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:: 5/set/2025 . 22:53

O ESTADO TEM UMA DÍVIDA COM AS MULHERES NORDESTINAS ESTUPRADAS

Durante quase 100 anos mulheres nordestinas, entre crianças, jovens e adultas, foram estupradas pelo cangaço e pelas volantes de forma cruel e brutal. O Estado corrupto foi negligente e conivente com essa situação porque suas forças, além de precárias e despreparadas, foram as maiores estupradoras dessas mulheres desprotegidas, também vítimas dos cangaceiros.

Por muitos anos, entre o meado do século XIX até quase metade do século XX, essas mulheres, além do sistema patriarcal opressor onde os homens eram seus donos e as usavam como mercadorias, viviam boa parte do seu tempo escondidas nas caatingas, ora fugindo dos bandoleiros, ora das volantes que estupravam crianças e até idosas. Elas viveram anos de terror sem nenhuma proteção do Estado.

Sobre o assunto, vejamos o que descreve o escritor e pesquisador Luiz Bernardo Pericás em sua obra “Os Cangaceiros-ensaio de interpretação histórica”. Ao falar sobre o ato de ferrar pessoas pelo cangaço, ele cita que o mais famoso “ferrador” de mulheres foi o “Zé Baiano”, do bando de Lampião, também conhecido como a “pantera negra dos sertões”.

Em 1932, depois de receber em mãos uma carta “provocadora” escrita por algumas “damas respeitáveis” da cidade de Canindé, onde mandavam um recado para Lampião de que se ele desaprovava cabelos curtos em mulheres, elas iriam fazer o que bem entendessem, pois não eram donas do rei do cangaço.

Como lição, Lampião invadiu a cidade e mandou o “Zé Baiano” marcar a ferro em brasa o rosto e outras partes íntimas do corpo das mulheres casadas ou parentes de soldados, com sua marca “JB”. Ele também cortava as línguas das mulheres que usassem maquiagem e vestidos curtos.

O bandido Lucas da Feira, baiano nascido num povoado de Feira de Santana, que formou um bando a partir de 1828 até 1840, responsável pelo assassinato de cerca de 150 pessoas, estuprava as filhas dos senhores rurais num misto de bullying e de ódio racial.

“Sua crueldade chegava a tal ponto que costumava, depois de consumado o estupro, passar mel de abelha nas jovens, que eram amarradas, sem roupas, em tronco de árvores para serem devoradas pelos insetos e animais. Lucas chegou a “sangrar o ventre” de uma mulata em adiantado estado de gravidez com “lapadas de relho cru”.

Era notório sua crueldade para com as mulheres. Lucas crucificou uma jovem branca de 15 anos num pé de mandacaru, repleto de espinhos, tão somente porque foi rejeitado por ela. O bandido se relacionava muito bem com figuras políticas locais de prestígio, para as quais prestava serviços.

As volantes, que perseguiam os cangaceiros, quando chegavam em algum vilarejo ou cidade, descarregavam todas suas raivas por serem mal pagos pelos governos (muitas vezes ficavam sem receber seus soldos ou eram “pagos” com dinheiro falso) nas mulheres que eram vítimas de estupros e outras atrocidades bárbaras.

 





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