:: 13/mar/2018 . 23:40
TESTE PARA NERVOS DE AÇO
Será que existe na vida estafante dos brasileiros coisa mais irritante e desgastante do que enfrentar o serviço de telemarketing para pedir um esclarecimento ou fazer uma reclamação? Não é nenhum teste para cardíaco, porque é caixão na certa, mas para quem tem nervos de aço. Estrangeiro nenhum resistiria tantos insultos. É desumano demais!
Pode ser qualquer um na área de telefonia, saúde, finanças ou um simples pedido de informação. Foi a pior desgraça que o sistema capitalista criou para atormentar a vida dos pobres mortais. Ainda não inventaram método de tortura igual, nem no tempo da ditadura militar. Pau-de-arara e choques elétricos são fichinhas. Nenhum regime conseguiu superar tamanho sadismo e barbaridade.
Ainda ontem eu e minha esposa caímos na besteira de ligar para o Cartão Ourocard Visa para solicitar uma explicação de uma cobrança esquisita do tipo Androceu SMLTDA – São José – BR no valor de R$14,30. Ficamos quase uma hora no celular na base da musiquinha, digite tal número, passe tais dados pessoais, senha, números e mais números, e ai tome a esperar pela atendente ou pelo atendente.
A mulher foi até paciente e calma, mas confesso, meu amigo, que entrei em pânico e desespero. Tive que encerrar a ligação aos gritos para não sofrer um ataque fulminante do coração. Não tenho nervos de aço. É a pior de todas as humilhações a que nós brasileiros estamos sujeitos no dia a dia, incluindo ai as violências das ruas e as injustiças sociais. O negócio foi feito para as empresas ludibriarem os indivíduos porque muitos desistem.
Telemarketing é bem pior que assalto, engarrafamento de trânsito, filas do INSS, marcação de consultas nos postos de saúde, cadastramento eleitoral e estrada toda esburacada como a superfície lunar, todos juntos de uma só vez. De dose em dose, o sistema consegue deixar a pessoa espumando de raiva.
Governo nenhum toma providência e nada de um projeto do Congresso Nacional para acabar de vez com este terrorismo capitalista safado. Se o povo brasileiro não fosse tão submisso e cordeiro, já teria havido uma mobilização geral com protestos para quebrar com pedras e paus todos os serviços de telemarketing do Brasil, como no código de Hammurabi, de dente por dente e olho por olho.
SARAU COMENTA POESIA DE CASTRO ALVES
Foi uma noite muito proveitosa na troca de conhecimento sobre a poesia de Castro Alves quando o “Sarau A Estrada” e a Academia de Letras de Vitória da Conquista prestaram, no último sábado (dia 10), uma homenagem ao poeta condoreiro que defendeu a liberdade, a abolição da escravatura no Brasil e sempre se colocou ao lado das causas sociais.
A sessão solene, antecipando a data do seu nascimento em 14 de março de 1847, foi aberta pela presidente da Academia, Nelma Suely Almeida Vieira, com a declamação do poema “Navio Negreiro”, seguida de um resumo da vida do poeta baiano pelo jornalista e escritor Jeremias Macário. Os debates prosseguiram com Benjamim Nunes e outros presentes ao encontro que também deram suas contribuições culturais sobre o tema.
O acadêmico e confrade Italvo Cavalcante de Oliveira chamou a atenção para a importância da obra do poeta no século XIX do Brasil escravo e indagou quais questões mais ele abordaria caso vivesse nos tempos atuais num mundo tão conturbado, lembrando as levas de refugiados das guerras e das crises sociais.
Ele transportou Castro Alves para os dias de hoje e disse que certamente iria empunhar seus versos em defesa dos refugiados e das injustiças contra a humanidade. O professor Itamar Aguiar trouxe para todos participantes da reunião uma pesquisa pouco conhecida sobre a última entrevista do poeta poucos dias antes de falecer em 6 de julho de 1871.
Nesta entrevista, Castro Alves fez grandes revelações sobre seu pensamento quando afirmou que a poesia, antes de tudo, tem que ser libertária e sempre se posicionar em defesa das causas sociais. Contou sobre sua passagem por Recife no curso de Direito quando foi colega de Rui Barbosa e com ele fundou a Sociedade Abolicionista do Recife.
O poeta não se furtou na sua última entrevista de falar sobre seus entreveros e discordâncias ideológicas com o escritor e intelectual sergipano Tobias Barreto. Revelou seu desejo de publicar outros livros, além do seu único “Espumas Flutuantes”, só que sua doença lhe tirou a vida aos 24 anos antes de realizar seus projetos.
O secretário geral da Academia, Evandro Gomes Brito e sua esposa Rozânia A. Gomes Brito se confraternizaram com todos e falaram da satisfação do encontro em conjunto com a turma do “Sarau A Estrada” que neste ano está completando oitos anos de debates e discussões sobre várias questões, inclusive já abrigou em sua sede no Espaço Cultural do mesmo nome o lançamento do filme “Corpo Fechado”.
Num clima fraternal e descontraído, o evento também contou com as presenças do ex-inspetor da PRF, Adalberto Peixoto do Couto, o conhecido Canarinho, Neide (esposa de Nunes), do grupo do “Sarau Colaborativo”, Baducha e Céu, Walter Lajes, Marta Moreno, Mano Di Souza e sua esposa Cleide, que nos brindaram com suas violas e cantorias até altas horas da madrugada, em complemento aos debates.
O fotógrafo José Carlos D´Almeida cuidou da cobertura fotográfica e a anfitriã Vandilza Gonçalves, sempre cordial e atenciosa, acolheu a todos com sua simpatia. O professor José Carlos e sua acompanhante e nosso companheiro Gildásio Amorim também se juntaram a nós nesta noite memorável onde, no bom sentido, a poesia de Castro Alves foi dissecada com debates literários de alto nível.
Como não poderia faltar num bom papo e à batida da viola, acompanharam as discussões uma boa comida, o vinho e a cerveja gelada trazidos por todos colaboradores do Sarau. Num clima harmonioso e de respeito, mas com temas calorosos e até acirrados em algumas ocasiões, outros assuntos foram tratados, além do central sobre a poesia do condoreiro indignado.
Com aprovação de todos, o próximo “Sarau A Estrada” ficou marcado para o dia 5 de maio, com o tema “50 Anos dos Movimentos Revolucionários de 1968 que Sacudiram a Terra” onde vamos fazer uma viagem passando pelos protestos na França, México, Estados Unidos, Alemanha, Brasil e na Tchecoslováquia, principalmente.
O VICTOR HUGO BRASILEIRO
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