SEM RETORNO E SEM CAPACIDADE
Não sou cientista e nem um expert em mudanças climáticas ou aquecimento global, mas basta olhar o passado de séculos de estragos praticados pelo ser humano contra o meio ambiente e o avanço continuado de destruição, para se concluir que não existe mais retorno e capacidade para se reverter os fenômenos imprevisíveis de tragédias e catástrofes provocados pela natureza.
Tenho ouvido e lido comentários de que estamos quase entrando no ciclo de não mais retorno e de não mais capacidade para reverter a situação e tornar o planeta em condições de qualidades habitáveis, reduzindo ou detendo o aumento da temperatura que nos últimos anos tem batido recordes com calor que ultrapassa os 50 graus em várias partes da terra.
Não me venham com essa de pessimista ou profeta macabro da morte. Em minha modesta visão, estamos em pleno aquecimento global e não existe mais capacidade de recuperação aos níveis toleráveis e aceitáveis de uma vida harmônica entre natureza e a humanidade.
Pelo rombo que já foi feito contra a natureza durante esses milhares de séculos, desde o homem neandertal até os tempos atuais, seria necessário um esforço conjunto e hercúleo de todas as nações para diminuir drasticamente com a emissão de gases tóxicos no ar, com o volume monstruoso de lixo e outros tipos de sujeiras que são jogados em nosso planeta.
É verdade que existem ações de grupos, entidades e instituições aqui e acolá de preservação e renovação das nossas florestas, retirada de lixo do mar e do solo, projetos de reciclagem e tantas outras iniciativas, na tentativa de deter os desastres e renovar o meio ambiente, mas ainda é muito pouco diante do alto índice de agressões do passado e do presente.
Por exemplo, no momento em que se está retirando uma tonelada de lixo do mar, outras milhões de toneladas estão sendo despejadas nas águas e na terra, mesmo porque o consumo só faz aumentar. A ordem das economias mundiais de qualquer país é consumir e consumir cada vez mais visando elevar o seu PIB – o tal Produto Interno Bruto.
Nesse cenário de horror em que vivemos, de juízo final ou apocalipse (usem a expressão que quiserem), é só usar a lógica da matemática para se concluir que a conta nunca bate, sempre existe uma dívida no vermelho, que só aumenta.
É com esse raciocínio histórico do passado e do presente que sempre digo que não é preciso ser cientista para enxergar que não existe mais retorno e que o homem não tem mais capacidade de reverter a situação, a não ser que o planeta parasse por pelo menos um ano, e isso é utópico.
O nosso cancioneiro profeta, poeta, músico, cantor e compositor baiano Raul Seixas falou do dia em que a terra parou. Poderia ser no ano em que a terra parou. Quem sabe não houvesse aí a tão desejada reversão do aquecimento global e todos seriam felizes para sempre, principalmente as novas gerações! Para estas, estamos deixando um legado de inferno.