:: 29/nov/2016 . 23:24
A REAL PROFESSORA NINA
EM HOMENAGEM A TODOS OS MESTRES
O homem sem instrução é um homem iludido. Em minha vida nunca imaginei que uma profissão tão linda e nobre fosse se transformar em medo, angústia e pesadelo. O orvalho da manhã está cada vez mais escasso, e a relva e a grama da minha casa estão secas. O prazer de ensinar e levar conhecimento aos rebentos virou uma obrigação. Sem o riso de antes, muitos estão partindo para outras atividades enfadonhas e chatas, seguindo a lei da sobrevivência a qualquer custo.
Aprendi as primeiras letras e a entoar a tabuada para fazer umas continhas de somar, diminuir e multiplicar com a real professora leiga dona Nina, não aquela personagem título de livros, de peças teatrais, crônicas e contos como símbolo da nossa imaginação para identificar a profissão. Como tudo que acontece pela primeira vez na vida, nunca me esqueci daquela frágil, terna e carente mulher. Mas, o que mais me marcou foi a sua extrema pobreza e como arranjava forças para ensinar.
Era meado dos anos 50 do século passado quando tive minha primeira professora. A infância na roça da fazenda Queimadinha, isolada de tudo, não me dava nenhuma noção do porquê tinha que caminhar com minha irmã dois, três quilômetros dentro de um matagal todos os dias para encontrar com a professora Nina, para ler soletrados os textos de uns livros e ouvir o clamor, choros e brigas de uma família de mais de dez pessoas por causa de um prato de comida nas horas do almoço.
A professora Nina morava como agregada de um vasto latifundiário que mais lembrava os condes e duques franceses da pré-revolução. A fazenda de quilômetros e mais quilômetros de capim e gado se situava num território pertencente ao município de Mundo-Novo e depois Piritiba e Tapiramutá. Ela dividia, como meeira, os poucos pés de cafés que tinha no quintal da velha casa com o patrão usurário e opressor, como ocorre ainda hoje.
Todos definhavam de fome. Um rapaz anêmico vivia chorando pelos cantos da casa e o velho pai era um alcóolatra à beira da morte que pegava vísceras de bois em matadouros da vizinhança para cozinhá-las numa aguada panela de feijão. Meu pai, também pobre, pagava seus préstimos de professora com um pouco de dinheiro e farinha da terra donde colhia a mandioca do roçado. Eram tempos de muita dureza e o homem trabalhava como escravo sem direitos a nada. A fome batia quase todos os dias na porta e nos olhava em forma de careta.
O velho e o rapaz morreram. A professora Nina e o restante dos seus filhos pegaram um pau-de-arara e tomaram o rumo de São Paulo. Meu pai vendeu a terrinha e fomos para outro local onde pelo menos tinha um tanque d´água. Passei anos longe das minhas primeiras letras e só depois fiz, com muito sacrifício, o primário em Piritiba. Mais algum tempo parado e somente em 1962 ingressei no Seminário Nossa Senhora do Bom Conselho, em Amargosa. Bons tempos de estudos e aprendizagem, com professores de qualidade.
SECRETARIA DE EDUCAÇÃO É PREMIADA
A Educação caetiteense comemora mais um importante reconhecimento. Durante o V Seminário Estadual de Educação Integral, nos dias 24 e 25 de novembro, em Salvador, a secretária municipal Rosemária Joazeiro foi reconhecida por seu trabalho a frente da pasta da Educação em Caetité. Na ocasião, Rosemária foi reconhecida por sua valiosa contribuição e defesa da Educação Integral na escola pública baiana.
A educação integral parte de um pressuposto fundamental: todas as pessoas são capazes de aprender, em diferentes lugares, com diferentes pessoas e ao longo de toda a vida. Trata-se de uma concepção que compreende que educar é garantir o desenvolvimento de todas e todos, em todas suas dimensões – intelectual, física, afetiva, social e simbólica. Essa visão se contrapõe à ideia clássica de que a educação se restringe ao processo centrado na escola e voltado apenas para o conhecimento acadêmico.
Caetité fez adesão ao Programa Mais Educação em 2012, para 19 escolas e, atualmente, está presente em 28 escolas urbanas e rurais, com o objetivo de promover a ampliação de tempos, espaços, além de dar a oportunidade de educar através de oficinas de dança, capoeira, teatro, letramento, atletismo, entre outras.
“Nosso objetivo é ter uma escola pública verdadeiramente inclusiva, com compromisso intencional e permanente de promover espaços físicos e simbólicos onde todos possam se expressar livremente e onde as diferenças sejam trabalhadas e valorizadas como expressão da diversidade humana”, explica Rosemária.
A secretária destaca ainda que essa é uma homenagem que compartilha com toda equipe que compõe o grupo de trabalho da Educação de Caetité “Esse reconhecimento nós vemos, também, nos resultados em sala de aula. Após a implantação do Programa Mais Educação é possível observar nas unidades de ensino que há maior envolvimento da comunidade escolar, com mais participação dos pais na vida dos filhos. Então, eu só tenho que agradecer! Valeu a penas todos os dias, noites e final de semana. Obrigada ao Prefeito Zé Barreira e toda a nossa equipe de trabalho que lutam todos os dias para melhora a educação da nossa Caetité”, finalizou emocionada. (Direcom – Diretoria de Comunicação Social)
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