:: ago/2015
O CHÃO E A NOÇÃO
Blog Refletor TAL-Televisión América Latina
Itamar indica Orlando Senna
Na natureza material, a corrupção é o processo de destruição de uma coisa ou de um animal. A palavra latina corruption significa decomposição, putrefação. Aristóteles definiu filosoficamente o processo como uma transformação que vai do ser ao não ser. A filosofia também trata, é lógico, da corrupção da alma das pessoas, do processo de apodrecimento da consciência. É a corrupção ética, a insensibilidade com relação aos semelhantes, aos valores da convivência, às leis e a qualquer obstáculo que possa impedir o corrupto de alcançar seu objetivo, de materializar sua ambição invariavelmente relacionada ao poder econômico ou a frustrações psicológicas.
Os estudiosos apontam duas características dessa disfunção humana: as influências culturais e a insaciabilidade. A primeira não tem a ver exatamente com o velho princípio de que ninguém nasce criminoso, inclusive porque há sérias dúvidas sobre isso depois da constatação da sociopatia, uma psicopatologia que gera comportamentos antissocias, os criminosos de nascença. Tem a ver com os estímulos recebidos do meio circundante, da sociedade onde se vive, que pode gerar ou não o comportamento criminoso (e também pode alimentar ou não sociopatias se aceitamos o criminoso de nascença).
Corruptocracia
A outra característica é a falta de limites, nunca estar satisfeito com o resultado dos crimes já realizados, querer sempre mais, acumular riqueza ou poder simplesmente pelo prazer de ter. É uma escala onde o corrupto se torna irracional, incluindo nessa irracionalidade a certeza da impunidade, o sentimento de que está acima do bem e do mal, ver-se como um herói, em um patamar superior aos bocós e otários que formam o resto da humanidade. A corrupção administrativa, nos órgãos públicos, é a modalidade mais comum dos corruptos que objetivam acúmulo de poder e dinheiro, principalmente se estiver associada à corrupção corporativa, ou seja, ao mercado, aos empresários, à indústria e comércio.
PONTO DE VISTA
QUEM É O FASCISTA?
É irônico e hilário demais! Não sei de dá para chorar ou rir! O senador Fernando Collor de Mello, entre tantas afrontas e desrespeito, chamou o Procurador Geral da República, Rodrigo Janot, de fascista, de agir com retrocesso e ser o vazador de denúncias, sem contar o xingamento de “filha da puta”. Quem é mesmo o fascista?
Poderíamos dizer que o maior culpado disso tudo que está acontecendo em nosso país foi quem votou nele e em outros tipos do quilate de Renan Calheiros e Eduardo Cunha, mas, se formos ao fundo do baú da história vamos ver que os verdadeiros responsáveis por essa hecatombe nacional são os governantes do passado que sempre procuraram deixar o povo ignorante para que o voto fosse sempre comprado.
O Brasil não merece tanta sujeira, tantos desmandos, ladroagens, tanta incompetência e tanta falta de planejamento e gestão juntos. É triste ver uma nação dividida com gentes nas ruas misturando coerências e incoerências. Não compactuou com posições contraditórias dos dois lados. Não se sabe hoje qual a pior crise que vivemos, se a política, econômica ou a moral.
ROTA DA MORTE
Tanta gente morrendo como bichos sufocados em porões de navios e em caminhões frigoríficos, tentando furar o cerco das fronteiras na rota da morte! Tanta desesperança, tantos sofrimentos nas guerras e nos massacres fanáticos em nome de etnias, tribos e religiões, enquanto as nações ricas e os organismos internacionais só dão depoimentos de pesar lamento!
Estou falando dos imigrantes da África, da Síria, do Iraque, da Ásia e de outros continentes que estão morrendo nas fronteiras cercadas de muros e arames, enquanto entidades ambientais estão preocupadas em salvar as baleias e as tartarugas. Bilhões são gastos em armamentos e foguetes ao espaço para descobrir outros planetas, enquanto o próprio ser humano está em via acelerada de extinção. Como salvar os animais, se não salvamos a nós mesmos? Oh, quanta desumanidade!
PARQUÍMETROS SEM FISCAIS
Muito bom mesmo delimitar as áreas de estacionamentos de veículos com parquímetros para que todos usem os equipamentos dentro das normas estabelecidas. Acontece que, com a precária fiscalização, muitos nem estão mais aí com horários de permanência, quanto mais em pagar. Isso está ocorrendo com os parquímetros que ficam aos arredores do centro, como na rua Otávio Santos, praça do Fórum, praça da feira (Teatro Jeová de Carvalho) e imediações. Como quase não se vê fiscais nessas áreas, motoristas nem estão aí para os solitários parquímetros que servem mais como decoração das ruas. Em outro mundo mais civilizado culturalmente, todos respeitam, mas aqui entre nós, infelizmente, as leis e as regras só funcionam na base do policiamento e da fiscalização.
“FORMAÇÃO DO IMPÉRIO AMERICANO” (II)
Após comprar da França a Lousiania, em 1819, os UA forçaram a Espanha a ceder-lhe a Florida depois de ocupá-la militarmente. O 17º presidente Andrew Jackson (1829/37) anexou o território sem solicitar aprovação do Congresso, como fez McKinley em 1900 ao enviar cinco mil soldados para reprimir uma rebelião na China. Assim, foram sempre fabricando pretextos através do movimento conhecido como “Manifest Desting”.
Durante o século XX, desde 1900, os Estados Unidos promoveram ou se envolveram em mais de 200 intervenções militares, sempre com objetivos de defender interesses econômicos e estratégicos e não de construir uma democracia, conforme concluíram cientistas políticos.
Nos últimos 50 anos, fracassaram quase todas as guerras, com exceção de Granada e Panamá, por se tratarem de territórios pequenos sem forças para reagir e resistir. Só para citar, perderam contra Cuba na invasão da Baia dos Porcos, em 1961, quando a CIA mandou pra lá mercenários e exilados cubanos. O bloqueio econômico não conseguiu derrubar Fidel Castro. No Vietnã, em 1975, os soldados tiveram de fugir às carreiras.
Voltando à analise anterior reportada pelo escritor baiano Luiz Alberto Muniz Bandeira, em “Formação do Império Americano”, a usurpação do México, em 1849, levou os norte-americanos a criarem olho grande sobre a nossa Amazônia. O diplomata brasileiro Sérgio Teixeira de Macedo advertiu que a abertura da Amazonas à navegação pretendida pelos EUA iria escancarar a porta à formação de empreendimentos e à imigração deles. Estava em seus planos a conquista da ilha de Marajó e outras áreas.
“FORMAÇÃO DO IMPÉRIO AMERICANO”
Por mais que intelectuais e estudiosos torçam a cara considerando o termo ultrapassado, os Estados Unidos, pelo que já fez desde o século XIX até os tempos atuais para estender seu domínio político e econômico sobre outros povos, continuam sendo um país imperialista e arrogante, tudo com o fim de impor sua doutrina de democracia exemplar única que deve ser seguida como padrão por todos.
Seus governantes e seguidores do conservadorismo não têm moral para cobrar democracia, liberdade e humanismo. O livro “Formação do Império Americano – da guerra contra a Espanha à guerra no Iraque”, do baiano Luiz Alberto Moniz Bandeira, que já foi indicado ao Prêmio Nobel de Literatura, no ano passado, com a obra “O Feudo”, deve ser lido e compreendido como os Estados Unidos saíram pelo planeta subjugando nações, cometendo atrocidades, massacres e crimes de guerra.
Mesmo assim, os responsáveis nunca sentaram como réus num Tribunal Internacional para serem julgados pelos seus atos de tortura, matanças e terrorismo de Estado, inclusive contra milhares de civis inocentes. O trabalho aprofundado de Moniz Bandeira que está adoentado e mora na Alemanha, foi traduzido para o chinês e começa citando o filósofo Friedrich Engels.
Ao descrever suas origens, em comparação com a Rússia, de caráter comunista primitivo, Engels assinalou que os Estados Unidos foram, desde sua formação, “um país moderno, burguês, fundado por pequenos burgueses e camponeses, que haviam fugido do feudalismo europeu, para criar uma sociedade puramente burguesa”.
A guerra pela independência das treze colônias desdobrou na América a Revolução Inglesa de 1648, conforme relata o autor do livro. Para os Estados Unidos foram os elementos mais radicais do exército de Oliver Cromwell, os puritanos, quacres da Inglaterra, menonitas da Alemanha, calvinistas holandeses e protestantes refugiados de quase todos os países da Europa onde ocorriam as lutas religiosas que acabaram com o feudalismo.
OH, QUANTA DESFAÇATEZ!
O radicalismo e a insensatez imperam nas manifestações. Escravos falam pela voz dos patrões. O ato pró-Dilma do PT, da CUT, do MST e da UNE, (que saudades daquela União Nacional dos Estudantes!), grita fora Cunha e critica o Judiciário. Cala-se diante do Renan e do Fernando Collor. Oh, quanta desfaçatez!
Em Salvador, o ex-presidente da Petrobrás, José Sérgio Gabrielli condena as ações investigativas da Operação Lava Jato, mas silencia quando é interpelado por um repórter sobre denúncia do Ministério Público contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, tratado como inimigo número um da presidente.
Ladrões e corruptos são poupados, desde que estejam ao lado do governo tramando um acordão. Na outra manifestação do dia 15 (domingo passado), o Cunha era o aliado e Renan o inimigo. Pouco se falou da atuação do juiz Sérgio Moro. Prevalecem as contradições e o ódio cego de uma nação que esqueceu os princípios básicos de combater a qualquer custo a desonestidade.
Sindicalistas dizem que os protestos contra Dilma são feitos pela “elite branca”, pelos bonitinhos e os “bem nutridos”. Lá estavam o ex-deputado federal e ex-presidente da Agência Nacional do Petróleo, Haroldo Lima e a deputado federal, Alice Portugal. Quer dizer que eles são desnutridos e não fazem parte de ume elite?
É bom lembrar que os empresários e os banqueiros do sistema financeiro que mais lucraram nos últimos anos e ainda são os que mais ganham dinheiro neste país em recessão e desemprego, principalmente os bancos, passam batidos nos protestos porque servem aos dois lados.
Estes segmentos não prezam a democracia, mas os seus bolsos. Foram eles que mais deram sustentação à ditadura militar. Para eles, não importa o sistema ou o regime, desde que continuem explorando e aumentando cada vez mais o faturamento de seus negócios. O capitalismo desenfreado é o deus e está acima de qualquer ideologia.
Já os intelectuais e artistas artífices da nossa cultura se recolheram aos seus aposentos com seus pijamas. De longe dá para se escutar o silêncio dos bons. A Igreja Católica não se manifesta, enquanto pastores evangélicos e a bancada da bala fazem coro ao conservadorismo de um Congresso desmoralizado que não representa mais o povo.
MÁXIMAS E MÍNIMAS DO BARÃO DE ITARARÉ
Coletânea organizada por Afonso Félix de Sousa, com apresentação do escritor baiano Jorge Amado (4ª edição – Editora Record), “Máximas e Mínimas do Barão de Itararé”, é uma leitura que descontrai, principalmente nesses tempos tão sisudos em que atravessamos, recheados de notícias pesadas de corrupção e golpes. É bom entrar no túnel do tempo.
Em uma dessas espiadas no meu Acervo Cultural, lá encontrei esta pérola sobre o Barão de Itararé, ou Apparício Torelly, “o gaúcho que desaguou na cidade do Rio de Janeiro na maré cheia da Revolução de 30” – como bem relata seu amigo de toda vida, Jorge Amado. O moço boêmio abandonou o curso de medicina para exercer o jornalismo, com pseudônimo de Apporelly, fazendo, com seu estilo humorístico, o país rir.
Como diretor, redigiu sozinho o semanário “A Manha”. Na década de 40, como disse Jorge Amado, não houve no Brasil escritor mais lido e admirado do que o humorista cujo riso, ao mesmo tempo bonachão e ferino, fazia crítica aguda e mordaz da sociedade brasileira e lutava pelas causas populares. Era uma espécie de Dom Quixote nacional, malandro e gozador contra as mazelas e os malfeitos.
A batalha de Itararé, tão falada nos jornais, como escreveu o poeta Murilo Mendes, nunca houve, mas dela emergiu a figura do Barão de Itararé. Dele, conforme ressalta o escritor baiano, nasceram os atuais humoristas brasileiros, os que desenham, os que escrevem e desenham. “Dele nasceram Stanislaw Ponte Preta e o Analista de Bagé” Após sua morte, em 1971, os generais da ditadura se encarregaram de silenciar a figura do Barão de Itararé.
Do livro extrai este paralelo sobre seu pensamento: Espírito positivo, como pensador, o Barão de Itararé revela-se superior a Augusto Comte, o chefe do positivismo.
Senão vejamos algumas tiradas do filósofo de Montpelier e os conceitos de Itararé sobre o mesmo tema: “Os vivos são sempre e cada vez mais governados pelos mortos” – dizia Comte. Itararé não se conforma e responde: “Os vivos são sempre e cada vez mais governados pelos mais vivos”.
“Viver para Outrem”, aconselha o fundador da Religião da Humanidade. “Viver para o trem” – é o que recomenda Itararé, numa mensagem dirigida aos ferroviários. O Marquês de Maricá afirmava que “mais vale um pássaro na mão que dois voando”. Itararé já pensa que “mais valem dois galos no terreiro que um na testa”.
O Barão, entre outras peripécias, descobriu que o limão não é limão, mas uma laranja que sofre do estômago. São seus prolongados sofrimentos que o deixam amarelo. O limão é, portanto, uma laranja com azia.
Outras tiradas dele: Cada Jânio com sua mania. De onde menos se espera, daí é que não sai nada. Quanto mais conheço os homens, mais gosto das mulheres. Deus dá peneira a quem não tem farinha. Deus dá pente a quem não tem cabelo. Os homens nascem iguais, mas no dia seguinte já são diferentes. Quem empresta, adeus. Dize-me com quem andas e eu te direi se vou contigo.
São muitas sobre pobres, conselho médico, os raios X, a profecia da feiticeira e tantas para relaxar. Essa é do “Milagre Não Vale”! Levi morre. Levi chega ao céu e se apresenta diante de São Pedro.
-Eu quero entrar! – exclama.
-Impossível, Levi. Tua folha corrida acusa um vício feio: “jogador”.
-É certo, Pedro. Mas tu és misericordioso. Vamos jogar o meu lugar na Glória, na carta maior. Se eu ganhar, entro. Se perder, vou para o inferno.
– Está bem, disse Pedro, rindo.
Um anjo leva-lhes um baralho de matéria plástica. Um baralha, o outro corta. Pedro vai agarrar as cartas, mas Levi o detém, advertindo-o:
– Pode dar… mas milagre não vale, hein, velhinho!
O ESTICA-ESTICA
Uma pede a saída de Dilma, Lula e o presidente do Senado Renan Calheiros, mas apoia o presidente da Câmara, Eduardo Cunha. A outra grita fora Cunha e fica Dilma e Lula. O Renan e o Fernando Collor são poupados. É o estica-estica das manifestações com pouco pensar e reflexão.
Uma não pensa no vácuo de poder com o afastamento da presidente e até pede intervenção militar, seguindo os passos de Bolsonaro e outros oportunistas. A outra coloca o boneco de Cunha como presidiário, mas esquece os denunciados e condenados do PT que estão envolvidos nas corrupções do Mensalão e da Operação Lava Jato.
Os dois lados combatem a roubalheira, eximindo ou perdoando, no entanto, aquele que faz parte do seu grupo. Em cada movimento, um porta-voz do governo solta uma nota de que os protestos fazem parte do processo democrático. Disso todos estão carecas de saber. Acontece que não basta só isso. Algo sério e concreto tem que ser feito pelos três poderes.
Como cego em tiroteio, Dilma se agarra aos conselhos do feiticeiro, que já perdeu seu poder de cura, e sai por aí inaugurando casas e falando coisas sem fazer um mea culpa de seus erros. A turma do deixa disso, como “reservas morais”, parte para um acordão e o povo inculto fica a latir como cão vira lata. Ocorre que os dois lados têm telhado de vidro.
O país não pode ser tratado como se fosse um cabo de guerra, ou um puxa-puxa de brincadeira de menino, com torcidas alopradas entre azuis e vermelhos que acobertam seus ladrões e corruptos dependendo das conveniências particulares de cada um, sem se preocupar com a coletividade. Desmoralizado, o Congresso segue defendendo seu quinhão.
Ainda nesta semana, os maiorais patronais do ramo empresarial nacional se reuniram numa cúpula e apresentaram medidas para tirar o Brasil desse atoleiro, só que não se viu uma linha em defesa da democracia e repulsa a qualquer tipo de retrocesso político. Não entendi o que a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) estava fazendo ali entre os patrões.
O cenário é perturbador e lembra muitos fatos passados que terminaram em desagradáveis episódios para a nação. Os personagens parecem ser os mesmos como se estivessem saindo do túnel do tempo, e não se pode dizer que a situação é bem diferente. O país sangra e o governo fica atordoado sendo jogado de um lado para o outro.
HOMENAGEM DA CÂMARA
No dia de ontem, a Câmara Municipal de Vitória da Conquista, em moção de aplausos de autoria do vereador Andreson Ribeiro, homenageou o jornalista e escritor Jeremias Macário de Oliveira pela publicação do livro “Uma Conquista Cassada – Cerco e Fuzil na Cidade do Frio” que descreve como aconteceu a ditadura na cidade, culminando, em 1964, com a prisão e cassação do prefeito da época, Pedral Sampaio.
A obra, lançada no meado do ano passado e que pode ser encontrada nas livrarias Nobel e principais bancas de revistas, demandou cinco anos de estudos e pesquisas quando mais de trinta pessoas foram entrevistadas. Embora o autor tenha focalizado Vitória da Conquista, o livro faz uma ampla abordagem sobre a ditadura na Bahia e no Brasil, destacando os principais fatos históricos, desde o início do golpe no início dos anos 60 até a redemocratização do país no final dos anos 80.
No agradecimento ao vereador e ao legislativo municipal, o escritor falou, rapidamente, sobre a importância do livro para todas as gerações, especialmente os jovens que não viveram aqueles tortuosos anos da ditadura militar. Ao deputado estadual Jean Fabrício, o jornalista também agradeceu o apoio pela sua intermediação junto à Assembleia Legislativa que possibilitou a impressão da obra através da sua editora.
OS HORRORES DAS MURALHAS NUMA VIAGEM PARA O INFERNO
Desde o homo sapiens, cercas de paus e muralhas de pedras começaram a se erguer em diferentes territórios para separar povos e tribos rivais. Serviam como fortificações contra invasores em tempos de guerra, como a Grande Muralha da China ainda nos tempos das dinastias contra os mongóis. Tinham ainda a função de proteger suas economias e produções para que outros não tivessem acesso às suas riquezas, e até mesmo por questões culturais de origens entre raças.
Os horrores das matanças e das misérias entre poderosos contra os mais fracos tiveram início com essa delimitação de fronteiras. Umas feitas para segregar e outras como masmorras para aprisionar e torturar até a morte. Não, necessariamente, são construídas de tijolos e concreto armado. Estão também expostas nas barreiras armadas pelos homens com ordem de atirar em quem se atrever furar o cerco.
Pontos naturais como grandes montanhas, densas florestas, rios, geleiras e mares são também utilizados como linhas divisórias para impedir a passagem de humanos de um lado para o outro. Mesmo assim, o Atlântico e o Pacífico nunca foram impedimentos para travessias dos navegadores. Cita a Bíblia que o Mar Vermelho era obstáculo maior para o povo de Moisés que fugia da escravidão do Faraó em direção a outra margem, para entrar na terra prometida.
Acontece que nesse jogo dos horrores, os mais fortes como os antigos romanos e depois os norte-americanos nunca respeitaram os limites e sempre atravessaram o outro lado para dominar, colonizar e explorar os mais pobres. Quem nunca ouviu as narrações históricas sobre as muralhas de Jerusalém dos tempos dos reis David e Salomão e das guerras fraticidas entre as tribos? E sobre os muros que cercavam a cidade de Troia e foram derrubados pelos gregos?
E A MORALIZAÇÃO DO CONGRESSO?
VEM AÍ O ACORDÃO! OLHO NELE!
É desmoralizante ouvir de um líder do tal Movimento Brasil Livre, de Salvador, que o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, é um bom parlamentar e que a Casa agora é independente. Que independência é essa vinda de um elemento que só rachou com o executivo porque foi citado como corrupto na Operação Lava Jato?
Para explicar seu apoio ao presidente da Câmara, disse que se trata de uma estratégia. Que estratégia é esta à custa da coerência, fazendo o mesmo jogo do PT que se aliou ao que existe de pior na política brasileira? É por essas e outras que não consigo acreditar nesse Movimento Brasil Livre. Nesse pirão tem osso!
Nas manifestações ainda ecoam vozes desafinadas e desajustadas, dentre as sensatas que apoiam as investigações do Ministério Público e do juiz Sérgio Moro; pedem o fim da corrupção e cadeia para os culpados; clamam por mais educação, saúde e segurança; e querem o controle da inflação, crescimento econômico e menos desemprego.
Não vi nada com relação aos desmandos e às mordomias do Congresso (Senado e Câmara) que há anos legisla de costas para o povo e mantém um sistema eleitoral caduco que só serve para manter eles no poder. Não entendi essa de fora Renan Calheiros e dentro o Eduardo Cunha. São sabe quem é o pior dos dois.
Até ontem o Renan fazia parceria com o Cunha para botar “pautas bombas” nas duas Casas. Não vi nada referente à moralização desse Congresso cujos membros ajustam seus salários por conta própria e recebem polpudas verbas de gabinete. Agora é só o Renan, Dilma e Lula fora, e os outros, como Fernando Collor, Sarney, Cunha e companhia da mesma laia, ficam.
Se não é uma contradição, as manifestações estão fora de foco ou carentes de pessoas que afinem suas vozes neste concerto. Dizem que são apartidárias, mas não é isso o que se vê, com exceções. Mesmo sem uma devida organização, as de junho de 2013 deram a cara de apartidárias e espontâneas.
Diante da crise moral e política, não se pode ficar ao lado de instituições e gente que só fizeram, ao longo dos anos, enterrar o país, só por questão de estratégia. A história mostra que sempre que se agiu assim, o tiro saiu pela culatra e as coisas pioraram. Cuidado com o acordão entre eles que está pintando aí, dando xeque-mate no povo!