:: 16/jun/2015 . 23:40
QUANTA JUDIAÇÃO!
Parodiando Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira no clássico de “Asa Branca”, oh quanta judiação ver o forró das festas juninas de São João misturadas com músicas de bandas de péssimo gosto tocando ritmos de axé, lambada, arrocha, pagode e sertanejo, sem falar na desconstrução e na descaracterização das vestimentas, das danças, dos rituais herdados dos antepassados, das comidas e das bebidas!
“Quando olhei a terra ardendo qual fogueira de São João, eu perguntei a Deus do Céu porque tamanha judiação, e até mesmo a Asa Branca bateu asas do sertão. Por falta d´água perdi meu gado e meu alazão. Numa triste solidão, espero a chuva cair de novo para voltar pra meu sertão.”
Claro que eles estão falando da seca terrível que castiga o Nordeste, mas me refiro a outra seca que é o desaparecimento gradual da cultura tradicional da festa trazida pelos colonizadores ibéricos e nascida do solstício dos países do norte que festejavam a chegada do verão e celebravam a fartura e a fertilização. Considerado como festejo pagão, a Igreja Católica cuidou de introduzir seus santos no mês do deus Juno da Roma Antiga. Santo Antônio, o casamenteiro, São João na alegria da fogueira e São Pedro das viúvas e viúvos.
Bem, o que nos interessa mesmo é a transformação mercadológica que a festa popular vem sofrendo ao longo dos anos através de oportunistas de plantão que não têm nenhum compromisso com a preservação da cultura que, inicialmente, começou no meio rural e depois invadiu as cidades a partir dos seus bairros. O homem do campo quando foi para as grandes cidades, fugindo das penúrias do tempo, levou em sua bagagem, ou no seu alforje, essa tradição milenar que foi se deteriorando.
Nos tempos do Brasil rural as festas eram realizadas nas fazendas, nos sítios e nas chácaras, acompanhadas do licor, do amendoim, dos produtos derivados da mandioca e do milho, dos fogos vindos da China, das quadrilhas trazidas das cortes francesas e, claro, do forró genuíno da sanfona, da zabumba e do triângulo tocados por cantadores da terra, daí o nome de “pé-de-serra”.
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