:: 22/ago/2016 . 23:49
POUCAS MEDALHAS E MUITO OBA-OBA
Carlos González – jornalista
As autoridades governamentais e esportivas procuram mostrar, com argumentos pífios, que o 13º lugar do Brasil nos XXXI Jogos Olímpicos da Era Moderna, com sete medalhas de ouro, seis de prata e seis de bronze, foi um sucesso. Em casa, incentivados por uma plateia que desrespeitou todos os manuais de boa convivência com os visitantes, respaldados por recursos que, se apurados devidamente pelos tribunais de contas e ministério público, podem chegar aos R$ 3,68 bilhões, nossos atletas mostraram que o país está muito longe de ser uma potência olímpica.
O ministro do Esporte, o deputado Leonardo Picciani (PMDB-RJ), ex-aliado da presidente afastada Dilma Rousseff, declarou que “número de medalhas não é parâmetro para avaliar o desempenho dos nossos atletas”, comparando os resultados do Rio2016 com os de Londres 2012 e Pequim 2008.
Alçado ao cargo por motivos político-partidários e leigo em matéria esportiva, como os seus últimos antecessores, Picciani, provavelmente, não tem observado a disputa que se trava, de quatro em quatro anos, entre as grandes potências olímpicas, como Estados Unidos, Rússia (antes União Soviética), China, Alemanha, Austrália e Coréia do Sul, pela hegemonia do esporte no mundo.
Já o vitalício presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman, mostrando, durante a cerimônia de encerramento dos Jogos, sinais de instabilidade emocional e procurando esconder uma doença nervosa progressiva, atribuiu a si mesmo, num cansativo discurso, o que ele admite como sucesso do megaevento. “Sou o homem mais feliz do mundo; o Rio é o melhor lugar do mundo”, bradou o ufanista dirigente, pintando a nossa bandeira de “red e yellow” (vermelho e amarelo), com o pensamento, talvez, voltado para os símbolos petistas.
No dia seguinte, ainda impregnado de orgulho, Nuzman, 74 anos, declarou à imprensa que “dinheiro de estatal não é verba pública”; recusou revelar suas fontes de renda e negou receber salário do COB; admitiu permanecer por mais alguns anos no cargo, “pois não me considero longevo”.
Um grupo de oito diretores do Comitê Organizador dos Jogos Rio 2016, presidido por Nuzman, não tem do que se queixar. De 2011 a 2015, eles receberam, a título de salários, R$ 26,8 milhões, além de R$ 24 milhões para viagens, nos últimos dois anos. Os valores constam do balanço oficial do organismo. De tanto se queixar do rombo deixado pelo megaevento, o Comitê conseguiu na semana passada uma verba extra da União de R$ 250 milhões, que, pelo menos, vai garantir a comida dos atletas das Paraolimpíadas (7 a 18 de setembro), que estiveram ameaçadas de cancelamento. :: LEIA MAIS »
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