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:: 24/jun/2025 . 22:35

A NOSSA MÍDIA CAIU NO RIDÍCULO

Cena um, o repórter transmite o São João do Parque de Exposições de Salvador e informa da passagem do cantor Thierry com sua sofrência e anuncia a entrada de uma banda sertaneja. Cena dois, ele diz que a festa na capital é a melhor do Brasil. Cena três, lá de Caruaru, em Pernambuco, o outro colega faz seu estardalhaço com a presença de Zezé de Camargo e também enfatiza que a festa junina da cidade é a maior do país.

O forró ficou de fora, em seu canto solitário, ou foi posto na solitária como um condenado de alta periculosidade para as mentes humanas. “Tivemos pagode, arrocha, sofrência, sertanejo, axé e também forró”. Essa é a transmissão mais comum que se ouve dos jornalistas nessa época junina.

Durma com um barulho desse, meu camarada! Que me desculpem os colegas da nova geração, que a esta altura deve me apedrejar, mas a nossa mídia caiu no ridículo por perder o senso crítico.

Como profissionais formadores de opinião, a função deles é defender a preservação da nossa cultura popular, a tradição de séculos, muito bem representada por Luiz Gonzaga com seu baião e o forró de rachar o chão.

Agora, o que está em jogo é a competição entre boiadeiros sertanejos, sofrência, arrocha, axé carnavalesco, piseiros e outros ritmos de rebolados de mulheres mostrando as bundas.

Entraram a guitarra, a viola, a bateria, o baixo e saíram o sanfoneiro, a zabumba e o triângulo. Toda mídia celebra esse paganismo, essa profanação e, porque não dizer: Essa invasão dos bárbaros!

As vestimentas das quadrilhas mais parecem fantasias de carnaval. A coreografia da dança não é mais a mesma. Para enganar, maquiar e tapear a nossa gente, eles colocam uns enfeites de balõezinhos, umas casinhas de taipas típicas dos arraias que mais servem para tirar fotos de celular para serem colocadas nas redes sociais. Todo mundo fica empolgado e cai no conto do vigário, ou do prefeito.

Não vou mais falar de Vitória da Conquista porque a onda é geral em todo Nordeste. Alguém me falou nesta semana que não existe mais sanfoneiro no Piauí.

O São João com seu forró pé de serra, seu forrobodó arrasta-pé está como mulher rendeira, coisa rara de encontrar. Seus registros vão ficar apenas na história para interesse de pesquisa acadêmica

Quando digo que a mídia caiu no ridículo é que ela não é mais a guardiã da nossa cultura; não questiona e não critica o assassinato do nosso São João praticado pelas prefeituras. É tudo um esquema político eleitoreiro armado porque os prefeitos e governadores sabem que o nosso povão é inculto e nem sabe o que é preservar a tradição.

Como em todos os lugares, não tenho o receio e o medo de dizer que a maioria da nossa mídia em Conquista, infelizmente, é chapa branca, como era nos tempos do jornal impresso. São escassos os veículos que combatem esse ato criminoso contra a nossa cultura porque desvirtuar uma tradição é crime.

O pior, ou o que já era esperado, é que nosso povo lota os espaços, aplaude, entra em êxtase e idolatra esses cantores de polpudos cachês pagos antes de se apresentarem, tipos Safadão, Leu Santana, João Gomes, Pablo, Thierry e os sertanejos em geral, como ocorreu em Conquista, onde teve até camarotes. Depois ainda sai dizendo que é tudo de graça. Que maldade!

Ouvi um vídeo nesta semana onde um analista diz que o problema é que os burros no Brasil resolveram falar, enquanto os inteligentes e os intelectuais decidiram se calar.

Num paralelo dessa fala, diria que os burros foram para a festa dos sertanejos, enquanto os intelectuais recuaram e só poucos apareceram para observar o nosso forró sendo enforcado pela inquisição dos prefeitos, como se fosse uma heresia.

Confesso que nesta idade me sinto profundamente triste, decepcionado, desiludido e sem expectativas de mudanças nesses tempos da anticultura, não somente com o assassinato do nosso sagrado São João.

Tenho minhas dúvidas se a nova geração, do modo que está sendo educada, vai reagir a tudo isso e resgatar a nossa tão amada cultura popular do São João, exclusiva do Nordeste.

Para mim, era a festa genuinamente nordestina mais linda do Brasil e a que eu mais participava, mas não é mais e me recuso, enquanto vida, a sair de casa para ver essa presepada.

Desde menino, quando terminava um São João já ficava pensando no próximo ano para curtir o sanfoneiro, o cantor forrozeiro, as fogueiras, as comidas e as bebidas típicas, bem como os rituais do culto sagrado.

PAPO DE FUTEBOL

– Viu como o nosso futebol brasileiro está bem representado no Mundial de Clubes da Fifa, deixando os europeus no chinelo? Eles não vão mais ficar aí fazendo chacotas do nosso futebol, o maior do mundo – comenta o torcedor para o seu outro seu rival, com apertos de mãos e tapinhas nas costas.

É o assunto do momento que até roubou a cena do nosso falso São João, mas estão surfando na onda da mídia esportiva que é a mais tendenciosa e omite muitas coisas. Diz ela que são jogadores de altíssimo nível, o que não é verdade.

– Você esqueceu, meu amigo, que os times brasileiros hoje, especialmente da série “A”, estão todos enxertados com mais de seis estrangeiros da América do Sul e até da Europa, muitos dos quais de seleções de seus países – falei para o torcedor empolgado com a camisa rival do meu tricolor Fluminense, sem querer ser espírito de porco.

O cara meio que titubeou, não deu o braço a torce e saiu com outro argumento que não convence muito. Como todo fanático, arrematou que o futebol brasileiro ainda é o melhor. Ainda garantiu que vai ser campeão desse torneio da Fifa, feito para ganhar dinheiro.

– Como no futebol, a gente se deixa levar em outras coisas por essa mídia de exaltação, que apenas se preocupa em vender seu peixe. Veja como está a classificação do Brasil entre as seleções da América do Sul nas eliminatórias para a Copa de 2026? Está no quarto lugar! Seria o último colocado se dessa vez não fossem seis os selecionados – tentei convencê-lo.

Nesse papo furado de futebol, de jogar conversa fora, citei até o nosso grande cronista Nelson Rodrigues, tricolor das Laranjeiras, quando disse que toda unanimidade é burra e ainda soltou a sua irreverência de que o brasileiro tem complexo de vira-lata. Parece que essa copa está aliviando o brasileiro dessa carga pesada do complexo.

 

Tenho acompanhado essa copa (alô meu saudoso amigo tricolor Carlos Gonzalez que já partiu, grande especialista que foi no assunto) e observei que a maioria dos gols têm sido de cabeça. Não sei o porquê, mas acho o gol de cabeça feio, sempre naquela bola cruzada na base do empurra-empurra. Poderia ser proibido fazer gol de cabeça, mas isso é coisa maluca da minha cabeça.

Outra coisa é que não vi um craque novo, tipo revelação nessa copa – uns mais velhos, como Messi, Suarez, Crisma e outros, apagados em campo -, visto que no Brasil, há muitos anos que acabou essa safra. Tem mais pernas de paus que dão aqueles chutões de atravessar os estádios.

A mídia esportiva passa o tempo todo floreando, enchendo linguiça e jogando confetes em jogador quando acerta alguns lances dignos do futebol. Não estou vendo nada de exuberante para encher os olhos e mudar de opinião.

O atleta de hoje basta encostar que ele cai e pede falta. Por falar nisso, o mais ridículo é quando todos correm para cima do juiz. Isso já poderia ser terminantemente proibido na regra. Dá cartão para todo mundo, seu juiz, e acaba logo com esse baba!

Prefiro ser mais uma metamorfose ambulante, como diz o grande cantor, músico e compositor baiano, pai do rock rool, Raul Seixas, do que ter aquela opinião formada sobre tudo.

– Para ser sincero, meu companheiro, torcedor fica cego e faz aquela farra de elogios e de cachaça quando seu time ganha e xinga “pra burro” quando perde. Não temos mais craques como antigamente que infernizavam as defesas dos adversários.

– Tenho mesmo é saudades daqueles tempos de Garrinha, Djalma Santos, Didi, Pelé, Rivelino, Tostão, Dirceu, Clodoaldo, Jairzinho, Ronaldo, Romário, Ronaldinho, Sócrates, Zico e, por último, até do moleque Neymar, que só quer saber de baladas, Nisso até que o cara concordou.

 





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