:: 30/out/2018 . 1:35
A PREPOTÊNCIA E A BURRICE ELEGERAM O BOLSONARO PRESIDENTE
Um capitão da reserva, deputado federal do chamado baixo clero, sem muita expressão, a não ser através de suas polêmicas de extrema-direita, virou um fenômeno de massa, um mito, e tornou-se domingo (dia 28/10) no presidente do Brasil, graças à prepotência da cúpula do PT e a burrice na votação do primeiro turno quando Ciro Gomes era apontado nas pesquisas para o segundo turno como o único que poderia derrotar qualquer candidato, inclusive os dois que ficaram para a final da disputa eleitoral.
Esses dois fatores e mais a corrupção que levou o país a mergulhar numa crise ética e moral, sem precedentes, formaram o conjunto da obra que deu a vitória a Bolsonaro, ou Bolzonaro de família italiana de Anguillara, com as palavras de ordem, pátria, família e Deus no arrastão dos evangélicos e conservadores. Na verdade, a corrupção não foi só do PT, mas o partido foi o carro-chefe que irritou os brasileiros pelo seu orgulho e bravatas do seu líder maior em não fazer uma autocrítica, uma mea culpa. Mais uma vez, não pensaram no Brasil, mas exclusivamente no poder.
Primeiro foi o fora Dilma com o impeachment e o apoio a Temer, o mordomo de Drácula, que castigou os trabalhadores e cortou programas sociais com as reformas fiscal e trabalhista. Os desmandos continuaram, os 13 milhões desempregados não voltaram ao mercado, a falta de segurança piorou e o novo presidente foi indiciado em atos de corrupção. Os bate panelas ficaram calados e agora voltaram para eliminar o PT do poder.
Faltou humildade e sobraram provocações de há muito, do tipo “é nós contra eles” e até ameaças de luta armada caso perdesse o poder e seu chefe maior fosse preso. Com seu estilo agressivo em seus discursos de palanque, o próprio Lula perderia essas eleições se a ele fosse dada a liberdade e o direito de se candidatar. Talvez até com diferença maior. Como resposta, numa espécie de vingança e rancor reprimidos, o outro lado do eleitorado preferiu o outro, ainda mais ofensivo nas palavras.
Nunca uma eleição no Brasil foi tão carregada de ódio, intolerância, violência e fake news. A maior vítima foi a verdade. Bem antes do Bolsonaro se declarar postulante ao cargo, a esquerda, intelectuais, artistas e muita gente não acreditavam que ele se elegeria, que a extrema-direita e o retrocesso teriam voz. A facada no dia 6 de setembro o beneficiou e fez crescer mais ainda a revolta contra o PT. O sentimento de raiva transbordou.
As redes sociais ajudaram o candidato, mas o esquema de repúdio e revolta já estava armado para eleger o presidente que bate continência para a bandeira dos Estados Unidos, que tratou os quilombolas de animais pesos pesados por arrobas, xingou mulheres de vagabundas que não serviam nem para serem estupradas, defendeu a ditadura e a tortura, falou em banir os vermelhos, disse que preferia um filho morto a ser gay, elogiou o torturador Carlos Brilhante Ustra e fez até apologia à violência na base de todos armados.
No segundo turno apareceu o Bolsonaro bonzinho vítima da facada de um aloprado, defendendo a liberdade de expressão e de cada um ter o direito de ser o que quiser, uma imprensa livre, a Constituição e a democracia, mais benefícios para o Bolsa Família que ele tanto criticou, os homossexuais, a união de todos e um governo de conciliação. Até desculpou-se, coisa que o PT não fez e continua no mesmo tom, de ter falado tantas bazófias no calor das discussões. Desapareceu a pregação fascista e raivosa para dar lugar a ideias, de certo modo, até progressistas. Virou o candidato da “esquerda”.
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