UMA REPÚBLICA EM CHAMAS
Há pouco mais de dois anos, precisamente a partir da criação de uma força tarefa (Justiça, Ministério Público Federal e Polícia Federal) que desencadeou a Operação Lava Jato, a República do Brasil virou um galpão de entulhos em chamas que ameaçam se propagar em volta de todo seu território, atingindo as regiões mais pobres.
Bem que os bombeiros convocados tentam apagar o incêndio, mas as labaredas insistem vencer os jatos d´água e outros produtos empregados contra o fogo. Do jeito como está se evoluindo, ninguém consegue prever quando se dará o início do processo de rescaldo, ou se haverá.
Nesta semana, num intervalo de 24 horas, as labaredas subiram no Rio de Janeiro com a prisão dos ex-governadores Anthony Garotinho, Sérgio Cabral e toda sua nau capitania de malfeitores, bandidos e degredados. Sem contar a detenção do ex-deputado Eduardo Cunha, foi necessário usar equipamentos pesados no local de maior risco.
Como se não bastasse, do galpão do Planalto de Brasília reascenderam faíscas dos entulhos quando 40 malucos bolsonaros resolveram invadir o Congresso Nacional para colocar mais palha na fogueira e pedir a intervenção militar para controlar as chamas. Como a Roma que teve seu Nero, por aqui temos vários deles que ordenaram atear fogo na cidade.
Na verdade, os focos de incêndios vão continuar a se propagar enquanto houver material altamente inflamável no judiciário, no legislativo e no executivo, os três maiores poderes donos do galpão, que teimam em não retirar suas tralhas que alimentam o fogo.
O judiciário se porta como um poder monárquico, cujos integrantes fazem parte de uma aristocracia, recebendo supersalários e tendo como punição pelos seus desvios de conduta, uma aposentadoria compulsória com pagamentos integrais de seus proventos. É o entulho da imoralidade pública.
No legislativo, o foro privilegiado, as mordomias, as verbas indenizatórias e tantos outros penduricalhos, que mantêm a luxúria dos sultões das arábias, servem de mais combustível para expandir as chamas e queimar as reservas vegetais que ainda restam do terreno, visivelmente seco.
O executivo também não quer se livrar de seus entulhos e joga mais coisa velha no galpão, feito de madeira podre e restos de materiais de quinta categoria. O bombeiro que assumiu o poder representa uma corporação retrógrada e sem legitimidade. Coisa antiga do passado de outras chamas ditatoriais.
As chamas são seculares, mas tomaram proporções incontroláveis em meado de 2013 com as brasas que caíram nas ruas e ficaram mais acesas com a possível prisão do ex-presidente Lula e sua tentativa de assumir um Ministério para se proteger; com o impeachment de Dilma; a posse de Temer na Presidência da República; e outras labaredas de escândalos.











