Poema de autoria do jornalista e escritor Jeremias Macário

Meus sentimentos,

Vagueiam em alto mar,

Como pedaços de mim;

Meu choro rasga minhas entranhas:

São lágrimas internas em meu jardim,

Como pedras que rolam das montanhas.

 

Pedaços cortados de mim,

Amor inculto a dilacerar;

Sou como pássaro solitário,

Na caça da fome a voar.

 

Pedaços entrelaçados de mim,

Tropeço aqui e acolá;

Na estrada que tem seu fim:

Morte, castigo do Alá.

Sou apenas um passageiro,

Vulto, sombra e confusão,

No andar cambaleante da contramão.

 

Pedaços doídos de mim:

Dizem que a vida é canção.

Nas curvas, não vejo assim, não,

Quando bate a melancolia,

Parto para outra estação.

 

Minha alma está inerte,

Nesse cenário teatral;

Navegam pedaços de mim

Pelo mundo sideral.

 

Vem a tempestade e me açoita,

Sem pena e compaixão;

Seguro firme no chão,

Sinto que ela vai me estraçalhar,

Mas sou guerreiro forte,

Sei que vou me salvar.