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:: 1/mar/2016 . 23:20

PRUDENTE:BIRRA DO ANTECESSOR, TRAMA DO VICE E ATÉ ATENTADO

Prudente de Moraes passou quatro anos extenuante na Presidência da Republica. As turbulências começaram antes mesmo da posse em 1894. Saído de Piracicaba (SP), ele não encontrou recepção nenhuma ao desembarcar do trem no Rio. Foi o primeiro sinal de que o presidente Floriano Peixoto não estava feliz por entregar o poder.

As hostilidades continuaram. Floriano não quis recebê-lo para tratar da transição, alegando falta de horário na agenda. No dia da posse, o presidente não enviou carruagem oficial ao hotel onde o sucessor se hospedava. Prudente teve de alugar uma carroça às pressas para chegar ao Palácio Conde dos Arcos, a sede do Senado.

Após o juramento, o novo presidente rumou para o Itamaraty, o palácio presidencial, mas achou o prédio às moscas – aberto, sujo e sem funcionários. Floriano não estava, pois se negara a transmitir-lhe o cargo. – Foi pirraça – Resume o jornalista J. Natale Netto, autor de Floriano, o Marechal Implacável (Novo Século).

O marechal Floriano não viu com bons olhos a chegada dos civis ao poder. Afinal, foram os militares que em 1889 proclamaram a República. Prudente tinha um currículo respeitável. Havia sido governador de São Paulo e, como senador presidido a Assembleia Nacional Constituinte. Na primeira eleição presidencial, indireta em 1891, ficara em segundo lugar – os parlamentares deram vitória ao marechal Deodoro da Fonseca, que meses depois renunciou e seria sucedido por Floriano, seu vice.

Em 1894, o Sul se ensanguentava na Revolução Federalista. Em 1896 explodia a Guerra de Canudos, na Bahia, No primeiro conflito, Prudente costurou o acordo de paz. No segundo, massacrou os revoltosos.

– Prudente não conseguiu grandes feitos econômicos ou sociais. Sua proeza foi pacificar o país. Com ele, encerrou-se a transição da Monarquia para a República e o novo regime se consolidou de vez – explica a historiadora Renata Gava, diretora do Museu Prudente de Moraes, de Piracicaba.

O presidente tinha um inimigo insuspeito. Era Manoel Victorino, seu próprio vice. Em 1896, Prudente teve que se afastar do cargo por causa de uma cirurgia nos rins. Victorino assumiu o poder e foi tomado pela ideia de não devolver o cargo. Trocou ministros e transferiu a Presidência do Itamaraty para o Catete. Ciente da trama, Prudente, que se tratava em Teresópolis (RJ), decidiu voltar de surpresa e Victorino, sem tempo para reagir, não teve opção senão entregar a cadeira presidencial.

Em 1897, Prudente enfrentou a última turbulência. Durante uma cerimônia, um soldado encostou uma pistola em seu peito. O presidente foi rápido e, com a cartola, conseguiu afastar a arma. O soldado, então, sacou uma espada e matou o ministro da Guerra, marechal Carlos Machado Bittencourt. Prudente saiu ileso. Victorino foi processado como mandante do atentado. Ante a falta de provas, o vice acabou sendo inocentado.

Copiado do livro ‘O Senado na História do Brasil’, vol. I

Antonio Novais Torres

antorres@terra.com.br

Brumado

 

 





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