:: 9/dez/2017 . 0:47
DOS SUMÉRIOS A BABEL (IV)
A EPOOEIA DE GUILGAMECH (Final)
Nas duas últimas tabuinhas da escrita cuneiforme, Utinapistin revela para Guilgamech (Gilgamés) que foi sobrevivente do Dilúvio de que fala a Bíblia, na personagem de Noé. Na décima tabuinha, o rei, todo coberto de peles de animais, se apresenta a Siduri-Sabitu, guardiã da Árvore da Vida, com seu coração cheio de dor. A deusa, então, resolve trancar-se dentro da sua casa para não recebê-lo.
Gilgamés bate furioso na porta e a senhora pergunta o porquê da sua longa viagem. Adverte que nunca encontrarás a vida que procuras. “Quando os deuses criaram os homens, estabeleceram para eles a morte e guardaram a vida para si”, e aconselha a gozar a vida como ela é, que no fundo é bela. Insiste ainda que retorne para Uruk onde todos o amam.
O rei não se convence do argumento e continua a insistir para que ela mostre o caminho para Utinapistin. “Atravessarei o mar, ou vou caminhando pelo litoral”. Diz a deusa que, a não ser pelo Sol, ninguém pode navegar pelas Águas da Morte. No momento da discussão, aporta o barqueiro de Utinapistin que tinha vindo buscar ervas e frutas no bosque.
Então, Siduri-Sabitu manda que ele vá até ao barqueiro para ver se ele consente que o leve pelo mar. Gilgamés corre e grita pelo barqueiro, só que ninguém responde. Com raiva arrebenta várias caixas cheias de pedras que estavam no barco e termina encontrando o homem chamado Ur Chanabi.
Dirige-se a ele e pede que o leve até seu patrão, mas o barqueiro responde que ficou impossível porque ele destruiu as caixas de pedras que serviam para ajudar na navegação pelas Águas da Morte. Para contornar o problema, o barqueiro impôs que o rei cortasse cento e vinte troncos e os embarcasse no lugar das pedras.
Prontamente Gilgamés fez o trabalho na maior rapidez possível e os dois puderam velejar pelas ondas turbulentas até às Águas da Morte. Ur ordena ao passageiro tomar o machado e enfiar os troncos no fundo do mar, mas adverte que ele poderá morrer se as Águas da Morte tocar em suas mãos.
De longe, Utinapistin a tudo observa e indaga a si mesmo o motivo do desaparecimento das caixas de pedras. Por que agora um estranho, sem a sua permissão, está sem sua barca? Conclui que não pode ser um mortal. Vai, então, ao encontro do rei e se apresenta como aquele que encontrou a vida.
Gilgamés fica feliz e começa a contar sobre sua dor e o sofrimento durante toda travessia, só para lhe conhecer. Vai direto ao assunto e afirma que quer destruir os espíritos da morte para acabar com o prazer deles. Como obter a vida eterna? – indaga
Aconselhou que ele deixe de lado os lamentos e a ira, pois a sorte dos deuses é diversa da dos homens. “Mesmo que tua natureza seja dois terços divina, teu pai e tua mãe te criaram homem. Um terço te impele ao Destino dos Homens. A morte põe termo a toda vida. Não são eternas as casas, os pactos e nem as heranças paternas. Os deuses estabelecem os dias da vida, mas não contam os da morte”.
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