Na terra onde o intelectual é um inútil e a torcida do Bahia faz carnaval só porque subiu no sufoco para a Série A do Campeonato Brasileiro, com ajuda do Oeste. o poeta, escritor e acadêmico Fernando da Rocha Peres completou 80 anos no último domingo, dizendo que o mundo retrocede aceleradamente.

Nesta data magna, parabenizo o poeta que foi meu professor na Faculdade de Comunicação no início dos anos 70 e fez parte da Geração Mapa no Colégio Central juntamente com Glauber Rocha, Florisvaldo Mattos e João Carlos Teixeira Gomes (os dois últimos também meus professores), saudosa época da efervescência cultural na Bahia, que vive nos tempos atuais uma decadência nas artes.

Em entrevista à revista Muito de o jornal A Tarde, Fernando Peres afirmou que, “lamentavelmente, diante do quadro que se apresenta hoje, constatamos que inúmeras gerações, não só a minha, falharam. O homem continua, de todo modo, lutando contra si mesmo. Todas as revoluções fracassaram”.

Para o mestre Florisvaldo, o poeta aniversariante é um companheiro dos tempos de estudante com que trilhei os luminosos caminhos da chamada Geração Mapa. Peres confessa estar satisfeito com ele mesmo porque foi um professor, “e porque sempre fiquei feliz ao ver que consegui ensinar algo útil a outras pessoas”.

Fui e continuo sendo um escritor. Escrevo principalmente poesia, apesar de ter, com muito gosto, escrito também textos historiográficos. Esse é um reconhecimento pessoal. “Numa terra como a Bahia, de nada vale” – destacou.

Para ele, na Bahia de Castro Alves e Gregório de Matos, Salvador é uma cidade medíocre, “e isso é algo que me deixa extremamente triste. A mediocridade está naquilo que se costuma chamar de cultura de entretenimento”. Manter-se longe das redes sociais, segundo ele, é uma forma de preserva a lucidez e a ternura. “As redes sociais embrutecem as pessoas”.