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“EU QUERO É ROSETAR”

(Chico Ribeiro Neto)

Adoro ler placas nas portas de casa, de garagens, pichações, frases nos postes (a gente devolve seu amor em 48 horas), parachoque de caminhão e outras mais.

Num restaurante de um posto de gasolina, na estrada para Caculé (BA), tem um cartaz junto à pia: “Favor lavar somente as mãos”.

Antigamente tinha um cartaz nos ônibus rodoviários: “Proibido fumar cachimbo,  charuto e cigarro de palha”. O cigarro normal podia.

Frase em parachoque de caminhão: “Se nosso amor virou cinza é porque eu mandei brasa”.

Cartaz num buteco de Caculé: “Aqui não entra bêbado. Só sai”.

Vi esse cartaz colado num poste do canteiro central da Avenida Centenário, em Salvador: “Luciano, você está me traindo com meu irmão. Tenho imagens”. Abaixo do cartaz vinha um QR Code. Eu estava sem celular. No dia seguinte o cartaz estava todo dilacerado.

Em Brumado (BA) o dono de uma casa pintou no muro, com letras grandes em tinta preta: “Proibido colar cartazes”.

Faustino foi um importante personagem nos muros da Pituba, Barra e Graça de 1979 a 1985. As pichações diziam:

“Faustino cheira o fio dental”.

“Faustino faz piquenique no motel”.

“Faustino malha com a pochete na cintura”.

Alguns jornalistas chegaram a comentar que Faustino era o retrato de um cara classe média, mas o criador do personagem, o artista plástico Miguel Cordeiro, disse numa entrevista ao site Bahia Notícias (2/3/2013): “O cara pode ser rico e ser Faustino e pode ser pobre e ser Faustino”.

“Faustino canta no coral da empresa”.

“Faustino atrasa no caixa eletrônico”.

Um novo morador chegou numa cidade do interior. Era um caminhoneiro e no parachoque dianteiro do veículo estava escrito: “Eu quero é rosetar”.

Os defensores da moral e bons costumes, os “cidadãos de bem”, foram reclamar às autoridades.

O padre, o prefeito e o juiz intimaram o caminhoneiro a tirar aquela frase “obscena” do parachoque. Ele assinou um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) e foi marcada a data de lançamento da nova frase.

Cinco dias depois, presentes as três autoridades locais, mais o delegado, o presidente do Centro Cívico do colégio, membros da Maçonaria e outros, a filarmônica tocou o hino nacional. Prefeito, padre e juiz retiraram o pano que cobria o parachoque e estava escrito: “Continuo querendo”.

(Veja crônicas anteriores em leiamaisba.com)

 

SESSÃO DISCUTE QUESTÕES TRIBUTÁRIAS

Na pauta de hoje (dia 05/09/2025), a sessão plenária da Câmara Municipal de Vereadores vai discutir projetos enviados pelo poder executivo, tais como o Programa Municipal de Estímulo à Conformidade Tributária- ConformISS, a alteração na regulamentação da Contribuição para Custeio do Serviço de Iluminação Pública (Cosip), que passa a se chamar Contribuição para Custeio dos Serviços de Iluminação Pública e Modernização Urbana (Cosip-UM. Pode ter certeza que vem aí mais taxas e custos para os moradores. Esses projetos só mudam de nome.

O legislativo também vai apreciar seus projetos de Criação do Programa Municipal de Prevenção e Combate à Obesidade Infantil, a implantação do Selo “Escola Amiga da Educação Inclusiva”, dentre outros. Durante os trabalhos, a Câmara também vai conceder, mediante aprovação, títulos de cidadãos conquistenses.  A população precisa estar mais presente nas sessões da Câmara para emitir suas opiniões contra ou a favor.

“AMÁLGAMA”, UMA EXPOSIÇÃO DE ROMEU FERREIRA E ALBERTO BRANDÃO

Vale a pena dar um pulo no Centro de Cultura Camilo de Jesus Lima e fazer uma reflexão sobre “AMÁLGAMA”, uma exposição de dois renomados artistas Romeu Ferreira e Alberto Brandão que, cada um com seus estilos diferentes, unem rostos e corpos de gentes negras e indígenas nordestinas, que juntas formaram essa mestiçagem mameluca originária também de portugueses, judeus e árabes.

Romeu, um artista inconfundível a partir de suas expressões fortes de linhas e riscados predominantemente preto e branco, como se sua arte penetrasse nas entranhas profundas do físico e do mental das pessoas, com seus alaridos externos e internos. Brandão entra no mesmo sentido filosófico-político e social dessas raças humanas, porém com suas imagens coloridas.

“AMÁLGAMA”, palavra que vem do árabe e significa mistura ou ajuntamento de pessoas ou coisas diferentes. É como misturar o mercúrio com outro metal. A princípio parece uma confusão de alquimistas que terminam encontrando uma fórmula única para dar significados diferentes a uma mesma coisa, a um mesmo sentido.

É uma viagem ao mundo artístico sobre seres humanos específicos, vistos pelas lentes ou pinceis de cada um dos artistas. Cada um, dentro da sua visão, vê a mesma coisa, mas com pinturas diferentes que agradam o expectador, principalmente o apreciador da arte e da cultura.

É uma linguagem onde cada um viaja no seu imaginário e faz a sua livre interpretação. A pintura nos leva a essa dimensão metafísica. Romeu Ferreira e Alberto Brandão nos transporta para esse mundo nordestino, retratando o negro, o indígena e o “branco” mameluco.

PLACAS DO AGRESTE

O Nordeste agreste não é somente cultura e histórias, muitas das quais de violência e miséria de um povo há séculos abandonado e explorado pelos coronéis, senhores de engenho e governantes.  Do seu chão irrigado brotam frutas e outras lavouras de sequeiro de sustento do nordestino trabalhador e forte. Seu solo pode árido, mas é fértil. Tem o vento e o sol escaldante quase o ano inteiro que também produzem energia, como estas placas solares extraídas das nossas lentes, em Anagé, distante pouco mais de 50 quilômetros de Vitória da Conquista, na boca do sertão sertanejo do mandacaru. O Nordeste é hoje o maior produtor dessa energia limpa, a solar e a eólica, no Brasil. Só que a ganância do capitalismo selvagem ainda opta pelos combustíveis fósseis poluidores do meio ambiente. Toda essa riqueza está aqui bem perto de nós, só que necessita de mais investimentos. Infelizmente, as outras regiões, sobretudo a sulista, e a grande mídia ainda têm uma visão estereotipada do Nordeste onde só se mostram as barbaridades do cangaço e das volantes de antigamente, sem falar da pobreza. O Nordeste é muito mais que isso.

O CANGAÇO E A VOLANTE

Poema de autoria do jornalista e escritor Jeremias Macário

Revoltam Severino e Maria,

Um vai pro cangaço,

O outro entra na volante

Porque não existe outra via.

 

Pelo espinhaço do sertão

Entre espinhos e garranchos,

No lajedo agreste do Nordeste,

Pobres miseráveis em seus ranhos,

Cortam o cangaço e a volante,

Em seus picados matreiros

Nessa terra de gigante.

 

Lá vão Antônio Silvino,

Lampião, Sinhô Pereira,

Corisco e Jesuíno Brilhante,

Bandos de valentes guerreiros,

Na tora da bagaceira,

Nos rastros de seus coiteiros.

 

O Cangaço chama a volante

De “macaco” bandido,

A volante de salteador bandoleiro,

E o povo se lasca num “partido”.

 

Cabeças decepadas e degoladas,

Gargantas cortadas sangradas,

Corpos esquartejados ferrados,

Como gado magro em manadas,

Sangue a jorrar pelo chão,

De pedregulho, seco estorricado,

Fardas esfarrapadas,

Mulheres escravas estupradas,

O cangaço e a volante

Criados pelo sistema dos coronéis,

Doutores, senhores de engenho,

Com suas afiadas chibatas de anéis.

Ditam suas sentenças,

Impõem seus costumes,

Baseados em suas crenças.

 

O murmúrio se cala no além

Pelas armas do rifle, fuzil e do punhal

Nessa região de ninguém

Onde o choro fica entalado,

Em meio à desgraça e o cabedal.

E o cangaço e a volante

Fazem sua carnificina brutal.

 

O cangaço com sua canga,

No cipó de boi torturador,

Arranca olhos e retalha peles.

Tem até o ferro castrador,

Ferraduras, lapadas de reio cru,

Nesse inferno de fogo e aço,

Crucifica humanos no mandacaru.

 

A volante ainda é mais cruel

Com suas barbaridades medievais

Riscam como raios do céu.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

OS 45 ANOS DA ACADEMIA DE LETRAS

Com a apresentação do núcleo da orquestra Neojibá de Vitória da Conquista, a Academia Conquistense de Letras-ACL comemorou seus 45 anos de existência, período em que discutiu e contribuiu para o engrandecimento da cultura da cidade.

Na ocasião, o confrade Benjamim Nunes, que nos deixou esta semana e partiu para outra dimensão, foi homenageado com um minuto de silêncio e pela presidenta Elvarlinda Rocha Jardim que em sua fala fez menção ao legado que Nunes nos deixou para a cultura conquistense, sempre recebendo as pessoas com seu largo sorriso.

Os trabalhos pela comemoração dos 45 anos do colegiado foram realizados ontem (dia 03/09/2025), por volta das 19 horas, na sede da Academia, no Centro de Cultura Camilo de Jesus Lima, e contou com as presenças de vários acadêmicos e convidados. Muitos estradeiros do “Sarau A Estrada”, que está completando 15 anos, se uniram às homenagens de parabéns pelo seu aniversário.

Foi uma noite descontraída e fraternal no estilo de um sarau onde muitos se expressaram com declamações de poemas e cantorias de violas, como do acadêmico, cantor, poeta e compositor Dorinho Chaves em parceria com Manno Di Souza.

A presidente da ACL, em seu discurso, fez um breve histórico da entidade de letras, desde quando ela foi fundada em três de setembro de 1980 por um grupo de pessoas iluminadas e interessadas por propagar a arte e a cultura em Conquista.

Na oportunidade, ela citou os nomes de todos os fundadores, destacando Carlos Nápoles, Ricardo Benedictis, Evandro Gomes Brito, dentre tantos outros. Foi uma comemoração singela, mas significativa e profunda que tocou a alma de todos que compareceram ao ato.

 

DUAS FACES DA MESMA MOEDA

É bom que fique bem claro que não estou aqui me colocando em posição contrária ao julgamento dos réus que tramaram um Golpe de Estado contra a democracia no final do Governo do ex-capitão Jair Bolsonaro, o “Bozó”, culminando com o atentado aos três poderes em oito de janeiro de 2023.

No entanto, quando falo de duas faces da mesma moeda, isso me faz lembrar do julgamento parecido do Supremo Tribunal Federal –STF sobre a questão da anistia geral e irrestrita decretada em 1979 onde incluía os torturadores da ditadura civil-militar de 1964.

Os ministros do colegiado decidiram não punir os criminosos que torturaram, mataram e desaparecerem com centenas de corpos de presos político que se opunham ao regime. O tratamento deveria ser o mesmo, mas os mentores nem foram a júri.

Como há mais de 50 anos, as provas agora são bem claras e o plano só não deu certo porque não teve a adesão dos comandantes do Exército e da Aeronáutica, bem como de outros oficiais que rechaçaram a ideia maldita. Eles se recusaram a entrar nessa barca furada dos trapalhões.

Se houvesse a adesão total das forças armadas, quem iria governar o país com mão de ferro seria uma junta militar e não o Bolsonaro, como muitos seguidores, que foram às ruas pedir intervenção militar, imaginavam. Como diz o ditado popular, iam “cair do cavalo”. Eles apenas estavam sendo usados como bucha de canhão, ou como inocentes úteis.

O esquema era tão “doido e maluco” que visava matar o presidente eleito da República, seu vice e o ministro do STF, Alexandre de Moraes. No meio uns generais de pijama como maiores incitadores para derrubar a democracia e implantar um regime de opressão.

Em toda trama ditatorial existem fatos parecidos e objetivos similares, só que a ditadura de 1964 já vinha sendo urdida e esquematizada desde o suicídio de Getúlio Vargas, em 1954. As cabeças eram mais pensantes e houve várias tentativas pelo caminho, incluindo a renúncia de Jânio Quadros, em 1961, e a posse do vice João Goulart.

Naquela época da Guerra Fria entre Estados Unidos e Rússia, o maior inimigo era o comunismo que dividia parte dos países com o capitalismo. Havia até uma adesão do governo norte-americano que não queria ver outra Cuba na América Latina. A situação geopolítica era diferente.

Em 1964, no início do movimento, também não houve adesão de todos generais, mas o vacilo de Jango fez o jogo mudar, e a Igreja Católica, junto com a classe média conservadora, empurrou mais ainda nosso país para o abismo.

Dessa vez, os extremistas de direita e os evangélicos tentaram também colocar o comunismo como inimigo, mas não emplacou, sem contar a reação contrária das comunidades internacionais, inclusive do Governo dos Estados Unidos, não do atual.

Quanto ao este julgamento, pelas evidências de documentos, das ações e falas em reuniões e praças públicas, das declarações do delator Mauro Cid, dos acampamentos diante dos quartéis, dentre outras tramas, existem provas contundentes que poderão criminalizar e até punir os réus com cadeia, mas não por muito tempo.

O julgamento em si já é uma resposta e serve como exemplo para que outros não tentem mais na frente armar um Golpe de Estado contra a democracia. Pelo menos já é um fato inédito na história do Brasil ter no banco dos réus um ex-presidente que tentou dar um golpe num governo eleito pelo povo.

CONVERSA DO FIM DO MUNDO

Tem aquele cara que é polêmico por compulsão e em tudo tem que contestar, até dizer que pedra não é pedra, é pau ou outra coisa qualquer, como da escolinha do professor Chico Anísio. “Há controvérsias, professor”! Lembra?

O tipo polêmico pega um termo ou uma expressão mal colocada do companheiro e leva a conversa para o fim do mundo. Discute a semântica da palavra, a questão antropológica, o significado, a etimologia, o sentido filosófico, o sinônimo, antônimo, o politicamente correto e incorreto e os escambais.

– Mas, moço, não foi isso que quis dizer, talvez não tenha me expressado bem, ou houve um ruído na comunicação. Quis falar…

Antes de terminar, o polêmico já entra com outro argumento e somente ele acha que está com a razão, faz rodeios, tergiversa e já emenda outra versão do fato, muitas vezes uma coisa que não tem nada a ver com a outra.

Tenha paciência ou saco para aturar! Por mais que você procure ser claro em seu pensamento, o polêmico não desiste nunca. Não tente chegar a um denominador comum que é perda de tempo.

– Olha bicho, você está certo! Fim de papo e tchau, meu camarada! Fui… Aí, mata o cara, e ele fica espumando de raiva com o gosto de que queria esticar mais a conversa. Talvez eu tenha um pouco disso porque já me chamaram de polêmico inveterado. Deveria existir o Grupo dos Anônimos Polêmicos- o GAP.

E o chato, meu amigo! Este ainda é pior porque ninguém consegue suportar. Quer vê-lo de longe. Em quase todos lugares de trabalho e em grupos de amizades, sempre tem um, do tipo que quando você o ver numa calçada, rua, avenida ou praça, procurar desviar para outro lado e se esconder.

O chato é o chato, como diz o cantor e compositor Oswaldo Montenegro. Na redação do jornal “A Tarde”, em Salvador, tinha um colega que era insuportável. Quando ele apontava, um olhava para o outro e lá vinha aquela piada e apelido de “prosa ruim”.

– E aí, colega, o que fez ontem, tomou umas, comeu o quê, deu uma, saiu com a mulher e os meninos, como está a patroa? Ah, caramba, você não sabe o que aconteceu comigo e tome conversa chata cheia de detalhes, nos “mínimos detalhes” do programa humorístico da véia de “A Praça é Nossa”.

Aqui na Sucursal do jornal, convivi com um funcionário que soltava toda sua chatice quando bebia umas e outras. Era um porre de lascar e de deixar qualquer um fora do prumo ou do rumo. Haja saco e mais saco! O pior é que tinha a mania de falar pegando nos outros, no gruda-gruda, no agarra-agarra.

Por falar nisso, tem aquela pessoa que, mesmo sóbria, só sabe falar com você agarrando nos braços, nas pernas e outros lugares inconvenientes. Conversa com o rosto em cima de você, como se fosse beijar na boca. É um tormento!

Por educação ou gentileza, as pessoas não o chamam a atenção e ele continua sendo o chato de galocha, o mais chato dos chatos, o campeão da chatice.

– Porra, Catatau, você só sabe conversar pegando e com a cara em cima da gente! Se toca! Vi uma vez um amigo perder a paciência e dizer a verdade. O chato não gostou nada disso e revidou com xingamentos. Quis até partir para briga, mas vá brigar com um chato!

Tem o que fala baixo, o que conversa alto e não dá espaço para o outro – o meu caso por natureza, com aquela voz rouca de Paulo Diniz. Tem o educado e o gentil, com ar de aristocrata inglês de primeira classe.

Entre todas essas personagens ilustres e folclóricas que poderiam ser tombadas ou se tornarem patrimônio público material e imaterial da humanidade pelos municípios, estados, União ou até mesmo pela Unesco, a que tenho mais medo é a do gentil de fala mansa.

É, meu caro amigo, este último não é de muita confiança e fique atento de olhos abertos ou arregalados. É o tipo traiçoeiro, calculista, figadal e vingativo que pode lhe dar o bote na primeira oportunidade. Sou mais aquele ou aquela que é direto e lhe diz a verdade na tampa, mesmo que desagrade.

Também tem aquele dos chistes, do assim não pode, assim não deve, tá, tá, tá, viu, né, né, né, pois é e por aí vai repetindo essas expressões por mil vezes numa conversa do fim do mundo, e nem percebe.

Ia me esquecendo do fofoqueiro e da fofoqueira que têm um bom coração e não lhe fazem mal, mas não perdem uma para espalhar os boatos. Em comadre, tá sabendo da maior? Conta amiga que minha boca é um túmulo! Deus está vendo!

Não se preocupem porque cada um tem um pouco de cada, uns menos e outros mais, só não somos todos iguais perante as leis. A vida é assim e vamos levando numa boa. O que não dá é ser sacana, desonesto, escroto, corrupto e mal-intencionado.

 

 





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