PONTO DE VISTA
OBRA INACABADA
Fotos de José Carlos D´Almeida
Com a conclusão da pista de pouso, os acessos e o prédio do corpo de bombeiros praticamente prontos, o novo aeroporto de Vitória da Conquista, a 500 quilômetros da capital e a terceira maior cidade da Bahia, está entrando no rol das obras inacabadas e abandonadas no Brasil.
Acontece que a licitação para construção do prédio-sede do novo aeroporto, que deveria ter sido anunciada em março, ainda não saiu e estamos entrando em final de ano. Sem recursos, os governos estadual e federal enrolam e o tempo vai passando. Os mais de 80 milhões de reais já gastos podem ser tragados pelo matagal. Mais um dinheiro do contribuinte jogado fora.
O movimento de empresários pelo novo aeroporto de Conquista tem que tomar medidas sérias e concretas, como mobilizar toda sociedade para pressionar o governo a anunciar já a licitação para edificação dos equipamentos da sede. Infelizmente, no Brasil só se consegue as coisas na base da pressão política, como se diz no popular, batendo forte na mesa.
Outra coisa que o movimento tem que fazer é divulgar, através de uma comissão de líderes, a situação nos principais veículos de comunicação de Salvador porque a obra não é só de interesse local, mas estadual e nacional. É imprescindível também o esforço junto às principais entidades baianas como Federação das Indústrias, Federação do Comércio e Câmara de Diretores Lojistas.
De Conquista existem quatro deputados que precisam deixar as querelas de lado e se unirem em torno de um projeto que vai beneficiar toda comunidade. Enquanto isso, com o velho aeroporto que está mais para galpão de pouso, a cidade passa vergonha todos os dias quando recebe um visitante, devido aos inúmeros transtornos já conhecidos de todos.
DOIS DE JULHO
Já que estamos falando de aeroporto, o de Salvador que os bajuladores de ACM tiveram a insensatez de trocar o nome de “Dois de Julho” para Luis Eduardo Magalhães, é outra vergonha nacional. Sem falar nos problemas diários de embarque e desembarque, dez anos de PT na Bahia e nada foi feito até agora para que finalmente as tripulações das aeronaves possam anunciar: Estamos chegando no Aeroporto Internacional “Dois de Julho”. E ainda nos exige que tenhamos orgulho de sermos baianos e brasileiros. É pedir demais!
CENTRO DE CULTURA
Voltando para Vitória da Conquista, além do decantado novo aeroporto, a reforma do Centro de Cultura Camilo de Jesus Lima já é de fato uma obra inacabada que rola há mais de dois anos. Pela total falta de reação da sociedade, e aqui incluo os segmentos do poder público, empresarial e artístico, cultura é apenas um detalhe pequeno na decoração, sem muita importância. Tirando fora os shows de São João e Natal, a nossa cidade é pobre em eventos culturais que envolvem as diversas linguagens artísticas, como literatura (algumas produções independentes), teatro, dança, artes plásticas e até mesmo na música. A maioria vive a mendigar uma produção aqui e acolá com a cuia na mão.
CANCÃO DE FOGO
Um exemplo claro quando falo da total falta de apoio e reconhecimento está na ação do nosso amigo e companheiro professor Antônio Andrade Leal que há anos luta sozinho para divulgar a cultura nordestina através dos cordéis. Ele edita o jornal de poesias “Cancão de Fogo”, como a quarta edição de junho que trata das canções e tradições juninas. É um batalhador incansável em prol da cultural popular. Com sua turma, Andrade esteve aqui em nosso Espaço Cultural “A Estrada” numa noite proveitosa dedicada a todos cordelistas. È nosso digno convidado para comemorar os cinco anos do nosso Espaço e participar do nosso sarau. Em breve!
CASO MAICON
Fosse um rico ou filho de uma celebridade, a ação desastrada de policiais que terminaram matando e sumindo com o corpo do menino Maicon há quase três anos num bairro da periferia, já teria sido esclarecida e os culpados punidos. Como se trata de uma família pobre coitada, a sociedade simplesmente se cala e segue hipocritamente suas vidinhas fazendo suas caridades aqui e acolá como se nada tivesse acontecido. Os parentes não tiveram o direito nem de enterrar o menino. A morte aqui, meus amigos, tem hierarquia. Vale quanto pesa, ou quanto tem.
TERMINAL
Literalmente, o Terminal de Ônibus da Lauro de Freitas de Vitória da Conquista há muito tempo que está em estado terminal mesmo de coma. Além da poluição sonora e ambiental com a fuligem dos canos de ônibus e veículos em geral, os passageiros sofrem com o aperto, pois a área, desprovida de uma estrutura condizente e digna, tornou-se pequena para a demanda da cidade. A pouca cobertura de bancos está suja e desgastada. O poder público, quando provocado, fala em reforma e ampliação, mas pergunto ampliar mais o quê ali, se não existe mais espaço para tal? A saída é construir outro terminal fora do centro e revitalizar aquela área. Aliás, todo centro de Conquista precisa de um banho de renovação.
Tem gente que acha que criticar o feio e o errado é não gostar da cidade. Merece ser banido e excluído como persona non grata. Já ouvi muito isso nos meus tempos de atuação jornalística na Sucursal do jornal A Tarde. Tomei muita porrada, ainda tomo, mas continuo firme de cabeça erguida porque não tenho “rabo preso” com ninguém.