:: 20/set/2016 . 0:09
SHOW NO PARAGUAI E SUAS ÚLTIMAS DECLARAÇÕES
macariojeremias@yahoo.com.br
O compositor paraibano, odiado pelos militares, bem que tentou se apresentar em palcos brasileiros, em 17 de julho de 1982, no Salón Social Área Dos, da Itaipu Binacional, mas seu show foi proibido pelas autoridades. O general Junot Rebello Guimarães contribuiu para a proibição depois que um jornal paranaense de Cascavel publicou uma reportagem onde apresenta Geraldo Vandré como “inimigo do governo brasileiro”.
Depois de vinte dias esperando pela liberação, como cita Jorge Fernando, o show foi mesmo realizado em Puerto Stroessner, no Paraguai, que depois recebeu o nome de Ciudad del Leste. Acompanharam os músicos Di Melo, Saldanha Rolim e Saulo Laranjeira e ainda contou com a presença de Birhú de Pirituba.
Quando a apresentação começou no Cine Ópera, os músicos entraram em fila indiana, todos de verde-oliva com botas pretas. A repórter do JB no Paraná, Ruth Bolognese, disse que “não houve aplausos nem gritos. O cinema era escuro e a plateia paraguaia”. Entre outros, estava lá o amigo paraibano Ivo de Lima.
Na ocasião, Vandré cantou canções em espanhol e falou textos poéticos, alguns de sua autoria e outros de Guimarães Rosa. Ao lado de João Martinez, um dos donos do jornal Folha de Londrina, o músico declarou ter desprezo pela imprensa brasileira. “Só dou entrevista porque estamos em outro país… No Brasil em que eu ainda vivo, não admito pedir licença a general nenhum pra falar”.
Em abril de 1984, mais uma vez, tentou se apresentar na Itaipu Binacional, mas só conseguiu em 1985. No momento mais emocionante do seu show, fica de frente para a bandeira do Brasil e, de costas para a plateia, canta “Caminhando” e recita versos perguntando “o que fizeram de ti, bandeira”?
Alias, após seu retorno do exílio, esteve por várias vezes em Foz do Iguaçu onde cometeu algumas doideiras, como a de ter tirado fotocópias de dólares, autenticá-las em cartório e tentado passá-las em frente. Não teve sucesso e ai disse que no Brasil nem os cartórios são levados à sério. Há quem diga que fumava muita maconha e saia disparado pela cidade. Outras vezes se escondia atrás de postes e árvores, alegando estar sendo espionado por agentes da repressão.
Entre suas idas e vindas, ao saber que Vandré estava hospedado na Capitania dos Portos, o coronel Eugênio Menescal, parente de Roberto Menescal, escreve um alerta aos soldados dizendo que esta pessoa é inimiga do exército brasileiro e sua entrada no batalhão é proibida. Insistente, um dia regeu a banda do Batalhão. Furioso, o coronel o repreendeu: O que o senhor está fazendo aqui com minha banda? Vandré entregou a batuta e sorrindo disse: “A banda que é do exército é muito boa, sua coisa nenhuma”.
O compositor ficou também num quartinho na sede do Diário da Cidade por conta do jornalista Rogério Romano Bonato. Por causa disso, recebeu uma ordem do coronel dizendo que ele teria doze horas para desalojar o hóspede indesejado. O repórter respondeu para o emissário do oficial: “Diga ao seu chefe que ele manda no batalhão e eu, no meu jornal”.
Em 86/87 seu conterrâneo Zé Ramalho o encontrou em Foz de Iguaçu e afirma que ele estava lá por conta das coisas da aeronáutica. “Estou aqui estudando a arte militar”. Num show com Zé Ramalho, no mesmo ano, entrou vestido de soldado, cantou de costas em alemão “Pra Onde Foram Todas as Flores”. “Depois cantou três canções novas de arrepiar, em português” – disse Ramalho.
O ORGULHOSO PRESIDENTE DO COB
Carlos Albán González – jornalista
A avalanche de críticas que recebeu nas últimas semanas não mudou o tom ufanista e nem os exageros cometidos pelo presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman, nos pronunciamentos feitos durante os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos do Rio de Janeiro. Esquece o dirigente, que se encontra há 21 anos no cargo e se prepara para permanecer até 2020, apesar da saúde abalada, que o Brasil, nos dois eventos, não atingiu o número de medalhas previsto pelos organizadores. Sua posição no ranking olímpico foi inferior ao registrado nos Jogos de Londres 2012, mesmo tendo o apoio do público, da participação de um número recorde de atletas, da ausência dos russos (segundo lugar na Paraolimpíada de Londres), e, principalmente, dos bilhões de reais investidos.
“Realizamos os Jogos mais econômicos da história”; “nenhuma cidade mudou tanto como o Rio nos 120 anos das Olimpíadas da era moderna”; “verba de estatal não é dinheiro público”; “o mundo foi contagiado pela paixão dos cariocas e dos brasileiros, o que muito nos orgulha, inclusive a mim, pessoalmente”.
A organização das duas competições consumiu R$ 9,14 bilhões, distribuídos entre o Comitê Olímpico Internacional (COI), União, estado e município fluminenses, estatais e patrocinadores, incluindo um aporte extra da Petrobras de R$ 200 milhões para cobrir despesas de alimentação dos atletas paraolímpicos, cuja participação nos Jogos esteve ameaçada de cancelamento.
Em 2009, a economia do país atravessava um período de calmaria. Membro da comitiva do presidente Lula, que esteve em Copenhague para ouvir do COI o anúncio do Rio como sede dos Jogos de 2016, Nuzman apresentou um orçamento de US$ 2,6 bilhões, equivalente na época a R$ 4,52 bilhões. Nos sete anos que se seguiram, a economia brasileira foi convulsionada pelos escândalos financeiros e pela construção superfaturada dos estádios para uma Copa do Mundo altamente deficitária. Com a variação do câmbio da moeda americana, os números levados à reunião do COI por Nuzman representam hoje R$ 9,14 bilhões. :: LEIA MAIS »
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