O radicalismo e a insensatez imperam nas manifestações. Escravos falam pela voz dos patrões. O ato pró-Dilma do PT, da CUT, do MST e da UNE, (que saudades daquela União Nacional dos Estudantes!), grita fora Cunha e critica o Judiciário. Cala-se diante do Renan e do Fernando Collor. Oh, quanta desfaçatez!

Em Salvador, o ex-presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli condena as ações investigativas da Operação Lava Jato, mas silencia quando é interpelado por um repórter sobre denúncia do Ministério Público contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, tratado como inimigo número um da presidente.

Ladrões e corruptos são poupados, desde que estejam ao lado do governo tramando um acordão. Na outra manifestação do dia 15 (domingo passado), o Cunha era o aliado e Renan o inimigo. Pouco se falou da atuação do juiz Sérgio Moro. Prevalecem as contradições e o ódio cego de uma nação que esqueceu os princípios básicos de combater a qualquer custo a desonestidade.

Sindicalistas dizem que os protestos contra Dilma são feitos pela “elite branca”, pelos bonitinhos e os “bem nutridos”. Lá estavam o ex-deputado federal e ex-presidente da Agência Nacional do Petróleo, Haroldo Lima e a deputado federal, Alice Portugal. Quer dizer que eles são desnutridos e não fazem parte de ume elite?

É bom lembrar que os empresários e os banqueiros do sistema financeiro que mais lucraram nos últimos anos e ainda são os que mais ganham dinheiro neste país em recessão e desemprego, principalmente os bancos, passam batidos nos protestos porque servem aos dois lados.

Estes segmentos não prezam a democracia, mas os seus bolsos. Foram eles que mais deram sustentação à ditadura militar. Para eles, não importa o sistema ou o regime, desde que continuem explorando e aumentando cada vez mais o faturamento de seus negócios. O capitalismo desenfreado é o deus e está acima de qualquer ideologia.

Já os intelectuais e artistas artífices da nossa cultura se recolheram aos seus aposentos com seus pijamas. De longe dá para se escutar o silêncio dos bons. A Igreja Católica não se manifesta, enquanto pastores evangélicos e a bancada da bala fazem coro ao conservadorismo de um Congresso desmoralizado que não representa mais o povo.