:: 30/mar/2018 . 0:10
VOU SER MOCÓ E VIVER NUMA LOCA
Não fique ai esperando. Com um eleitorado quase todo ignorante, alienado e escravo dos favores e dos religiosos, as eleições não mudarão as coisas. A ratazana vai continuar roendo o delicioso queijo chamado Brasil. Sem esperanças e futuro incerto, vivemos numa sociedade acossada pelo medo.
Pode até ser covardia ou fuga do real, mas estou cansado e pensando em virar mocó num sítio qualquer por aí pra viver na minha loca, isolado no meu buraco egocêntrico, e bem longe de tantas idiotices e imbecilidades. Prefiro a reclusão nestes dias que me restam. As circunstâncias financeiras, infelizmente, ainda não me permitem, mas tenho pressa e apelado para Odin e a todos os deuses do universo que me levem.
O tempo não espera e estou me esvaindo aos poucos neste turbilhão de besteiras, retrocessos, violências e descalabros dos porcos malfeitores. Neste arrastão desumano, confesso que não sou um homem maduro o suficiente pra viver com sabedoria e serenidade, de modo a evitar a irritação e a revolta. Ainda me sinto um perdido nesta selva dividida de lobos, hienas e raposas raivosas. Meu lugar não é mais aqui.
Os extremistas estão avançando com seus tanques e passando por cima das diversidades e divergências. O ovo da serpente está sendo gestado. Os direitos humanos e trabalhistas, os movimentos em defesa da igualdade social, de gênero e de cor, as lutas em prol de justiça para os injustiçados e as denuncias contra as brutalidades da força repressora policialesca estão sendo destruídos e ameaçados de morte.
Como no poema de Maiakovski, do jardim pisoteado, agora estão arrombando nossas portas e destruindo nossas flores e lares, provocando choros, lágrimas e ranger de dentes. As nossas crianças e jovens estão sendo exterminadas por balas assassinas, e não se sabe quem é mais truculento e sanguinário, se as rajadas dos bandidos dos morros e asfaltos ou os homens ditos da lei com seus fuzis e metralhadoras em punho.
As ideias macabras nazifascistas de ódio e intolerância se disseminam nas redes sociais com calúnias, injúrias e difamações. Por todos os cantos se ouve impropérios, absurdos e incitações dos radicais. As notícias falsas e mentirosas se propagam como rastilho de pólvora. Das bocas tremulas escorrem espumas de ódio e dos cérebros endurecidos ofensas contra os que rogam por igualdade. O certo não é mais certo, e o errado é o correto.
Todos estão fixos como robôs de olho nas telas malditas, e longe do olho no olho entre os seres. A mobilização popular tem seu tempo curto de ativismo, só enquanto o sangue ainda está quente nas ruas e nas calçadas. Depois todos seguem indiferentes, cada um no seu caminho da busca pela sobrevivência individual. O coletivo é sempre o descartável e tem seu prazo de validade vencido.
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