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:: 1/set/2025 . 22:25

CONVERSA DO FIM DO MUNDO

Tem aquele cara que é polêmico por compulsão e em tudo tem que contestar, até dizer que pedra não é pedra, é pau ou outra coisa qualquer, como da escolinha do professor Chico Anísio. “Há controvérsias, professor”! Lembra?

O tipo polêmico pega um termo ou uma expressão mal colocada do companheiro e leva a conversa para o fim do mundo. Discute a semântica da palavra, a questão antropológica, o significado, a etimologia, o sentido filosófico, o sinônimo, antônimo, o politicamente correto e incorreto e os escambais.

– Mas, moço, não foi isso que quis dizer, talvez não tenha me expressado bem, ou houve um ruído na comunicação. Quis falar…

Antes de terminar, o polêmico já entra com outro argumento e somente ele acha que está com a razão, faz rodeios, tergiversa e já emenda outra versão do fato, muitas vezes uma coisa que não tem nada a ver com a outra.

Tenha paciência ou saco para aturar! Por mais que você procure ser claro em seu pensamento, o polêmico não desiste nunca. Não tente chegar a um denominador comum que é perda de tempo.

– Olha bicho, você está certo! Fim de papo e tchau, meu camarada! Fui… Aí, mata o cara, e ele fica espumando de raiva com o gosto de que queria esticar mais a conversa. Talvez eu tenha um pouco disso porque já me chamaram de polêmico inveterado. Deveria existir o Grupo dos Anônimos Polêmicos- o GAP.

E o chato, meu amigo! Este ainda é pior porque ninguém consegue suportar. Quer vê-lo de longe. Em quase todos lugares de trabalho e em grupos de amizades, sempre tem um, do tipo que quando você o ver numa calçada, rua, avenida ou praça, procurar desviar para outro lado e se esconder.

O chato é o chato, como diz o cantor e compositor Oswaldo Montenegro. Na redação do jornal “A Tarde”, em Salvador, tinha um colega que era insuportável. Quando ele apontava, um olhava para o outro e lá vinha aquela piada e apelido de “prosa ruim”.

– E aí, colega, o que fez ontem, tomou umas, comeu o quê, deu uma, saiu com a mulher e os meninos, como está a patroa? Ah, caramba, você não sabe o que aconteceu comigo e tome conversa chata cheia de detalhes, nos “mínimos detalhes” do programa humorístico da véia de “A Praça é Nossa”.

Aqui na Sucursal do jornal, convivi com um funcionário que soltava toda sua chatice quando bebia umas e outras. Era um porre de lascar e de deixar qualquer um fora do prumo ou do rumo. Haja saco e mais saco! O pior é que tinha a mania de falar pegando nos outros, no gruda-gruda, no agarra-agarra.

Por falar nisso, tem aquela pessoa que, mesmo sóbria, só sabe falar com você agarrando nos braços, nas pernas e outros lugares inconvenientes. Conversa com o rosto em cima de você, como se fosse beijar na boca. É um tormento!

Por educação ou gentileza, as pessoas não o chamam a atenção e ele continua sendo o chato de galocha, o mais chato dos chatos, o campeão da chatice.

– Porra, Catatau, você só sabe conversar pegando e com a cara em cima da gente! Se toca! Vi uma vez um amigo perder a paciência e dizer a verdade. O chato não gostou nada disso e revidou com xingamentos. Quis até partir para briga, mas vá brigar com um chato!

Tem o que fala baixo, o que conversa alto e não dá espaço para o outro – o meu caso por natureza, com aquela voz rouca de Paulo Diniz. Tem o educado e o gentil, com ar de aristocrata inglês de primeira classe.

Entre todas essas personagens ilustres e folclóricas que poderiam ser tombadas ou se tornarem patrimônio público material e imaterial da humanidade pelos municípios, estados, União ou até mesmo pela Unesco, a que tenho mais medo é a do gentil de fala mansa.

É, meu caro amigo, este último não é de muita confiança e fique atento de olhos abertos ou arregalados. É o tipo traiçoeiro, calculista, figadal e vingativo que pode lhe dar o bote na primeira oportunidade. Sou mais aquele ou aquela que é direto e lhe diz a verdade na tampa, mesmo que desagrade.

Também tem aquele dos chistes, do assim não pode, assim não deve, tá, tá, tá, viu, né, né, né, pois é e por aí vai repetindo essas expressões por mil vezes numa conversa do fim do mundo, e nem percebe.

Ia me esquecendo do fofoqueiro e da fofoqueira que têm um bom coração e não lhe fazem mal, mas não perdem uma para espalhar os boatos. Em comadre, tá sabendo da maior? Conta amiga que minha boca é um túmulo! Deus está vendo!

Não se preocupem porque cada um tem um pouco de cada, uns menos e outros mais, só não somos todos iguais perante as leis. A vida é assim e vamos levando numa boa. O que não dá é ser sacana, desonesto, escroto, corrupto e mal-intencionado.

 

 





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