De Quem É a Culpa?

O eletrônico sertanejo, ou melhor, som romântico de letras melosas, arrochas e pagodes de vertentes diversas invadiram o forró do São João destruindo o que ainda restava da nossa cultura nordestina. Quem são os maiores culpados por essa enxurrada de porcarias de ritmos. O poder público contrata essas bandas do barulho por preços superfaturados alegando que é desse lixo que o povo gosta. Do outro lado, a mídia, que não é de questionar, se cala e propaga aos quatro cantos que tudo é uma maravilha e que a festa foi um show de forró. Todos dançam conforme a música e assim vai se garroteando a tradição popular. Quem grita mais, rebola e mostra a bunda leva nosso suado dinheirinho!

Ainda bem que em Vitória da Conquista, no sudoeste da Bahia, temos o forró pé-de-serra e as bandas regionais têm seu espaço. Neste ano, Humberto Teixeira, o parceiro de Luiz Gonzaga, foi o homenageado, numa resposta de que a cultura popular ainda tem seu altar. No entanto, numa cidade com mais de 300 mil habitantes, a festa do São João não pode ser mais concentrada no único espaço do Centro Cultural Glauber Rocha onde a grande maioria das pessoas tem que ficar o tempo todo em pé para assistir aos shows. Está na hora de realizar os festejos também nos principais bairros, com a devida estrutura de segurança, palcos e bandas.

Na Ponga do Papa

Você pode tentar enganar a si mesmo, mas não a natureza com esse papo de sustentabilidade e reciclagem de plásticos, vidros, ferro, papel e outros materiais. Por mais tempo que se demore, o reciclado um dia volta ao meio ambiente. Tudo não passa de paliativo. Em sua nova encíclica verde “Laudato Si” (louvado sejas), o Papa Francisco pede que o mundo reduza o consumo, o que significa desconstruir. É uma pregação no deserto porque, sob o domínio do capitalismo consumista, ninguém quer saber disso. Todos são a favor da preservação do meio ambiente, mas a maioria joga lixo no chão, nos rios e mares. Como disse o Papa, o problema climático é moral e ético.

Vistoria de Mentira

Paguei 100 reais, ou melhor, dei de mão beijada esta importância a uma empresa credenciada pelo Detran para fazer a vistoria obrigatória no meu carro. Fui descaradamente roubado e fiquei estupefato com o que vi. O moço mandou estacionar o carro e, em menos de cinco minutos, com uma maquininha, fotografou os números do motor e do chassi e liberou o veículo. Isso é que é um assalto de verdade! Prepostos do governo ainda dizem que a vistoria visa dar mais segurança no trânsito. Lembra do kit socorro que exigiram e depois voltaram atrás? Agora é o extintor ABC!  Ai tem conluio e treita das grandes!

Sem Ser Mal Educado

O apresentador Jô Soares poderia ter feito uma grande entrevista na oportunidade que teve com a presidente Dilma, mas preferiu ficar no papo camarada e não perguntou o que o povo queria saber. Você pode questionar; ser incisivo, objetivo e direto como manda o bom jornalismo, sem ser mal educado. A função do entrevistador é não deixar que o entrevistado seja evasivo nas respostas e termine transformando o espaço numa propaganda política. Isso não é jornalismo. É até desculpável porque Jô não tem formação jornalística. Está mais para humorista, apresentador, escritor e teatrólogo. Desperdiçou o tempo que teve com a presidente.

Deixa muito a desejar

Já que estamos falando de jornalismo, a nossa mídia regional deixa muito a desejar. Muitas matérias são repetitivas, especialmente sobre o comércio local, e deixam buracos e interrogações, sem falar nas barrigadas. Outras são calhaos, sem importância e atrativo para o ouvinte, o leitor e o telespectador. Quando se fala em movimento de vendas no comércio, a impressão que se tem é que Conquista é um oásis nesse deserto de crise econômica no Brasil. Aqui parece ser um eldorado onde tudo se vende mais, sempre com aumento superior a 50% em comparação com os períodos anteriores. A informação jornalística não pode ser confundida com comercial, senão torna-se falsa. Nosso jornalismo ainda comete este grande pecado capital.

Defeito de Fábrica

Lembra dos personagens Macunaíma, de Mário de Andrade e do índio Capiroba, do escritor baiano João Ubaldo? Pois é, o defeito do brasileiro é de fábrica. Foi constatado que os cartórios judiciais têm 51% de seus servidores em desvio de funções. Em Salvador, verificou-se que apenas 379 dos 1.131 trabalham nas 99 varas civis. À disposição de outros setores existem 554 servidores.  A Secretaria Estadual de Administração descobriu que existem 85 servidores aposentados por invalidez trabalhando em prefeituras baianas e até no setor privado. Entre eles estão médicos, professores e policiais. A irregularidade causa prejuízos de 34 milhões de reais por ano aos cofres públicos.

“Destruir e-mail sondas US RR”, significa, na interpretação do advogado do presidente da Odebrecht, Marcelo Bahia, preso pela Operação Lava Jato, rebater provas – estratégia processual. É muito cinismo! Não é mesmo coisa de defeito de fábrica?

Os Outros São os Culpados

Para o senador Cristovam Buarque, tudo que é bom foi feito por Lula. O errado foi culpa dos outros. Mas, numa coisa o ex-presidente está certo quando recentemente desabafou declarando que o PT perdeu a utopia; está velho; viciado em poder; e só pensa em cargo, emprego e vencer eleição. Disse ainda que ele, o PT e Dilma são volume morto, só que não reconhece seus próprios erros. Por que Lula não falou tudo isso no Congresso do Partido, em Salvador?

Do outro lado, o Congresso Nacional defende seus interesses paroquiais e aumenta o salário de seus parlamentares em 26,3%. O Fundo Partidário passa de 290 milhões para 870 milhões. O PMDB do conservador de extrema direita Eduardo Cunha tudo faz para enfraquecer o governo e galgar o poder. Durma com um barulho desse! Como dizia o grande escritor Machado de Assis, “é bom não aplaudir por culto, nem censurar por ódio”.