OBRA INACABADA

DSC_4485

Fotos de José Carlos D´Almeida

Com a conclusão da pista de pouso, os acessos e o prédio do corpo de bombeiros praticamente prontos, o novo aeroporto de Vitória da Conquista, a 500 quilômetros da capital e a terceira maior cidade da Bahia, está entrando no rol das obras inacabadas e abandonadas no Brasil.

Acontece que a licitação para construção do prédio-sede do novo aeroporto, que deveria ter sido anunciada em março, ainda não saiu e estamos entrando em final de ano. Sem recursos, os governos estadual e federal enrolam e o tempo vai passando. Os mais de 80 milhões de reais já gastos podem ser tragados pelo matagal. Mais um dinheiro do contribuinte jogado fora.

O movimento de empresários pelo novo aeroporto de Conquista tem que tomar medidas sérias e concretas, como mobilizar toda sociedade para pressionar o governo a anunciar já a licitação para edificação dos equipamentos da sede. Infelizmente, no Brasil só se consegue as coisas na base da pressão política, como se diz no popular, batendo forte na mesa.

DSC_4487

Outra coisa que o movimento tem que fazer é divulgar, através de uma comissão de líderes, a situação nos principais veículos de comunicação de Salvador porque a obra não é só de interesse local, mas estadual e nacional. É imprescindível também o esforço junto às principais entidades baianas como Federação das Indústrias, Federação do Comércio e Câmara de Diretores Lojistas.

DSC_4492

De Conquista existem quatro deputados que precisam deixar as querelas de lado e se unirem em torno de um projeto que vai beneficiar toda comunidade. Enquanto isso, com o velho aeroporto que está mais para galpão de pouso, a cidade passa vergonha todos os dias quando recebe um visitante, devido aos inúmeros transtornos já conhecidos de todos.

DOIS DE JULHO

Já que estamos falando de aeroporto, o de Salvador que os bajuladores de ACM tiveram a insensatez de trocar o nome de “Dois de Julho” para Luis Eduardo Magalhães, é outra vergonha nacional. Sem falar nos problemas diários de embarque e desembarque, dez anos de PT na Bahia e nada foi feito até agora para que finalmente as tripulações das aeronaves possam anunciar: Estamos chegando no Aeroporto Internacional “Dois de Julho”. E ainda nos exige que tenhamos orgulho de sermos baianos e brasileiros. É pedir demais!

CENTRO DE CULTURA

Voltando para Vitória da Conquista, além do decantado novo aeroporto, a reforma do Centro de Cultura Camilo de Jesus Lima já é de fato uma obra inacabada que rola há mais de dois anos. Pela total falta de reação da sociedade, e aqui incluo os segmentos do poder público, empresarial e artístico, cultura é apenas um detalhe pequeno na decoração, sem muita importância. Tirando fora os shows de São João e Natal, a nossa cidade é pobre em eventos culturais que envolvem as diversas linguagens artísticas, como literatura (algumas produções independentes), teatro, dança, artes plásticas e até mesmo na música. A maioria vive a mendigar uma produção aqui e acolá com a cuia na mão.

CANCÃO DE FOGO

Um exemplo claro quando falo da total falta de apoio e reconhecimento está na ação do nosso amigo e companheiro professor Antônio Andrade Leal que há anos luta sozinho para divulgar a cultura nordestina através dos cordéis. Ele edita o jornal de poesias “Cancão de Fogo”, como a quarta edição de junho que trata das canções e tradições juninas. É um batalhador incansável em prol da cultural popular. Com sua turma, Andrade esteve aqui em nosso Espaço Cultural “A Estrada” numa noite proveitosa dedicada a todos cordelistas. È nosso digno convidado para comemorar os cinco anos do nosso Espaço e participar do nosso sarau. Em breve!

CASO MAICON

Fosse um rico ou filho de uma celebridade, a ação desastrada de policiais que terminaram matando e sumindo com o corpo do menino Maicon há quase três anos num bairro da periferia, já teria sido esclarecida e os culpados punidos. Como se trata de uma família pobre coitada, a sociedade simplesmente se cala e segue hipocritamente suas vidinhas fazendo suas caridades aqui e acolá como se nada tivesse acontecido. Os parentes não tiveram o direito nem de enterrar o menino. A morte aqui, meus amigos, tem hierarquia. Vale quanto pesa, ou quanto tem.

TERMINAL

Literalmente, o Terminal de Ônibus da Lauro de Freitas de Vitória da Conquista há muito tempo que está em estado terminal mesmo de coma. Além da poluição sonora e ambiental com a fuligem dos canos de ônibus e veículos em geral, os passageiros sofrem com o aperto, pois a área, desprovida de uma estrutura condizente e digna, tornou-se pequena para a demanda da cidade. A pouca cobertura de bancos está suja e desgastada. O poder público, quando provocado, fala em reforma e ampliação, mas pergunto ampliar mais o quê ali, se não existe mais espaço para tal? A saída é construir outro terminal fora do centro e revitalizar aquela área. Aliás, todo centro de Conquista precisa de um banho de renovação.

Tem gente que acha que criticar o feio e o errado é não gostar da cidade. Merece ser banido e excluído como persona non grata. Já ouvi muito isso nos meus tempos de atuação jornalística na Sucursal do jornal A Tarde. Tomei muita porrada, ainda tomo, mas continuo firme de cabeça erguida porque não tenho “rabo preso” com ninguém.