Além de grande construtor do império, Augusto introduziu várias inovações e uma delas foi a criação de um destacamento, a guarda pretoriana (cohors praetoria), para proteger a sua pessoa, com um comandante-chefe permanente em Roma à sua disposição. Eram nove coorte e mais uma foi organizada. Em cada uma serviam mil homens pelo tempo de 12 anos e ampliado depois para 16. O prefeito pretoriano pertencia à classe equestre. Além da guarda havia três coorte da cidade (urbanae cohortes) que formavam a polícia militar. Havia ainda sete coortes de bombeiros e nela podiam ingressar libertos. O palácio do imperador era guardado por bárbaros, principalmente germanos, considerados como serviçais da casa imperial.

Outra inovação de Augusto foi a formação de um segundo exército, constituído de provinciais. com regimentos de cavalaria e infantaria, de mil ou 500 homens, comandados por oficiais romanos. Após 25 anos de serviços se tornavam cidadãos romanos. Essas tropas tinham uma situação inferior. A criação da marinha permanente foi outra inovação e parte da esquadra ficava ancorada em Misseno, no sul da Itália, e outra em Ravena, no Adriático. Participavam dela escravos, libertos ou provinciais. Tinham mais a função de caça aos piratas.

A principal inovação, entretanto, foi a retirada dos assuntos militares da competência do Senado e da assembleia popular, para o imperador. Não teoricamente, mas na prática o imperador tinha o controle completo das forças armadas. Os poderes proconsulares foram conferidos a Augusto pelo Senado de ano em ano, em 7.a.C., a fim de que ele pudesse governas as províncias. Nomeava o legado, os comandantes das legiões e os prefeitos que comandavam a cavalaria.

De acordo com Rostovtzeff, somente Augusto tinha autoridade para distribuir as tropas pelas províncias, fossem militares ou civis, incluindo a construção de estradas e pontes. O pagamento era feito pelo imperador e os soldados ganhavam a metade do que recebia a guarda pretoriana. Suas pensões eram pagas por ele mesmo. Foi criado um tesouro especial (aerarium militare), e Augusto contribuía com considerável parte da sua fortuna. Mesmo assim, todas as medidas não garantiam o abastecimento total das tropas, nem sua isenção política.

Na época, os cidadãos não pagavam impostos sobre as terras que possuíam na Itália. A única taxa era de 5% sobre o valor dos escravos e mais 5% sobre a herança, criadas por Augusto em fins de seu reinado em 6 d.C. da nossa era.

Durante o século I a..C., o Estado obtinha suas rendas, principalmente, com a guerra através da pilhagens feita pelas tropas. Durante as guerras civis, o chefes revolucionários seguiam o mesmo sistema e as tropas eram sustentadas com o confisco da propriedade do adversários políticos e pelos saques das províncias.

O HOMEM MAIS RICO

Depois, isso não foi mais possível com os gastos demasiados com a guarda pretoriana. Por outro lado, o exército estava inativo e em paz. Vastas somas eram consumidas pelos edifícios e estradas militares construídos por Augusto. Gastavam muito em espetáculos, circo, teatro e distribuição de pão ao povo de Roma, um costume do tempo republicano. Qualquer aumento de impostos geraria descontentamentos. Optou-se por um método mais ordenado de coleta de taxas, com controle rigoroso das companhias nas cobranças.

Uma medida neste sentido foi a criação de um censo geral da propriedade das províncias. Após a guerra civil, o imperador era o homem mais rico do Estado. Não se faiam perguntas inconveniente sobre suas fortunas. Sua riqueza cresceu, mesmo durante a paz, graças aos legados de homens ricos que lhe deixavam parte de seus bens, por admiração ou desejo de fortalecer seus títulos de propriedades. Dizem que, com a morte de Cleópatra, o Egito passara a ser propriedade privada de Augusto.

As instâncias do Senado foram em socorro do tesouro.  Este cobriu os gastos com os novos edifícios, pagou o pão distribuído entre os habitantes de Roma, contribuiu para quitar as pensões dos soldados, financiou sua guarda, adquiriu terras para os veteranos e celebrou jogos esplêndidos.

O fiscus e a propriedade do imperador eram dirigidos por seus escravos e libertos de confiança que, em nome dele, recolhiam os impostos nas províncias e geriam seus bens nas províncias senatoriais, as governadas em nome do Senado. Os gerentes possuíam títulos especiais. No fim de sua vida, Augusto era realmente o administrado do Império Romano, guardião de suas propriedades e dono de uma imensa riqueza.

Todos estavam satisfeitos pela ordem restabelecida e coibição arbitrária dos coletores. Por tudo isso, o Oriente começou, em 29 a.C., a prestar honras divinas a Augusto, mas, na Itália, onde continuava como país dominante e não se falava em fundir com as províncias, a situação era mais complicada. De todas as classes, os senadores eram os mais insatisfeitos, embora Augusto tivesse feito generosidades e tratado com respeito. Somente os senadores podiam comandar as legiões. Seus filhos começavam o serviço militar como oficiais, mas Augusto dominava todos os assuntos públicos.