:: 6/out/2018 . 1:10
A UM PASSO DA ESCURIDÃO
Quando falava em rodas de amigos há mais de cinco anos sobre o perigo de uma extrema-direita no Brasil, não imaginava que seria tão rápido, sem contar que não era levado a sério e faziam pouco de mim, com argumentos de que não havia mais clima para isso. Diziam que a realidade era outra, não comportando mais este tipo de retrocesso.
Agora, esta extrema está batendo em nossas portas, e estamos a um passo das trevas através de uma ação bestial de suicido coletivo que pode se concretizar nestas loucas eleições raivosas onde um quer eliminar o outro a qualquer custo e ser o protagonista. “Quem não conhece sua história está condenado a repetir os mesmos erros”, e tudo indica que, infelizmente, esta máxima está prestes a se concretizar.
Esta rapidez de que falo, da extrema ter avançado com tanta desenvoltura e adesão dos insensatos, explica-se por ter encontrado um terreno muito fértil de desilusão, por conta das atitudes maléficas dos governantes políticos contra as pessoas deste país, tão fragilizado.
Tudo começou lá atrás com a falta de educação que terminou por criar uma massa inculta sem consciência política e abandonada à própria sorte. Com uma política de massacre, montada pela elite, para se eternizar no poder, o povo passou a viver num cativeiro de chibatadas e cabeça baixa.
Somado a tudo isso, vieram os desmandos; a corrupção se alastrou por todos os cantos; a esperteza e a safadeza tomaram o lugar da ética e da moral; e os gananciosos livres de qualquer vigilância se apropriaram dos privilégios e colocaram o resto da população pobre e miserável para catar suas migalhas.
De olho grande nesse miserável cabedal, a extrema fascista e adepta da ditadura viu que, diante da fragilidade constituída, já era chegada a hora de tomar o poder, um objetivo que já vinha sendo planejado, mas seus mentores, a começar pela nação evangélica conservador do núcleo duro, não esperava que fosse assim tão fácil e rápido.
Para facilitar o caminho, do outro lado, um grupo que prometeu um paraíso social com honestidade, respeito, justiça para todos; reduzir as desigualdades; e governar com seriedade e respeito, sem roubar, cuidou só dos seus; meteu a mão e caiu na esbórnia. Em meio a tudo isso, criou-se um clima de ódio, do nós contra eles, propício à invasão do inimigo.
Agora estamos entre a cruz e a espada e em vias de cairmos em mãos perigosas e aventureiras, apesar de se ter outras opções melhores, mas a esta altura o povo cego e furioso já está inoculado com o vírus mortal do ódio e quer vingança. Não quer nem saber do dia tenebroso do amanhã. Não tem mais como conter o estouro da boiada e desviá-la do abismo.
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