Uma pede a saída de Dilma, Lula e o presidente do Senado Renan Calheiros, mas apoia o presidente da Câmara, Eduardo Cunha. A outra grita fora Cunha e fica Dilma e Lula. O Renan e o Fernando Collor são poupados. É o estica-estica das manifestações com pouco pensar e reflexão.

Uma não pensa no vácuo de poder com o afastamento da presidente e até pede intervenção militar, seguindo os passos de Bolsonaro e outros oportunistas. A outra coloca o boneco de Cunha como presidiário, mas esquece os denunciados e condenados do PT que estão envolvidos nas corrupções do Mensalão e da Operação Lava Jato.

Os dois lados combatem a roubalheira, eximindo ou perdoando, no entanto, aquele que faz parte do seu grupo. Em cada movimento, um porta-voz do governo solta uma nota de que os protestos fazem parte do processo democrático. Disso todos estão carecas de saber. Acontece que não basta só isso. Algo sério e concreto tem que ser feito pelos três poderes.

Como cego em tiroteio, Dilma se agarra aos conselhos do feiticeiro, que já perdeu seu poder de cura, e sai por aí inaugurando casas e falando coisas sem fazer um mea culpa de seus erros. A turma do deixa disso, como “reservas morais”, parte para um acordão e o povo inculto fica a latir como cão vira lata. Ocorre que os dois lados têm telhado de vidro.

O país não pode ser tratado como se fosse um cabo de guerra, ou um puxa-puxa de brincadeira de menino, com torcidas alopradas entre azuis e vermelhos que acobertam seus ladrões e corruptos dependendo das conveniências particulares de cada um, sem se preocupar com a coletividade. Desmoralizado, o Congresso segue defendendo seu quinhão.

Ainda nesta semana, os maiorais patronais do ramo empresarial nacional se reuniram numa cúpula e apresentaram medidas para tirar o Brasil desse atoleiro, só que não se viu uma linha em defesa da democracia e repulsa a qualquer tipo de retrocesso político. Não entendi o que a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) estava fazendo ali entre os patrões.

O cenário é perturbador e lembra muitos fatos passados que terminaram em desagradáveis episódios para a nação. Os personagens parecem ser os mesmos como se estivessem saindo do túnel do tempo, e não se pode dizer que a situação é bem diferente. O país sangra e o governo fica atordoado sendo jogado de um lado para o outro.