:: nov/2015
SABEDORIA POPULAR III
Tem muito mais coisas por aí pelos grotões do Brasil a fora ditas pelos mais antigos como os avós da nossa geração dos 60, 70 e 80, mas vamos finalizar nossa série de Sabedorias Populares. São ditados filosóficos que grudam em nossa memória e servem para o dia a dia da vida.
Vamos lá com a nossa lista de frases dos sábios autores anônimos, muitas delas escritas em carrocerias de caminhões:
“Casa de ferreiro, espeto de pau”.
“O pouco com Deus é muito”.
“Alegria de pobre dura pouco”.
“Quando pobre corre é porque é ladrão”.
“Pobre já nasceu fazendo regime”.
“Quem gaba o toco é a coruja”.
“Macaco velho não mete a mão em cumbuca”.
“Filho de peixe, peixinho é”. Essa cai bem em nossos políticos que passam anos mamando nas tetas do povo e depois passam os fartos peitos para seus filhos.
“Nem tudo que reluz é ouro”.
“Tudo no início são flores”. É como o amor no começo.
“O uso do cachimbo põe a boca torta”.
“O hábito faz o monge”. Aqui temos ladrões de colarinho branco.
“Cesteiro que faz um cesto faz um cento”.
“Quem ama o feio, bonito lhe parece”.
“Deus ajuda quem madruga”. Esta sempre ouvia do meu pai que foi um monstro no trabalho para sustentar a família na roça.
“Farinha pouca, meu pirão primeiro”. A farinha está escassa e difícil de conseguir, mas o pirão dos políticos é garantido e ninguém tasca a mão nele.
“Quem come e guarda, come duas vezes”. Ainda não consegui fazer isso em vida.
“Mateus! primeiro os teus!”
“Antes só que mal acompanhado”.
“Pimenta nos olhos dos outros é refresco”. Pode ser também em outro lugar.
“Quem tem telhado de vidro, não joga pedra no do vizinho”. Nos poderes executivo, legislativo e judiciário brasileiro, praticamente todos têm telhado de vidro. É pedra pra tudo que é lado, mas os deles é de zinco.
“Roupa suja se lava em casa”. Muitos lavam nas ruas e praças mesmo.
“Pé que não anda, não dá topada”.
“O tolo que pouco fala, passa por sábio”.
“É melhor ficar calado do que dizer besteiras”.
“Antes prevenir que remediar”. Aqui no Brasil, mesmo você se prevenindo, fica remediado mesmo”.
“Quem avisa amigo é”.
“Papagaio come o milho, periquito leva a fama”.
“Antes um cachorro amigo do que um amigo cachorro”.
“O amor é uma flor que nasce no coração do trouxa”.
EMANCIPAÇÃO COMO VILA
Por que os municípios de Ilhéus e Porto Seguro, só para citar os dois, pelas suas datas de comemoração de independência têm menos tempo de emancipação política que Vitória da Conquista, embora sejam bem mais velhas como vilas?
Ilhéus passou a comemorar sua emancipação a partir de 1881, mas já era vila desde 1534. Porto Seguro completou no dia 28 de junho último 124 anos de emancipação política como município, se bem que já era também vila desde 1534.
Outra que nasceu às margens do rio Paraguaçu, no século XVI foi Cachoeira. Em 1698 a freguesia alcançou a categoria de vila de Nossa Senhora do Rosário do Porto de Cachoeira. Somente em 13 de março de 1837 Cachoeira foi elevada a cidade pela Lei número 43, data em que comemora sua emancipação política.
A Vila da Victória foi criada pelo Decreto Imperial número 124, em 19 de maio de 1840. No entanto, a data política é comemorada em 9 de novembro em referência à posse do Conselho Municipal, o equivalente a Câmara Municipal de Vereadores de hoje.
Acontece que a vila só passou a ser cidade após a Proclamação da República, em 1º de junho de 1891. De Cidade da Conquista recebeu definitivamente o nome de Vitória da Conquista em 1943. Pela data comemorativa de emancipação, Conquista dá a entender ser mais velha que Porto Seguro e Ilhéus.
Ainda pelos meados do século passado, com o parecer de uma comissão denominada de grandes intelectuais e aprovação dos poderes legislativo e executivo, Conquista passou a comemorar sua data com base em 9 de novembro de 1840 quando se deu a posse do Conselho, formado por Manoel José Viana, Joaquim Moreira dos Santos, Theotônio Gomes Roseira, Manoel Francisco Soares, Justino Ferreira Campos, Luiz Fernandes de Oliveira (presidente) e Francisco Xavier da Costa.
É certo que naquela época de 1840, a vila passou a organizar sua gestão, inclusive aprovou um código de posturas com poderes de disciplina, mas o local continuou dependente das comarcas de Caetité e Jacobina para resolver seus processos e ações na Justiça. Naquele tempo, o fundador do povoado João Gonçalves da Costa (Capitão da Conquista do Gentio Mongoió) reclamou ao governador da província dizendo que os conflitos demoravam muito tempo para serem solucionados, sem contar os altos custos processuais.
Ele sugeriu, inclusive, que a vila se reportasse a Ilhéus por ser mais perto e considerou um absurdo a vinculação com a Ouvidoria de Jacobina. Em 1873 passou, então, a se reportar a Santo Antônio da Barra (Condeúba), só se desligando em 1882 quando a vila recebeu o título de comarca.
A história nos conta ainda que Caetité, antiga Santa Anna de Caetité, passou a ser vila imperial em 1810 se desmembrando da comarca de Minas de Rio das Contas (vinculada a Jacobina). Até pouco tempo comemorava-se a emancipação política a partir da sua designação como cidade logo após a Proclamação da República.
Como denotava ser mais nova que Conquista, lá foi feita uma correção com base no ano de 1810 quando se tornou vila e comarca. Portanto, Caetité está completando agora 205 anos de emancipação. Não sou doutor no assunto, mas deixo aqui meu contraponto de que esta é uma discussão que ainda carece ser mais aprofundada pelos historiadores.
Não seria o caso também de Porto Seguro, Ilhéus e Cachoeira, como cidades mais antigas, adotarem o mesmo procedimento de revisão histórica, passando a festejar suas emancipações políticas a partir da titulação como vilas? Ou são casos diferentes?
Como no Brasil e na Bahia se gosta muito de festas e feriadões, bem que se podia comemorar como vila e cidade, sendo assim constituídas oficialmente duas datas no ano. Fica aqui a sugestão, porque quase ninguém sabe quando Conquista passou a ser cidade de verdade.
COMO ACREDITAR NO PAÍS DO FUTURO?
Numa situação onde o sistema já nasceu excludente, num emaranhado de peças enferrujadas, ser otimista neste país é até ser leviano. É como vender um alimento estragado e tentar convencer o comprador de que ele pode se tornar saudável com a introdução de substâncias químicas. É o caso brasileiro onde há muitos anos um monte de itens esperam na fila do país do futuro.
Palestrantes de autoajuda e estrangeiros maravilhados que aqui chegam tentam incutir em nós de que este é o Brasil do futuro. Os primeiros porque querem vender seu peixe passado na base do ânimo a qualquer custo. Os segundos porque ficam encantados com suas belezas, com a vida bagunçada que eles não têm e quase sempre desconhecem o interior do produto. Só uma revolução de verdade começando do zero nos levaria ao país do futuro.
Não estou falando daquela história de injetar competição capitalista a qualquer custo no indivíduo para ele vencer na vida, mesmo que não seja por meios lícitos. Estou me referindo ao país como um todo no sentido coletivo da palavra que requer planejamento e gestão de inclusão, justiça social, reparação e expurgação dos privilégios nababescos restritos a determinadas categorias que estão bem longe da pobre realidade brasileira.
Como acreditar num país do futuro que reluta endireitar os caminhos tortuosos que há anos só fazem aumentar as desigualdades sociais e crescer o ódio entre as classes? O povo aqui sempre foi vítima de calotes e mais calotes de um poder público negligente, arcaico e roedor famélico das entranhas de seus cidadãos.
Existe um sem número de coisas na vida do país que não adianta fazer remendos para galgarmos este futuro tão decantado pelos otimistas de plantão. Comecemos pelo esquema eleitoral montado que nada difere do antigo coronelismo. Nele se vota iludido de que é a saída, só que os resultados nunca aparecem. É um modelo totalmente antipatriota no lugar de ser uma cidadania respeitada e digna.
O CAMPEÃO FALIDO
Carlos González – jornalista
Faltando apenas quatro rodadas para o término do Campeonato Brasileiro da série A, não restam dúvidas de que o título irá para o Corinthians. É apenas uma questão de uma ou duas semanas, tempo suficiente para que seus torcedores fiquem curados da frustração provocada pelo Atlético Mineiro, na vitória de 1 a 0, no último minuto da partida contra o Figueirense, no instante que alguns membros da Gaviões da Fiel já ocupavam a Avenida Paulista, em São. Paulo, com a finalidade de comemorar e, possivelmente, vandalizar.
O Corinthians foi, sem dúvida, a melhor equipe, num campeonato tecnicamente sofrível. Num período de crise econômica, com o brasileiro riscando o lazer do seu orçamento doméstico, o torcedor do alvinegro paulista prestigiou os jogos do seu time, vencendo grandes distâncias até o Itaquerão, ou viajando para outras cidades. Vale ressaltar que o clube mais endividado do país foi beneficiado pelas arbitragens, cujos erros deixaram de ser apontados por uma parcela considerável da imprensa paulistana, que não esconde seus sentimentos.
Com uma dívida que beira R$ 1 bilhão, o Corinthians, se pudesse, trocaria o troféu de campeão brasileiro por alguns milhões de reais para poder saldar seus inúmeros compromissos financeiros. Incentivado pelo seu torcedor nº 1, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com empréstimos tomados ao BNDES e aos bancos do Brasil e Santander, o clube, por vaidade, viu tornar-se realidade o sonho de um estádio só seu, que serviu de sede para o jogo de abertura da Copa do Mundo de 2014. O Morumbi, o mais acessível estádio de São Paulo, foi vetado pelo governo federal e pela FIFA, que receberam a opinião parcial do corintiano Lula.
SABEDORIA POPULAR II
Vamos prosseguir com nossos ditados populares dos antigos, denominados de sabedoria popular, muitos dos quais escritos em carrocerias de caminhões e citados em conversas entre amigos para reforçar argumentos filosóficos, políticos e socioeconômicos do dia a dia de nossas vidas.
Vejamos alguns deles muito conhecidos, mas vale a pena relembrá-los:
“Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”. Esta, como todos sabem, foi dito por Cristo aos seus apóstolos.
“Quem rir por último rir melhor”.
“Antes um pássaro na mão que dois voando”.
“Muito vento é sinal de pouca chuva”.
“Mais vale um peito na mão que dois no sutiã”.
“Quem tem medo de cagar não come”.
“Quem não chora não mama”. Muito boa para os tempos atuais de crise econômica de tanta pechincha.
“Mais vale um certo que dois duvidosos”.
“Quem com ferro fere, com ferro será ferido”. Muitos políticos devem estar hoje sentindo isso na pele. É o mesmo como o “mal sempre retorna para si”. Aqui também é só refletir a onda de refugiados das guerras e das catástrofes invadindo os países ricos da Europa que subjugaram os mais fracos com mãos de ferro. Os Estados Unidos, que têm a maior dívida para com as nações invadidas, fazem de conta que nada está existindo.
“Ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão”. Os políticos safados gostam dessa.
“Quem canta, seus males espanta”.
“Quem vive de esperanças morre de fome”. Isso acontece muito com os brasileiros. É o povo que tem mais esperança no futuro.
“Quem não vive para servir, serve para morrer”.
“Quem está perdido, todo mato é caminho”. É o caso do presidente da Câmara Eduardo Cunha.
“Nada como um dia depois do outro”. Serve para ele também.
“Não há mal que sempre dure, nem bem que nunca se acabe”. Lembrei do “poetinha”: O amor dura enquanto é eterno.
“Quando o gato sai de casa, o rato passeia na mesa”.
“Contra um argumento, um argumento e meio”.
“Agua mole em pedra dura tanto bate até que fura”. Vá meu camarada, e não desista nunca.
“Quem muito quer, pouco alcança”.
“Quem não tem cão, caça com gato”.
“Uma andorinha só não faz verão”.
“Quem com os porcos se misturam, farelos come”. Esta, meu pai sempre dizia quando era menino para não andar com gente que não presta. Por não ouvi-lo, tomei muita topada.
“Santo de casa não faz milagre”. Esta é batata! Brasileiro, por exemplo, não sabe valorizar sua arte, sua cultura, suas riquezas e seu patrimônio. É um país que não preserva suas tradições. Na próxima, vamos ter mais para refletir.
NOVA IMORTAL DA ALB
A professora emérita do Instituto de Letras da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Suzana Alice Marcelino da Silva Cardoso, foi eleita na noite de quinta-feira (5) a nova imortal da Academia de Letras da Bahia.
Ela ocupará a cadeira nº 28, vaga desde a morte da historiadora Consuelo Pondé de Sena, em maio deste ano. A solenidade de posse ainda será agendada. A acadêmica atua, principalmente, na área da dialectologia (estudo de dialetos), geolinguística (campo entre linguística e geografia), português do Brasil, língua portuguesa e variação.
“Um sentimento especial em integrar este sodalício, que demonstra com robustez a sua existência e o seu papel na história cultural da Bahia e do Brasil”, disse Suzana Alice, durante a cerimônia de eleição.
Suzana Alice possui graduação em Letras Neolatinas pela Universidade Federal da Bahia (1960), mestrado em Letras e Linguística pela Universidade Federal da Bahia (1979) e doutorado em Letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2002). Ela também foi presidente da Associação Brasileira de Linguística (1993-1995) e é diretora-presidente do Projeto Atlas Linguístico do Brasil..
CONSELHOS DESPREPARADOS
As eleições para escolha dos conselheiros tutelares da criança e do adolescente, da forma como são realizadas, num círculo fechado de nomes para os cargos indicados por membros das igrejas evangélicas, grupos políticos, associações e sindicatos, não passam de mais um embuste democrático. O resultado desse processo é que a maioria dos eleitos é despreparada e não tem compromisso para com o exercício da função.
Recentemente, o Fórum Nacional de Membros do Ministério Público, denominado de “Pró-Infância”, divulgou uma moção de repúdio, acusando o despreparo do estado e omissão da Justiça Eleitoral na realização das eleições – conforme denunciou uma jornalista na imprensa de Salvador. Enfim, o Fórum classificou o pleito como um atentado à democracia.
Essa opção “democrática” que não leva em conta o mérito e a competência foi iniciada nos anos 80 e transformou-se num complô. As primeiras eleições terminaram em vexame diante das irregularidades, fraudes, compra e troca de votos como acontece com o sistema eleitoral vigente que elege os parlamentares e governantes.
A REALIDADE SOCIOPOLÍTICA BRASILEIRA: DIFICULDADES E OPORTUNIDADES
O Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, reunido em Brasília de 27 a 29 de outubro de 2015, comprometido com a vivência democrática e com os valores humanos, consciente de que é dever da Igreja cooperar com a sociedade para a construção do bem comum, manifesta-se acerca do momento de crise na atual conjuntura social e política brasileira.
A permanência e o agravamento da crise política e econômica, que toma conta do Brasil, parecem indicar a incapacidade das instituições republicanas que não encontram um modo de superar o conflito de interesses que sufoca a vida nacional, e que faz parecer que todas as atividades do país estão paralisadas e sem rumo. A frustração presente e a incerteza no futuro somam-se à desconfiança nas autoridades e à propaganda derrotista, gerando um pessimismo contaminador, porém, equivocado, de que o Brasil está num beco sem saída. Não nos deixaremos tomar pela “sensação de derrota que nos transforma em pessimistas lamurientos e desencantados com cara de vinagre” (Papa Francisco – Alegria do Evangelho, 85).
Somos todos convocados a assegurar a governabilidade que implica o funcionamento adequado dos três poderes, distintos, mas harmônicos; recuperar o crescimento sustentável; diminuir as desigualdades; exigir profundas transformações na saúde e na educação; ampliar a infraestrutura, cuidar das populações mais vulneráveis, que são as primeiras a sofrer com os desmandos e intransigências dos que deveriam dar o exemplo. Cada protagonista terá que ceder em prol da construção do bem comum, sem o que nada se obterá.
A CONTIGÊNCIA E O ABSOLUTO
De Orlando Senna
Indicação e comentário de Itamar Aguiar
Blog Refletor TAL-Televisión América Latina.
Assustado com o estado geral das coisas, no mundo onde milhões de pessoas vagam e morrem em terras estrangeiras tentando escapar da fome e da violência, onde uma guerra se espraia mundialmente disfarçada em conflitos regionalizados, como se não fosse uma só, e particularmente no Brasil, país idolatradamente amado que agora causa vergonha e decepção aos brasileiros de bem e do bem por culpa de políticos, servidores públicos e empresários criminosos, me aninhei na imagem e na lembrança de duas pessoas muito importantes na minha vida.
Estava/estou assustado com a crise da espécie humana, mas também, ou consequentemente, com vontade de continuar a ser feliz, de preservar minha partícula divina, essa partícula que todo mundo tem, mesmo os que não sabem disso. E por isso me aninhei na minha professora Angelina Campos Felippi Viana e no meu compadre Roberto Pires, o cineasta, que protagonizam neste fim de semana eventos culturais na Bahia. Os convites estão lado a lado na minha telinha: dona Angelina está lançando seu livro Aventureiros & Sonhadores amanhã, sábado, no Centro Cultural Ecoviva em Lençóis, na Chapada Diamantina; hoje, sexta-feira, o Instituto Memória Roberto Pires, mantido por sua família, exibe no XI Panorama Internacional Coisa de Cinema, em Salvador, o filme restaurado Abrigo Nuclear, realizado por ele em 1981.
Militância
Roberto Pires, além de inventar lentes anamórficas, fazer o primeiro filme longo da Bahia (Redenção, 1958), alimentar a semeadura do Cinema Novo com seus clássicos A grande feira e Tocaia no asfalto, ser o mestre incontestável de sua geração de diretores, fotógrafos e editores no que se refere à tecnologia audiovisual, foi um ambientalista em tempo integral em uma época em que esse assunto não circulava na sociedade nem era uma pauta importante na mídia e na academia. Nos anos 1970 suas preocupações com o destino da humanidade estavam focados na possível escassez de água no planeta, na exaustão das reservas de petróleo e no perigo mortal da utilização da energia nuclear para fins pacíficos. Atenção: seu foco não era a bomba atômica, a guerra nuclear, a proliferação das ogivas nucleares de destruição em massa. Era o lixo das centrais nucleares de produção de eletricidade, resíduos que continuarão radioativos durante milhares de anos.
É PRECISO REPENSAR A PM
A força policial brasileira é a que mais mata no mundo. É o que diz relatório da Organização Anistia Internacional. Diante de fatos comprovados através de atitudes e práticas reais de violências noticiadas quase que diariamente pela imprensa, a polícia militar, em questão, precisa ser totalmente repensada. Não é mais concebível a persistência de mentalidades arcaicas na sociedade atual.
Criada desde o império, mais para proteger as grandes propriedades dos senhores do reino, ela hoje tem o casco endurecido e necessita de uma nova roupagem longe da concepção primária de reprimir e matar como é pregado nos quartéis por muitos oficiais quando dizem que “bandido bom é bandido morto”, enquanto a violência só faz aumentar.
Há quem defenda sua extinção e criação de uma nova corporação, bem mais instruída do ponto de vista do saber lidar e se relacionar com as comunidades em suas abordagens. A população não quer mais uma polícia que passa a maior parte de seus treinamentos fazendo exercícios físicos, atirando em alvos e ouvindo de seu comandante a ordem de que ele (o soldado) está sendo preparado para uma guerra como se o povo fosse o inimigo.
A polícia da repressão do pobre (não quero aqui falar de cor) está caduca, viciada e contaminada, inclusive empregando métodos e força da época do regime militar. Aliás, pela Constituição, ela é ainda subordinada ao Exército. Modificar a cena do crime, forjar tiroteios e mortes para incriminar a vítima (seja marginal ou não) foram práticas costumeiras da ditadura contra políticos e os considerados subversivos.