Naquela época, há 35 ou 40 anos, o saudoso deputado presidente da Constituinte de 1988, Ulisses Guimarães, previa que cada um seria pior que o outro, mas o atual Congresso Nacional se superou a todos, com um bando de canalhas (nem todos) que está escancarando para o Brasil a sua face horrorosa de um Frankenstein.

A pauta não é do povo brasileiro, mas deles que se transformaram em seres impunes com uma PEC (Projeto de Emenda Constitucional) onde seus crimes, malfeitos e ações irregulares terão que passar pelo crivo deles em votação secreta. Os julgamentos e as sentenças judiciais não terão mais validade.

Essa PEC, chamada por muitos de vergonhosa, coloca os parlamentares no Olimpo grego dos deuses superiores intocáveis que devem ser venerados pelos seus súditos, ou como reis divinos. É difícil imaginar ter outro Congresso ainda pior que este.

Tudo isso que está acontecendo não se trata mais de uma afronta e subestimação da nossa inteligência, mas uma ação clara de que o povo não passa de marionetes em suas mãos. Nos aniquilaram ao mais baixo nível e é uma demonstração de reconhecimento de que não há mais reação popular de enfrentamento, de mobilização de protestos como antes.

Considero essa maldita PEC como mais um golpe desferido contra a nossa democracia, já que a tentativa de uma intervenção militar como queriam os extremistas bolsonaristas não deu certo porque não contaram com a adesão total das forças armadas.

Nesse embalo de deterioração social e política, de esgarçamento constitucional, com o princípio de que todos são iguais perante as leis (uma ilusão utópica), agora querem aprovar anistia geral e irrestrita para todos que tentaram um Golpe de Estado.

O presidente do Congresso, Hugo Mota, disse, com a maior cara de pau, que as ações do 8 de janeiro de 2023 de invasão e depredação dos três poderes têm visões distintas. Como assim? Só existe uma que era tomar o poder na base da força, inclusive com assassinatos dos eleitos pelas urnas.

A audácia desses parlamentares “patriotas”, que agora apelam para uma intervenção estrangeira dos Estados Unidos contra a própria pátria, é tão absurda que eles agora estão falando num meio terno de reduzir as penas dos agressores da democracia.

Como o impeachment do presidente da República está muito manjado, a intenção deles é transformar os três poderes num só todo poderoso, no que está conseguindo através do efeito da ingovernabilidade presidencialista.

Esse tsunami, ou terremoto de grandes magnitudes não está ocorrendo apenas no Brasil, mas em diversas partes do planeta, como o genocídio dos judeus na Faixa de Gaza, onde o facínora do Netanhayuo, o “Bibi” está exterminando os palestinos através das armas e da fome.

Os Estados Unidos, do Trump, estão vivendo um ensaio ditatorial como nunca visto em toda sua história desde a colonização. Além da liberdade de expressão, as minorias e os imigrantes estão sendo esmagados.

Por intermédio de grupos bolsonaristas, o Brasil é a bolça da vez em suas tentativas de impor suas arbitrariedades autocráticas e tiranas. A Rússia, a Hungria, a Bielorrússia e países asiáticos, até latinos, estão na mesma linha de fogo dos tiranos e das matanças indiscriminadas.

Aqui no Brasil ainda não chegamos a esse ponto tão crítico em que vive a humanidade, mas o Congresso Nacional parece seguir a cartilha dos demolidores da democracia e temos um campo fértil de divisões fraticidas, bem como uma massa acéfala facilmente manipulável pelo seu baixo grau de conscientização política.

Aqui prevalece a ignorância brutal, o individualismo, o silêncio dos intelectuais e uma “esquerda” que se aburguesou. Aqui prevalece a anormalidade que se tornou normal, o errado que virou coisa comum. Aqui, as multidões das ruas foram todas para os estádios de futebol ou para os shows das alienações musicais.