completar a penca estão chegando ai os partidos Conservador, extinto em 1889, e o do Pequeno e Micro Empresário.
PUNIÇÃO A QUEM PAGA EM DIA
Temos que conviver calados com os paradoxos do Brasil. Os organismos financeiros privados e públicos estabelecem negociações e anistia de dívidas para os inadimplentes e até sonegadores dos impostos (caso da repatriação de recursos ilegais no exterior- lei 13.254). Sempre protestei que isto representa uma punição severa para quem paga suas contas em dia. Para não dizer que é uma vergonha, é uma tremenda safadeza.

















