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:: 16/set/2016 . 9:52

“VANDRÉ – O HOMEM QUE DISSE NÃO”

O rei dos festivais e poeta maior da canção nordestina que bebeu na fonte do cordelismo e até da Bossa Nova, não fazia camuflagens. Era direto com suas letras de protesto contra a ditadura militar. Entre colegas até instigava a sua derrubada. No final do seu exílio, de pouco mais de quatro anos, caiu doente de tanto sofrer de saudade da pátria. Depois do seu retorno, em 1973, nas vésperas do golpe do general Pinochet no Chile, virou um enigma, nunca confessou ter sido torturado e sempre declarou que suas músicas eram de amor.

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Seu auge e seu fim começaram com a canção sucesso no início dos anos de chumbo e até hoje cantada “Pra não dizer que não falei das flores (Caminhando)”, tornando-se a partir dai, em final de 1968, o inimigo número um das forças armadas entre os compositores brasileiros. Voltou amargurado, renegando a mídia e a cultura de massa. Para quem pregou um dia que a arte tinha que ser de protesto e retratar a realidade, disse depois num de seus momentos mais depressivos, que “conseguiu ser mais inútil do que qualquer artista”.

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Para não ser preso e morto partiu clandestinamente para o Chile no início de 1969 e de lá para a França. Perambulou pela Europa onde participou de um festival de música na Bulgária. Irregular, foi pressionado a deixar a França. Constrangido, acuado e acossado pela opressão contra o livre pensar e se expressar, tentou se conciliar com os generais e até fez a canção “Fabiana” em homenagem à FAB. Vestiu farda da aeronáutica a quem denominou de “exército azul”. Sua “loucura” foi atribuída a possíveis torturas sofridas nos porões da ditadura.

No início da década de 70, em pleno auge da ditadura, o compositor participou com Manduka de um festival em Lima, no Peru, com a música “Pátria amada, idolatrada, salve, salve”, na tentativa de acalmar os ânimos dos generais que nutriam ódio por ele. No entanto, os fardados da linha dura o condenaram mais ainda por ter usado trechos do Hino Nacional.

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Sempre foi um patriota convicto. Numa de suas apresentações nos Estados Unidos, do seu jeito esquentado, se invocou com um baixista norte-americano da banda porque não falava uma palavra em português, enquanto os brasileiros tinham que aprender o inglês para se relacionar com sua gente. Encheu tanto o “saco” do cara com esta discussão que o músico, um negão forte, o suspendeu até a parede e quase o esmagava, não fosse seu parceiro brasileiro que lhe salvou da ira do ianque.

É claro que estou falando do paraibano Geraldo Vandré e do livro do jornalista e escritor mineiro Jorge Fernando dos Santos que publicou a biografia não autorizada de “Vandré – o homem que disse não”, que completou 81 anos no último dia 12 de setembro. Continua recluso e de temperamento complicado, restrito a alguns amigos em seu apartamento em São Paulo, os quais evitam falar com ele sobre ter sido preso e torturado.

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