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:: 14/ago/2015 . 22:50

XEQUE-MATE DO ACORDÃO

Nesse tabuleiro do xadrez tupiniquim brasileiro dos reis, rainhas, príncipes, damas, torres, panelas, machados, martelos, foices, vilões, feiticeiros, corruptos, dos coronéis e generais está pintando um acordão com o satanás para tirar a economia da encruzilhada e desfazer a maldição da crise política e moral. Mais uma vez, quem vai levar o xeque-mate é o povo.

Se for partir para o jogo mais popular de buraco ou pôquer com o baralho dos coringas, valetes, espadas e azes, também o povo pode ser emburacado com uma canastra de mil. Limpa ou suja, a jogada tem sempre trapaça no meio. Se for no dominó pode ser “lasquinê”. Tem muita gente por aí blefando, mas o acordão pode transformar as investigações da Operação Lava Jato numa pizza de tamanho continental.

Na dama pode haver um vacilo e resultar numa comida geral. As pedras e as cartas do jogo, que até há pouco tempo o povo estava ganhando nas ruas, estão, mais uma vez, se movimentando na direção do acordão com a dita esquerda, a qual está se derretendo como sorvete no calor de 40 graus. Os de bandeiras vermelhas blefam porque não têm balas nas agulhas das armas e os azuis mais parecem birutas de aeroporto.

Os lobos, as hienas e as raposas das estepes vagueiam farejando carniças como aves de rapina. Defendem com unhas e dentes seus nobres espaços de caça. A fauna dos bichos é rica e a flora é exuberante. As cobras saem das locas quando o tempo esquenta e os ratos pulam do barco quando começa a afundar. Eles sempre retornam em outra embarcação, sob novo comando.

Enquanto isso, a manada dispara no desfiladeiro em direção ao abismo. Os cowboys tentam controlar, mas muitas rezes se perdem do rebanho. Do outro lado, carneiros e bodes pastam no terreno duro e íngreme se esticando para pegar algumas folhas secas lá no alto, sem se incomodar com o perigo do predador.

É um alerta para os navegantes das manifestações. O cachorro raivoso que ontem ladrava e mordia, hoje lambe e assopra. O povo tem que estar atento com os olhos bem abertos para não ser iludido por um punhado de inocentes úteis que servem de iscas para os tubarões do mar.

Quando o cerco começa a se fechar e o povo acredita que agora é a vez, aí os bandidos conseguem escapulir por um alçapão camuflado e fogem pelo túnel do poder. Tudo em nome dele. Pode até mudar de pastos, mas os donos continuam os mesmos porque o sistema de engorda segue, às vezes, com algumas formas de ludibriar.

Falo em metáforas para avisar que está se armando o acordão para que tudo continue como dantes na casa de Abrantes, ou como se diz na França: plus ça change, plus c´est la même chose (quanto mais as coisas mudam, mais permanecem as mesmas).

 

 





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