Poeminha de autoria do jornalista Jeremias Macário, do seu livro “Andanças”

Nunca vi,

tanta adversidade,

um monte de falsidade,

cinismo e egoísmo,

falando de socialismo.

 

Nunca vi,

tanto stress e ansiedade,

armação de malandragem,

atrativo de embalagem,

de conteúdo sujo e vazio,

e tanta gente viciado no cio.

 

Nunca vi,

tanta procura pela  cura,

doutrina holística e divina,

tanta maldade assassina.

 

Nunca vi,

tanta gente desatina,

furando o limite da fronteira,

como na correria cigana,

atrás do sonho de uma mina,

numa roleta cumprindo sina.

 

Nunca vi,

tanta gente robotizada,

em aparências falsificadas,

de faces plastificadas,

ocas e despreparadas.

 

Nunca vi,

tanto pacote tecnológico,

com a perda do lógico,

grudado ao emocional,

pra moldar o corporal.

 

Nunca vi,

tanta gente

se endividar tanto,

e depois limpar o nome,

voltar às compras contente,

no entra e sai do consome,

e de novo ficar inadimplente.

 

Nunca vi,

tanta gente acelerada,

nas ruas agitadas,

como estouro das boiadas,

vivendo em espaço apertado,

sem conhecer o outro do lado.

 

Nunca vi,

a natureza tão poluída,

a terra tão arrasada,

gente vivendo excluída

dos direitos normais

dos tratados universais.

 

Nunca vi,

tanta gente angustiada,

o homem aceitando calado

a corrida desenfreada

pela ganância material,

na UTI espiritual.

 

Nunca vi,

tanta indiferença nessa gente,

que não é mais temente,

nem sente o pulsar da veia,

o visual galopante do poente,

que nem ver passar a lua cheia.

 

Nunca vi,

tanta gente que mente,

prometendo o que não faz,

com promessa de obra falsa,

que só tem pintura de cal,

como poço d´água de sal.

 

Nunca vi,

o ser ficar tão sozinho,

no silêncio do seu ninho,

procurando o ponto calmo,

no livro do sábio salmo,

pra encontrar seu caminho.

 

Uns não acreditam em nada,

outros engolem tudo de vez;

acreditam até em conto de fada;

igualam religião, seita e magia;

confundem fé com filosofia,

candomblé e ciência com feitiçaria.