:: 4/nov/2015 . 23:42
A REALIDADE SOCIOPOLÍTICA BRASILEIRA: DIFICULDADES E OPORTUNIDADES
O Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, reunido em Brasília de 27 a 29 de outubro de 2015, comprometido com a vivência democrática e com os valores humanos, consciente de que é dever da Igreja cooperar com a sociedade para a construção do bem comum, manifesta-se acerca do momento de crise na atual conjuntura social e política brasileira.
A permanência e o agravamento da crise política e econômica, que toma conta do Brasil, parecem indicar a incapacidade das instituições republicanas que não encontram um modo de superar o conflito de interesses que sufoca a vida nacional, e que faz parecer que todas as atividades do país estão paralisadas e sem rumo. A frustração presente e a incerteza no futuro somam-se à desconfiança nas autoridades e à propaganda derrotista, gerando um pessimismo contaminador, porém, equivocado, de que o Brasil está num beco sem saída. Não nos deixaremos tomar pela “sensação de derrota que nos transforma em pessimistas lamurientos e desencantados com cara de vinagre” (Papa Francisco – Alegria do Evangelho, 85).
Somos todos convocados a assegurar a governabilidade que implica o funcionamento adequado dos três poderes, distintos, mas harmônicos; recuperar o crescimento sustentável; diminuir as desigualdades; exigir profundas transformações na saúde e na educação; ampliar a infraestrutura, cuidar das populações mais vulneráveis, que são as primeiras a sofrer com os desmandos e intransigências dos que deveriam dar o exemplo. Cada protagonista terá que ceder em prol da construção do bem comum, sem o que nada se obterá.
A CONTIGÊNCIA E O ABSOLUTO
De Orlando Senna
Indicação e comentário de Itamar Aguiar
Blog Refletor TAL-Televisión América Latina.
Assustado com o estado geral das coisas, no mundo onde milhões de pessoas vagam e morrem em terras estrangeiras tentando escapar da fome e da violência, onde uma guerra se espraia mundialmente disfarçada em conflitos regionalizados, como se não fosse uma só, e particularmente no Brasil, país idolatradamente amado que agora causa vergonha e decepção aos brasileiros de bem e do bem por culpa de políticos, servidores públicos e empresários criminosos, me aninhei na imagem e na lembrança de duas pessoas muito importantes na minha vida.
Estava/estou assustado com a crise da espécie humana, mas também, ou consequentemente, com vontade de continuar a ser feliz, de preservar minha partícula divina, essa partícula que todo mundo tem, mesmo os que não sabem disso. E por isso me aninhei na minha professora Angelina Campos Felippi Viana e no meu compadre Roberto Pires, o cineasta, que protagonizam neste fim de semana eventos culturais na Bahia. Os convites estão lado a lado na minha telinha: dona Angelina está lançando seu livro Aventureiros & Sonhadores amanhã, sábado, no Centro Cultural Ecoviva em Lençóis, na Chapada Diamantina; hoje, sexta-feira, o Instituto Memória Roberto Pires, mantido por sua família, exibe no XI Panorama Internacional Coisa de Cinema, em Salvador, o filme restaurado Abrigo Nuclear, realizado por ele em 1981.
Militância
Roberto Pires, além de inventar lentes anamórficas, fazer o primeiro filme longo da Bahia (Redenção, 1958), alimentar a semeadura do Cinema Novo com seus clássicos A grande feira e Tocaia no asfalto, ser o mestre incontestável de sua geração de diretores, fotógrafos e editores no que se refere à tecnologia audiovisual, foi um ambientalista em tempo integral em uma época em que esse assunto não circulava na sociedade nem era uma pauta importante na mídia e na academia. Nos anos 1970 suas preocupações com o destino da humanidade estavam focados na possível escassez de água no planeta, na exaustão das reservas de petróleo e no perigo mortal da utilização da energia nuclear para fins pacíficos. Atenção: seu foco não era a bomba atômica, a guerra nuclear, a proliferação das ogivas nucleares de destruição em massa. Era o lixo das centrais nucleares de produção de eletricidade, resíduos que continuarão radioativos durante milhares de anos.
É PRECISO REPENSAR A PM
A força policial brasileira é a que mais mata no mundo. É o que diz relatório da Organização Anistia Internacional. Diante de fatos comprovados através de atitudes e práticas reais de violências noticiadas quase que diariamente pela imprensa, a polícia militar, em questão, precisa ser totalmente repensada. Não é mais concebível a persistência de mentalidades arcaicas na sociedade atual.
Criada desde o império, mais para proteger as grandes propriedades dos senhores do reino, ela hoje tem o casco endurecido e necessita de uma nova roupagem longe da concepção primária de reprimir e matar como é pregado nos quartéis por muitos oficiais quando dizem que “bandido bom é bandido morto”, enquanto a violência só faz aumentar.
Há quem defenda sua extinção e criação de uma nova corporação, bem mais instruída do ponto de vista do saber lidar e se relacionar com as comunidades em suas abordagens. A população não quer mais uma polícia que passa a maior parte de seus treinamentos fazendo exercícios físicos, atirando em alvos e ouvindo de seu comandante a ordem de que ele (o soldado) está sendo preparado para uma guerra como se o povo fosse o inimigo.
A polícia da repressão do pobre (não quero aqui falar de cor) está caduca, viciada e contaminada, inclusive empregando métodos e força da época do regime militar. Aliás, pela Constituição, ela é ainda subordinada ao Exército. Modificar a cena do crime, forjar tiroteios e mortes para incriminar a vítima (seja marginal ou não) foram práticas costumeiras da ditadura contra políticos e os considerados subversivos.
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