O GRITO DOS INDIGNADOS
Tanto no primeiro turno quanto no segundo, os insatisfeitos indignados que se abstiveram e os que votaram nulos e brancos, foram os vencedores em várias capitais do Brasil nas eleições municipais, marcadas pela onda conservadora da extrema direita.
No Rio de Janeiro, por exemplo, do pastor da Universal do Reino de Deus, Marcelo Crivella, eleito com um milhão e 700 mil de votos, os insatisfeitos somaram quase dois milhões. Quase metade dos eleitores (47%) deu um não à política. No Brasil os insatisfeitos somaram mais de 30% e os que se abstiveram 21,5%. Não dá mais para aturar tantos desmandos!
Em Porto Alegre e Belo Horizonte esse grupo também saiu vitorioso das urnas e bateu os candidatos do retrocesso. Aqui mesmo em Vitória da Conquista, mais de 20%, o equivalente a pouco mais de 52 mil pessoas preferiram ficar em suas casas ou foram fazer outras atividades, deixando de fora os políticos. Agora é chegada a hora de também virar as costas para eles.
Mesmo aqueles que foram votar, inclusive militantes do próprio PT e de outras correntes de esquerda, também estão insatisfeitos com o atual quadro. Gostaria de saber quem vai ouvir o clamor dos insatisfeitos que começaram a dar os primeiros sinais de fadiga contra os políticos nas manifestações de 2013?
Naquela época, a então presidente Dilma disse que havia entendido o recado das urnas, só que nada fez de concreto para mudar a situação. Prometeu plebiscito e Constituinte. Não adianta dizer apenas que entendeu o recado. Se a crise moral, ética e política persistir, se nada for feito de novo, os insatisfeitos vão ser os candidatos mais votados nas próximas eleições de 2018, e em maior número.
Os políticos de Brasília que criaram seu próprio território particular dentro do Brasil, com suas regras e normas protetoras deles mesmos, optaram por não ouvir o recado das urnas e permanecem legislando de costas para a opinião pública. Na concepção deles, o povo e a plebe que se lasquem.
Empurram-nos goela abaixo uma PEC para cortar recursos em setores essenciais da vida social, os quais já estão exauridos e em estado de calamidade pública. Mais uma vez, em reunião a portas fechadas, tramam aprovar um projeto de anistia aos criminosos que praticaram o caixa 2 em campanhas eleitorais passadas.
Outro engodo é a propalada reforma política, mais um remendo para blindar suas mordomias e privilégios com o dinheiro extraído do povo. Como disse o historiador e cientista político baiano, Luiz Alberto Moniz Bandeira, o Brasil está se derretendo.
A coisa está ficando de mal a pior, agora mais ainda com a onda conservadora dos evangélicos na linha de frente, e ainda metem Deus no meio dessa guerra suja de hipocrisias e moralismos bestiais. Pelo que estou vendo, a salvação está no crescimento dos insatisfeitos e indignados porque Catilina, alvo do tribuno romano Cícero, já abusou demais da nossa paciência. Até quando?











