:: 3/ago/2016 . 22:47
UMA OLIMPÍADA DE INCERTEZAS
Carlos González – jornalista
“O Brasil vive um momento mágico, com uma economia pujante. Damos todas as garantias possíveis para os Jogos. Aprendemos a cumprir nossos compromissos, porque precisamos mostrar ao mundo que o Brasil se tornou uma nação desenvolvida”. Essas palavras foram ditas, com um entusiasmo incontido, pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Copenhague, na Dinamarca, no dia 2 de outubro de 2009, após o Comitê Olímpico Internacional (COI) ter anunciado a escolha do Rio de Janeiro como sede dos XXXI Jogos Olímpicos da Era Moderna.
Quase nove anos depois o mundo olímpico encara os Jogos que serão disputados este mês com um misto de incertezas e preocupações. O Brasil vive uma crise econômica, política e social sem precedentes, obrigando o COI e suas federações filiadas a mudar os seus planos, inclusive em relação ao futuro, a fim de não cometer o erro de 2009, quando indicaram o Rio, em detrimento de Madrid, Tóquio e Chicago.
Um país com dois presidentes, com o processo de impeachment de um deles em tramitação no Senado; políticos, empresários e governantes citados diariamente pela imprensa, acusados de corrupção em operações do Ministério Público, Polícia Federal e Judiciário; casos de doenças como a zika e a dengue, que levaram muitos atletas a não vir ao Brasil; denúncias de desvio de recursos destinados à construção dos equipamentos esportivos e às obras de mobilização urbana; ingressos para as competições encalhados devido aos altos preços; as populações mais pobres protestando contra os bilhões gastos no Rio, exigindo escolas, saúde e segurança, em várias cidades por onde passou a tocha olímpica.
“A ESCOLA PÚBLICA É UM ESCÂNDALO”
Um corpo é docente, mas está “doente”. O outro é discente, mas indisciplinado e indiferente. Ao ler uma entrevista do português educador Antônio da Névoa, ex-reitor da Universidade de Lisboa, não poderia deixar de selecionar alguns trechos de muita reflexão sobre o sistema educacional brasileiro.
Para começar, Névoa é enfático e direto quando diz que “a nossa escola pública é um escândalo.” Digo mais, se me permite o professor, que a escola que temos, lamentavelmente, é uma calamidade pública e uma máquina de fazer políticos, incompetentes, despreparados e corruptos.
Em sua entrevista aponta como exemplos bem sucedidos de ensino no mundo a Suécia e a Finlândia. Como principais problemas da nossa educação ele cita a falta de compromisso social e político com a educação de qualidade e a formação de professores.
A aprendizagem, em sua opinião, deve ser o foco, mas no Brasil os professores trabalham em várias escolas. Indagado sobre está situação em outros países, afirmou que nunca encontrou exemplos semelhantes no mundo. As mudanças, na sua avaliação, não vão aparecer por conta de teorias pedagógicas, programas educativos e leis.
Destaca, em sua entrevista, que o ensino tem que transmitir para o aluno um sentido para sua vida. A aprendizagem tem que passar um significado para que o aluno tenha prazer em estudar. Nesse ponto, concordo que as aulas, no geral, são enfadonhas, metódicas e longe da realidade da vida.
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