O PONTO DA QUESTÃO
PESQUISAS ERRARAM
macariojeremias@yahoo.com.br
Em Vitória da Conquista as duas pesquisas que avaliaram a campanha eleitoral (Painel Brasil e o Eleva) erraram os índices. A Painel deu 64,75% para Hérzem (PMDB) e 35,75% para José Raimundo (PT). O Eleva apontou 48,91% para Hérzem e 38,82% para o candidato do PT. Na apuração final deu 57,78% para o PMDB e 42,22% para o PT. Não dá mesmo para confiar em pesquisa. O certo mesmo é a coerência política.
Além do desgaste nacional (dos 57 municípios brasileiros que foram para o segundo turno, incluindo 18 capitais, o PT disputou em sete e perdeu em todos), o marketing da campanha de José Raimundo, em Conquista, errou feio no período do programa eleitoral ao apontar seu alvo para o campo nacional contra o Temer e os membros do PMDB envolvidos na Operação Lava Jato (o PT também está). Melhor seria ter se concentrado nas questões municipais.
Como em todo país, Conquista também teve números altos de abstenções (mais de 20%), nulos e brancos. Dos 230 mil eleitores, compareceram 178.513 e 52.457 se abstiveram. Votos nulos somaram 8.516 e brancos 3.402. É a onda crescente dos insatisfeitos contra os políticos e a atual situação. A mídia regional nada falou como vai ficar o quadro na Câmara de Vereadores com a eleição de Hérzem Gusmão. Como sempre, tudo se ajeita, e a minoria passa a ser maioria.
ALÇAPÃO DOS CONSERVADORES
Ao eleger políticos ideologicamente de direita, o povo decidiu mesmo entrar de vez no alçapão ou no covil dos conservadores com inclinação ao retrocesso. Não se sabe o que pode acontecer a partir de agora. Os primeiros pronunciamentos, misturados a seitas religiosas e rezas, dão sinais claros de que o Estado está cada vez mais deixando de ser laico. Vamos adotar um sistema iraniano onde quem manda é a religião? Uma grande temeridade!
ENCOLHIMENTO
E os petistas, hem, encolheram e muito! De 644 prefeituras em 2012 ficaram com apenas 256. As receitas desses municípios passaram de 110 bilhões de reais para 15,8 bilhões e a população de 38 milhões para 6 milhões, abaixo dos demistas (DEM) com 9 milhões. De quatro prefeituras de capitais, ficou com apenas Rio Branco, no Acre.
DERROTAS SIGNIFICATIVAS
Nos municípios do ABCD paulista, berço do sindicalismo que fundou o PT, a derrota mais significativa foi em Santo André, do ex-prefeito Luiz Marinho. Com 20 anos no poder, Vitória da Conquista, na Bahia, também foi uma grande perda, mas a mídia nacional não deu bola e quase nada comentou. No período eleitoral e na apuração, bem que Conquista merecia uma grande cobertura jornalística a nível nacional. Triste mídia!
As siglas que mais elegeram prefeitos, incluindo primeiro turno, foram PMDB com 1038 (venceu metade das seis capitais na disputa do segundo turno), PSDB 807 (partido que mais cresceu e levou cinco das oito capitais), PSD ficou com 541 prefeituras, o PP elegeu 495 e o PSB 418.
INSATISFEITOS NA POLÍTICA
Em comparação com 2012, as abstenções cresceram em 2016, atingindo o total de 21,55% do eleitoral que não compareceu às urnas, contra 19,11% da eleição passada. O total de abstenções, nulos e brancos foi de 32%, contra 26% em 2012. Das 57 cidades, somente uma mulher conseguiu se eleger na disputa do segundo turno. Foi Raquel Lyra (PSDB) em Caruaru, Pernambuco.
A maior insatisfação política ocorreu no Rio de Janeiro onde 47% dos eleitores não votaram em nenhum dos dois candidatos (Marcelo Crivella e Marcelo Freixo). Lá a eleição se encerrou com o mais alto índice de votos em branco (4.18%), nulos (15,9%) e abstenções (26,85%).
Os números de abstenções, nulos e brancos foram maiores que as votações dadas aos candidatos vencedores em várias capitais, como Rio de Janeiro (2 milhões contra 1,7 milhão de Crivella), Porto Alegre e Belo Horizonte.
EM NOME DO CAPETA
É bom lembrar que lá também é palco do fundamentalismo religioso representado pela Igreja Universal do Reino de Deus, de Crivella, pastor e sobrinho de Edir Macedo, e da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, do bispo ultraconservador Silas Malafaia que, após a vitória, berrou ao seu estilo extremista: Chora, capeta, chora, Freixo e chora PSOL. É, ou não é extremismo? Deus foi o nome mais usado na boca dos vitoriosos, e Ele já pediu pra ficar de fora dessa politicagem rasa.
ÍNDICE DE CONFIANÇA
A Fundação Getúlio Vargas do Estado de São Paulo fez uma pesquisa sobre o índice de confiança da população nas instituições brasileiras e constatou que as forças armadas, protagonistas da ditadura, das torturas e responsáveis pelo desaparecimento de presos políticos, foi a mais aclamada com 59% de aprovação. Povo despolitizado e inculto!
A Igreja Católica, com todo seu conservadorismo, ficou com 57%, a Imprensa Escrita com 37%, o Ministério Público 36%, o Judiciário 29%, os sindicatos 24% e as redes sociais 23%. Por fim, as instituições políticas 11%, a Presidência da República e o Congresso Nacional 10% e os partidos 7%.
EM VERMELHO
Dos 5.570 municípios brasileiros (somente 3.155 forneceram informações ao Tesouro Nacional sobre suas finanças), 2.442 prefeitos irão encontrar as contas em vermelho. Na Bahia, dos 234 que prestaram informações, 86% (202) estão no vermelho. Verdadeiros abacaxis, mas, a grande maioria quer!
MAIS QUE NA SÍRIA
O número de mortes por homicídios, latrocínios, assaltos e outras causas no Brasil é maior que nos campos de batalha na guerra síria. Só no ano passado foram assassinados 58.383 pessoas, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública. De 2011 a dezembro de 2015 morreram 278.839, mais que na Síria, 256.124.
VIOLÊNCIA POLICIAL
O número de pessoas mortas por policiais aumentou 6,3% em relação a 2014. Constatou-se que a letalidade policial no Brasil é bem maior que na África do Sul e Honduras, país mais violento do planeta. Na análise dos dados, o Nordeste é a região mais violenta, a começar por Sergipe, Alagoas, Rio Grande do Norte e Ceará. A polícia militar é uma instituição ultrapassada em seus métodos e está contaminada pelos inúmeros desvios de conduta. Precisa ser totalmente revista.
Em Sergipe são 57,3 mortes a cada 100 mil pessoas com aumento de 18,2%. Nestes estados do Nordeste, em termos proporcionais, a violência é três vezes mais que na capital paulista. Não são tanques nem metralhadoras que vão reduzir a violência, mas sim a educação e os programas sociais consistentes com fins e objetivos de reduzir as desigualdades sociais.











