Nós seres humanos de um modo geral temos medo de termos medo. Muitos evitam encarar a realidade e preferem viver como se estivessem num mar de rosas e se escondem atrás de uma máscara, tentando preencher as feridas com os “encantos” do superficial capital. Somos atraídos, na maioria das vezes, pelo canto da sereia.

O medo nos ronda, faz parte da vida, como aquele leão que temos que matar a cada dia. Nosso medo é interno, espiritual, e externo, principalmente nos tempos atuais de tanta violência, golpes virtuais e presenciais. Temos medo de confiar, de amar, de mudar, de acolher o outro e até de partir para outra dimensão. Temos medo de encontrar uma pedra no meio do caminho.

Além do medo, temos nossas alegrias e tristezas que também fazem parte das nossas vidas, só que destas últimas procuramos fugir e até não se relacionar com o outro “semelhante” quando está triste porque achamos que a pessoas assim é uma carga negativa, até uma ameaça ao nosso bem-estar. Não queremos ouvir e escutar seus motivos. Aquele cara lamenta demais! Dizem que a alegria e a tristeza são um estado de espírito. Não sei decifrar isso muito bem , ou digerir.

– Lá vem aquele chato falar de seus problemas – apontamos logo o dedo em riste. Só aturamos as pessoas alegres? Muita gente não gosta, por exemplo, de ler e ouvir um poema intimista e triste. “Seu poema fala de tristeza”. E daí? A melancolia está em todos nós, só que fingimos não a ter, mas não adianta. Vislumbrar a realidade não é ser pessimista.

Os profetas do Antigo Testamento deveriam ser insuportáveis para os reis guerreiros, como o Davi e Salomão. Mesmo assim, eram convidados como conselheiros e até adivinhavam sonhos. Chamam o Jeremias de profeta das lamentações.

Quantas vezes estamos numa festa, alegre por fora e triste por dentro, mas temos que disfarçar! Quando chegamos em casa, em nosso lar, tudo volta, às vezes com força maior. Fulano hoje está calado e diferente. Oh, temos que estar alegres durante todo tempo?

O ser de hoje procura ser forte, mesmo sendo frágil, e só nos superamos quando dialogamos cara a cara com a fraqueza. Uns são extrovertidos, outros introvertidos. O fechado que procura não se abrir porque tem receio de ser julgado, sobre bem mais.

Nem sei explicar muito bem porque hoje estou assim falando de medo, alegria e tristeza. Amanhã é outro dia de mais medos, alegrias e tristezas. Somos uma carga de mistérios e não nos conhecemos a nós mesmos, nem para onde vamos. Muitas vezes nos agarramos aos pensadores como âncoras da vida, mas nem tudo que reluz é ouro.