– Viu como o nosso futebol brasileiro está bem representado no Mundial de Clubes da Fifa, deixando os europeus no chinelo? Eles não vão mais ficar aí fazendo chacotas do nosso futebol, o maior do mundo – comenta o torcedor para o seu outro seu rival, com apertos de mãos e tapinhas nas costas.

É o assunto do momento que até roubou a cena do nosso falso São João, mas estão surfando na onda da mídia esportiva que é a mais tendenciosa e omite muitas coisas. Diz ela que são jogadores de altíssimo nível, o que não é verdade.

– Você esqueceu, meu amigo, que os times brasileiros hoje, especialmente da série “A”, estão todos enxertados com mais de seis estrangeiros da América do Sul e até da Europa, muitos dos quais de seleções de seus países – falei para o torcedor empolgado com a camisa rival do meu tricolor Fluminense, sem querer ser espírito de porco.

O cara meio que titubeou, não deu o braço a torce e saiu com outro argumento que não convence muito. Como todo fanático, arrematou que o futebol brasileiro ainda é o melhor. Ainda garantiu que vai ser campeão desse torneio da Fifa, feito para ganhar dinheiro.

– Como no futebol, a gente se deixa levar em outras coisas por essa mídia de exaltação, que apenas se preocupa em vender seu peixe. Veja como está a classificação do Brasil entre as seleções da América do Sul nas eliminatórias para a Copa de 2026? Está no quarto lugar! Seria o último colocado se dessa vez não fossem seis os selecionados – tentei convencê-lo.

Nesse papo furado de futebol, de jogar conversa fora, citei até o nosso grande cronista Nelson Rodrigues, tricolor das Laranjeiras, quando disse que toda unanimidade é burra e ainda soltou a sua irreverência de que o brasileiro tem complexo de vira-lata. Parece que essa copa está aliviando o brasileiro dessa carga pesada do complexo.

 

Tenho acompanhado essa copa (alô meu saudoso amigo tricolor Carlos Gonzalez que já partiu, grande especialista que foi no assunto) e observei que a maioria dos gols têm sido de cabeça. Não sei o porquê, mas acho o gol de cabeça feio, sempre naquela bola cruzada na base do empurra-empurra. Poderia ser proibido fazer gol de cabeça, mas isso é coisa maluca da minha cabeça.

Outra coisa é que não vi um craque novo, tipo revelação nessa copa – uns mais velhos, como Messi, Suarez, Crisma e outros, apagados em campo -, visto que no Brasil, há muitos anos que acabou essa safra. Tem mais pernas de paus que dão aqueles chutões de atravessar os estádios.

A mídia esportiva passa o tempo todo floreando, enchendo linguiça e jogando confetes em jogador quando acerta alguns lances dignos do futebol. Não estou vendo nada de exuberante para encher os olhos e mudar de opinião.

O atleta de hoje basta encostar que ele cai e pede falta. Por falar nisso, o mais ridículo é quando todos correm para cima do juiz. Isso já poderia ser terminantemente proibido na regra. Dá cartão para todo mundo, seu juiz, e acaba logo com esse baba!

Prefiro ser mais uma metamorfose ambulante, como diz o grande cantor, músico e compositor baiano, pai do rock rool, Raul Seixas, do que ter aquela opinião formada sobre tudo.

– Para ser sincero, meu companheiro, torcedor fica cego e faz aquela farra de elogios e de cachaça quando seu time ganha e xinga “pra burro” quando perde. Não temos mais craques como antigamente que infernizavam as defesas dos adversários.

– Tenho mesmo é saudades daqueles tempos de Garrinha, Djalma Santos, Didi, Pelé, Rivelino, Tostão, Dirceu, Clodoaldo, Jairzinho, Ronaldo, Romário, Ronaldinho, Sócrates, Zico e, por último, até do moleque Neymar, que só quer saber de baladas, Nisso até que o cara concordou.