:: 17/set/2016 . 0:13
DITADURA DO COB AMEAÇADA POR UMA BOLINHA
Carlos Albán González – jornalista
O velho ping-pong, passatempo dos nossos avós, abandonou as raquetes de madeira, adquiriu o termo pomposo de tênis de mesa e ganhou status de esporte olímpico, sob o amplo domínio dos chineses, a partir dos Jogos de Seul, em 1988. A bolinha branca, importante componente dos jogos, que praticamente, em mais de um século, não sofreu modificações, pode servir de “arma” para derrubar a antiga ditadura implantada desde 1995 no Comitê Olímpico Brasileiro (COB), e interromper os planos do seu presidente, Carlos Arthur Nuzman, de se manter no cargo até 2020, passando por cima da legislação esportiva.
Na presidência, também há mais de duas décadas, da Confederação Brasileira de Tênis de Mesa (CBTM), Alaor Azevedo, empunhou a bandeira da oposição contra o todo poderoso Nuzman. Médico e ex-diretor administrativo de um hospital carioca, ele acusa o dirigente do COB de ter deixado de repassar para as confederações uma verba de R$ 410 milhões, liberada pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) para ser aplicada no treinamento dos atletas que competiram nos Jogos do Rio 2016.
Numa entrevista a ESPN, Azevedo afirma que o presidente do Comitê Organizador dos Jogos do Rio e das Paraolimpíadas “usou de manobras financeiras, que eu chamo de “pedaladas”, tão graves como as que afastaram a presidente Dilma Rousseff do Planalto. As irregularidades, que já foram parar na Justiça fluminense, e que, por certo, serão examinadas pelo Tribunal de Contas da União (TCU), prejudicaram o rendimento do país na Olimpíada: o Brasil foi o 13º colocado no quadro de medalhas.
Azevedo planeja dirigir o COB desde as últimas eleições, em 2012. Na época, como exigem os Estatutos da entidade, não conseguiu o apoio de dez confederações, além de ter encontrado pela frente os obstáculos colocados pelo seu adversário, que, inclusive, obteve na Justiça o direito de ser reconduzido ao posto por aclamação dos seus 29 eleitores, previamente ameaçados de retaliação.
O “cartola” mesatenista não perdeu a esperança de se proclamar presidente do COI. O pleito para o mandato por mais quatro anos está marcado para ainda este ano, sem data definida. Pesa contra o Azevedo, além da vitaliciedade na CBTM, uma denúncia de corrupção, feita em 2004 e levada ao Ministério Público e à Polícia Federal. No projeto denominado de “A Grande Sacada”, a Telebrás liberou uma verba de R$ 1,2 milhão para a construção de mesas de cimento em várias cidades brasileiras. A primeira parcela, de R$ 400 mil, chegou à Confederação, mas até hoje nenhuma mesa foi montada. Hoje, Azevedo procura fugir do assunto, garantindo que foi absolvido de todas as acusações. :: LEIA MAIS »
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