É o que sempre venho dizendo, os prefeitos e o poder público em geral estão acabando com a tradição do São João, para agradar interesses próprios e de bandas e cantores que sustentam seus sucessos através dos jabás. A argumentação é sempre a mesma: esses conjuntos de lambadas, funks e arrochas atraem mais público e geram mais rendas para as cidades. Isto é propaganda enganosa e traição à nossa cultura de raiz.

SÃO JOÃO E LIVRO 023 - Cópia

Viajei nestes dias juninos para Senhor do Bonfim, Juazeiro e Piritiba, esta última minha terra querida onde sempre estou neste período festivo de São João. Confesso que não é mais a mesma festa de antigamente. Neste ano fiquei decepcionado com o que vi e escutei na noite de 23 para 24 de junho. Conversei com muita gente que teve a mesma opinião. Foi o pior que participei.

Na noite de 23 tinha todos os ritmos, menos o pé de será autêntico anunciado pela Prefeitura Municipal de Piritiba. Tinha bandas de  lambada, tipo sertanejo, arrocha e até funk. Para se ter uma ideia, o cantor Pablo, do arrocha, segundo comentários de moradores e visitantes, foi uma das  maiores atrações do São João, mas não podemos negar que se apresentaram alguns pés de serra, mas, minoria.

SÃO JOÃO E LIVRO 022 - Cópia

É uma pena que esta cultura nordestina, uma mistura européia, dos colonizadores e do nosso povo esteja cada vez mais sendo descaracterizada. A mídia também tem a sua parcela de culpa porque sempre destaca as “grandes atrações” fora do ritmo verdadeiro do São João, sem contar que os talentos da região ficam relegados a segundo plano. “As estrelas” do axé nesta época viram forrozeiros e dizem que amam a festa.